Então Fique em Silêncio

Capítulo 7

- Tenho.

Foi um tapa na cara de Aryane. Isso nunca tinha acontecido antes. Sua persuasão era uma das coisas mais poderosas que tinha na manga. Algo estava muito errado, tinha noventa e nove porcento de certeza de que não era ela. Tinha alguma coisa sobre Maxuel que ela não conseguiu ver, algo que estava longe de seu alcance.

- Podemos, por favor, não falar mais sobre isso?

- Claro _concordou com um gosto amargo na boca, porém ainda estava com um leve sorriso no rosto.

Ela endureceu a face ao olhar a papelada em cima da mesa.

- De onde veio isso?

- Ravena disse que chegou no correio da empresa direcionado a você.

- A mim? _Arqueou a sobrancelha em gesto de surpresa._ Okay.

Aryane deu a volta na mesa e sentou-se na cadeira preta acolchoada.

Ao abrir o arquivo, a primeira coisa que pode ver foi sua foto estampada no canto superior direito da folha.

Nome: Áurea Aryane Ângelo
Data de nascimento: 18 de agosto de 1999.

Droga!

A moça sentiu seu rosto esquentar e seus punhos fecharam em questão de dois tempos. Fechou a pasta ao sentir a aproximação de Maxuel.

- Está tudo bem?

- Não. _Respirou fundo para manter a compostura.

- Isso é sobre eu não ter te contado o que aconteceu? Porque se for isso...

- Não é você, eu só preciso fazer uma ligação. Com licença.

Aryane fechou a pasta com força e agarrou-a saindo do cômodo. A mulher estava se segurando para não demonstrar mais que uma coloração avermelhada no rosto.

Não era certo querer saber com tamanha vontade o que tinha naquela pasta sendo que se recusou a contar o que estava havendo com ele momentos antes, porém nem essa noção de certo e errado o impediu de ir atrás da moça.

O que tinha naquele arquivo?

***

- Rora? _Aryane falava baixinho no telefone na sacada do andar_ Preciso de ajuda. Alguém descobriu algo muito importante _deu uma longa pausa_ Não sei quem! Só conheço três pessoas nesse estabelecimento e nenhuma delas seria capaz de descobrir algo assim. _Respirou fundo_ Não posso dizer o que aqui. As paredes podem ter ouvidos.

Maxuel engoliu seco ao escutar a última frase. Era errado escutar escondido. Sabia disso desde pequeno, sua mãe havia lhe ensinado, porém não podia evitar. Algo estava muito errado, sua parceira tem o costume de não demonstrar o que sente, entretanto ela parece bastante irritada com toda a situação desconhecida.

- Aryane _Maxuel entrou na varanda, saindo de trás da porta de vidro.

Max observou a parceira de costas. Seus cabelos presos num rabo de cavalo alto e seus pés enfeitados com aqueles All Star horrorosos. Sua saia lápis curta roxa com uma fenda na linha de trás realçava sua bunda, por mais que Maxuel se recusasse a admitir em voz alta, junto de um blazer branco.

- Te ligo mais tarde. _Antes de se virar, Aryane fechou o arquivo à sua frente e respirou fundo._ Espionando, Forks?

- Não me orgulho. Posso parecer hipócrita ao dizer isso, mas não foi você quem disse que deveríamos ser transparentes um ao outro?