Max estava em um corredor escuro. Havia três portas. Uma a sua esquerda, outra à sua direita e uma a sua frente. As que estavam ao seu lado, estavam trancadas. Ele não se lembrava de como havia chegado ali nem quando tinha deixado sua casa. Sua cabeça estava confusa. Não conseguia pensar direito e nem em algo para conseguir sair daquele lugar estranho.
O corredor era estreito, mas longo. Não tinha certeza de qual era a cor das paredes por conta da falta de claridade, mas observou os quadros na parede. Eram diplomas do ensino médio, faculdade, presidente da turma. Algumas eram fotos enquadradas. Por mais que forçasse seus olhos, Maxuel não conseguia ver o rosto das pessoas de jeito nenhum. Numa pintura conseguiu identificar duas garotas, dois garotos e um casal de adultos. Eles estavam em um campo. Todos pareciam estar se divertindo, quero dizer, quase todos.
Uma das garotas estava com uma mulher colhendo flores do canteiro e um homem atrás das duas numa pose protetora segurando um cesto de rosas. Os dois garotos estavam jogando bola ali perto, enquanto a outra menina estava longe sentada na grama com o corpo apoiado a uma imensa árvore. A menina emanava uma energia negativa, claramente representada pelo pardal morto em suas mãos.
Uma onda de nostalgia e pena invadiu Max, mas algo em sua cabeça lhe disse para somente continuar seguindo. Respirou fundo e sentiu seus pés se movendo involuntariamente em direção à porta a sua frente. A cada passo, a porta abria mais uma frecha.
Com as mãos soando, empurrou a porta e viu um clarão.
Seus olhos doeram com tamanha claridade. Em vão, suas mãos pressionaram seus olhos para que a dor passasse. Aos poucos, sua visão voltou. Seus ouvidos encontraram uma melodia lenta, chorosa e sensual.
Maxuel se encontrava num quarto que pertencia, muito provavelmente, a uma adolescente. As paredes tinham cor de mármore e o teto era preenchido com tábuas de madeira. Na parede mais extensa do quarto, havia uma cama de casal completamente bagunçada. Na parede contrária, tinha uma penteadeira com uma cadeira de rodinhas na frente. A penteadeira tinha poucos produtos de maquiagem e uma coisa ou outra de cabelo. Ao lado da penteadeira, tinha uma guitarra preta lotada de desenhos feitos por caneta permanente branca. A característica de rabiscos em caneta permanente branca lembrava-o de alguém que Maxuel não conseguia se recordar. Quando Max se esticou para tocá-la, a porta atrás dele se fechou com um baque. Assustado, tentou urgentemente abrir a porta, mas alguém a trancou. Ao olhar para frente, se deparou com uma garota de pé na cama de costas. Deduziu que fosse uma por sua estrutura pequena e frágil. Daria no máximo 17 anos para ela.
Suas pernas estavam nuas. Estava somente com um short esportivo curto e um cropped branco de seda.
O quadril da garota começou a se mexer de um lado para o outro no ritmo da música. Seus longos cabelos castanhos acompanhavam o ritmo cercando todo o seu tronco.
"Shhhh" algo sussurrou nos ouvidos de Max.
Ao olhar para a garota tentou perguntar o que estava acontecendo. Por que estava ali, como chegou, quando,... Mas não saia. Nenhum som parecia sair de sua boca. Maxuel percebeu que em uma das mãos, a garota segurava uma garrafa de bourbon e observou quando a garota, lentamente, levou a garrafa à boca dando uma bela golada.
Max se sentiu envergonhado por presenciar algo tão íntimo dela. A garota dançava, rebolava os quadris até o chão, passava a mão por todas as partes de seu corpo, balançava o cabelo de forma provocativa e não parecia nem um pouco vulgar. Ela abraçava seu corpo. Dançava pra ela mesma. A cada movimento de seu corpo, ela parecia provar pra si própria de que ela era e valia muito além do que diziam a ela, apesar de bêbada.
Quando Max se virou para ir embora, novamente uma voz em sua cabeça surgiu. "Sente-se".
Os pés de Max se moveram em direção à cadeira de rodinhas que estava voltada para a cama e o corpo de Maxuel se sentou sem o consentimento do dono. A mente de Max lutava para sair daquele quarto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Então Fique em Silêncio
RomanceMaxuel Forks é um agente do IPMS (Instituto de Pesquisa e Mistérios Sobrenaturais), encarregado de cuidar do caso de um estranho diamante que foi o foco principal da explosão do laboratório da NASA quatro anos antes. Esse diamante, segundo pesquisas...