XIV - Cigarra

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 - Jin oppa? - respondi tentando dizer com o olhar para a Ye que tinha dado merda. - Que surpresa você me ligando...

 Eu e Ye sentamos no primeiro banco que encontramos, em frente a uma lojinha de lembranças.

 - Eu também estou surpreso por ter que te ligar. Você sabe muito bem o que quero falar com você e vai escutar cada uma de minhas palavras.

 - Sim...

 Ye tirou um fone da bolsa, conectando no meu celular e ficando com um dos fones. Fiz uma expressão indignada. Ele quer falar comigo, não com a amiga curiosa. Jin deu um longo suspiro no outro lado da linha.

 - Mana, há alguns meses eu percebi que era apaixonado por Namjoon. - disse relutante. - Então, resolvi me confessar. Eu via ele passando noites com as mais diversas garotas, uma mais bonita que a outra. Eu sabia que ele nunca me aceitaria. Mas em vez de ficar remoendo meus sentimentos, eu resolvi abrir o jogo. Está aí, Mana?

 - S-sim! Sim. Pode falar.

 - Ah, Jimin te mandou um 'oi'. Voltando. Eu me confessei para Namjoon. Ele deu aquele lindo sorriso tímido e me abraçou. Agradeceu meu sentimento e pediu desculpas por não poder correspondê-lo. Quieto, Jimin! Mana, estou lhe contando isso para você ver o quanto Namjoon é especial. Ele sabe como tratar as pessoas, mas não tem ideia de como lidar com si mesmo. Por isso que ele bebe. Fala mil coisas que não deveria...

 - E-eu não quis ser grossa com Namjoon...

 - Eu sei. Você não precisa se explicar. Bom, na verdade precisa, sim. Mas não para mim. Essa ligação, Mana, é pela felicidade de Kim Namjoon. Se ele estiver bem, com a pessoa certa, eu estarei bem. E eu quero que ele seja feliz com você. 

 - Comigo? - perguntei quase em um sussurro.

 - Sim. Você. 

 - Seokjin... eu só queria que Namjoon dissesse logo para mim, diretamente, o que ele quer. Eu estou confusa, perdida... sonhando mil coisas, mas sem ter certeza de nada...

 - Era uma vez uma cigarra.

 Namjoon? Impossível. Era a voz de Namjoon, sim. Grave e rouca. Falava baixo como se pudesse perder as palavras se abrisse muito a boca.

 - Essa cigarra não se importava com a vida. Ela queria bebidas, risos, fãs e cheiro de mulher em sua camisa. Ela não valia nada. As mulheres que ela encontrava eram também cigarras, que só queriam esquecer do mundo. A cigarra sabia que estava errada, mas nunca tentou mudar sua maneira de viver. Um belo dia, uma borboleta cruza com a cigarra. Bela, sexy e com uma voz encantadora. Mas não era só isso. A cigarra viu, nos olhos da borboleta, um brilho diferente. Como se tudo fosse novo, como se cada momento fosse especial. Um brilho de encantamento, admiração. A cigarra também viu que a borboleta era forte. Passou por tantas coisas quanto a cigarra, e não se abalaria por qualquer palavra.

 Eu estava paralisada naquele banco frio. Escutava cada palavra com atenção, nada a minha volta importava. Nem Ye apertando minha mão, nem os carros barulhentos, nem as pessoas apressadas, nem o vento frio de fim de primavera. Só RM importava. Kim Namjoon.

 - Mas a cigarra, burra, teimosa, trouxa, pensou que a borboleta se renderia com poucas palavras. Pensou que a borboleta era como as cigarras. Não deu o devido valor. A cigarra não sabia que poderia se envolver tanto com aquelas asas coloridas. Não sabia que poderia se apaixonar de verdade uma outra vez. E não sabia que seria tão difícil ser correspondido.

 Ser correspondido. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Eu sou tão idiota. Não era a primeira vez que eu decepcionei alguém por ser uma trouxa, burra e orgulhosa. Eu machucava quem gostava de mim e, no final, eu que saia machucada.

Let Me Sing | kim namjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora