Capítulo 7

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*PRONTA PARA CASAR na íntegra no Wattpad somente até dia 10/01/17*    

Estamos sentados lado a lado no sofá sem falar nada faz um bom tempo.

— Sabe, para ser uma conversa, precisamos conversar — digo.

— Para iniciar meu discurso, precisava que tivesse respondido minha pergunta.

— Você não quer mais que eu more aqui, não é?

Ele passa o braço pelo meu ombro e puxa meu corpo de encontro ao dele.

— Não, não é nada disso.

Começo a me preocupar com o teor da conversa.

— A noite que voltamos da boate não sai da minha cabeça. Não consigo esquecer o que aconteceu — ele continua. — As tuas palavras retumbam noite e dia na minha mente, gata.

— Desculpa, não queria ter feito aquela cena. Era uma noite difícil para mim. Não costumo ser fraca daquele jeito.

— Fraca? Por que acha que foi fraca naquela noite?

— Deus, Beto! Não me faça descrever todo o choro, o desespero, as palavras descontroladas que saíam da minha boca e todo meu sofrimento.

— Achei você uma das mulheres mais fortes do mundo naquela noite, gata. Chorar, desabafar e pedir ajuda, não são sinais de fraqueza, são sinais que tem sentimentos, que se importa.

— Até parece. Fiz uma cena dramática digna de Oscar!

— Gata, entendi, em partes, tudo o que estava buscando quando me contou sobre tua família, sobre teu noivo, casamento e sobre teus sonhos sufocados pela tua mãe. Entendi e concordei até com a parte de quão ruim é ter uma vida perfeita!

Dou um tapa brincalhão no seu abdômen.

— Você pode morar com minha mãe se quiser e ter uma vida perfeita. Perfeita para ela, é claro.

Ele ri.

— O que não estou entendendo é o que está fazendo da tua vida agora.

— Vivendo — respondo, assustada.

— Vivendo a vida que você escolheu ou a que o Agulha está escolhendo para você? — Agora entendi onde ele quer chegar. — Sei que fui eu que dei a ideia de você participar do show, mas não era para se afundar naquele clube todos os dias e todas as noites da tua vida. Não vejo mais a gata que queria aprender a surfar, a assobiar, a jogar futebol, a falar palavrões, a fazer engenharia química e comandar a própria vida. Não vejo mais a empolgação, a busca pelo novo, pelo diferente, pelo prazer. Nunca mais vi o sorriso enorme que você deu quando comprou a porra daqueles chinelos de dedo, ou quando acertou um chute na bola pela primeira vez. Tenho uma foto do teu rosto do momento exato que a caneca de cerveja chegou naquele dia que saímos para dançar. Puta que pariu! Olho pra ela quase todos os dias.

— Você tem uma foto minha? Era isso que estava mexendo enquanto eu comia?

— Gata, a tua empolgação foi contagiante. Parecia uma morta que voltou a vida.

— Que comparação!

— Está se afundando de novo no sonho de outra pessoa. Tá parecendo uma morta que deixa os outros te levarem para um lado e outro. Parou pra pensar sobre os teus sonhos mais alguma vez depois que começou a dançar na boate? Você tem ideia de quanto custa uma faculdade de engenharia? Como vai pagar as mensalidades trabalhando em um clube onde deixa o Agulha te explorar?

— Ainda não pensei nisso. Faz pouco tempo que estou aqui, a participação nos shows foi o único trabalho que apareceu.

— Sei que faz pouco tempo, gata, mas você já está acostumando com a rotina e pensando em deixar teus sonhos pra lá. Cida e eu concordamos em te dar um tempo, mas o pedido pra comprar um sofá novo foi a gota d'água.

Pronta para Casar - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora