XXI - Matte

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- Não sabia que você fazia dobraduras!

Namjoon parecia encantado com os poucos animais que reproduzi em guardanapos, e sua expressão era adorável. Estávamos em um café, fora do centro, encontrado após uma hora andando sem rumo. Pode-se dizer que estávamos um tanto perdidos.

- O que você faz além de desenhar flores e fazer dobraduras?

- Eu não desenho apenas flores, okay? - disse, bebericando um café. Era engraçado vê-lo tomando matte gelado ao meu lado. - Eu desenho paisagens. Pessoas. Animais.

- Woah... você poderia trabalhar com isso, Mana.

- Não... acho que não. Mas eu já vendi alguns desenhos faz uns anos. Pra comprar um moletom oficial de um grupo. Cheguei a vender um desenho seu.

Namjoon fez uma cara surpresa e deu um sorriso sem graça.

- Para um moletom do EXO. - soltei baixinho. Ele riu debochado. - Mudando de assunto, fale-me sobre seu tempo na escola. Você era muito estranho?

- Não gosto de lembrar daquela época. Com o Ensino Médio de exceção. Eu virei outro, sabe? Eu fiz mais amigos, pratiquei esportes e conheci o rap. - parou para beber um pouco do matte. - Também descobri como garotas podem ser interesseiras e que beber alivia.

- Você não deveria beber, Joon.

- Não deveria. Mas bebo. - murmurou sem olhar para mim. Bufou alguma palavra qualquer e tomou um pouco mais de matte, tentando se lembrar de algo. - Eu era muito ruim com garotas. Da pior forma entendi que ser inteligente não era atrativo. Lembro que namorei. Na época, espalharam na sala que eu havia feito seleção pra uma empresa musical. Não sei como. E nem me dei conta que atenção que comecei a receber era por isso. Percebi também que eu tinha uma habilidade escondida. Eu era engraçado. E meninas gostam de meninos engraçados, certo?

Apenas tomei mais de meu café.

- Me declarei da maneira mais ridícula possível. Tivemos um namoro ridículo. Ela me perguntava toda hora sobre minha provável carreira musical, devia ser preocupar mais com isso do que comigo. Quando eu fiquei sabendo que teria um último teste em Seul, eu terminei com a menina. Para não me sentir usado ainda mais.

- Complicado.

- Sim. Complicado. - murmurou. - Depois dela eu não tive mais nenhum namoro sério. Nenhum namoro, pra falar a verdade. Algum daqueles sem vergonhas devem ter falado que eu levava garotas para dormir comigo na nossa casa. Sim. Mas eu não gostava delas. E elas não gostavam de mim. Não do Kim Namjoon. Elas queriam o... Rap Monster.

- Nessas horas que penso o quanto deve ser difícil ser um idol. Como se você...

- ...não fosse você mesmo. Sim. Mas é isso apenas no palco. Atrás das câmeras. Eu me esforço para dar o meu melhor e fazer do meu trabalho cada vez mais eu. Mas do que adianta? - ele batia a tampa de plástico na mesa com força. - No fim você é chamado de sexista e machista, por estrangeiros que não tem tradução confiável de suas letras e procuram qualquer coisa inútil pra tentar te derrubar!

Baixei a cabeça com o tom alto dele. Algumas pessoas nos olharam. Ele ficou claramente envergonhado, tapando a boca e encarando a janela. Apesar da situação constrangedora, era difícil levá-lo a sério com os cabelos curtos e esverdeados e bonitas roupas pretas e cinzas.

- Desculpe.

- Para mim, não foi nada. - disse colocando os braços sobre a mesa e me espreguiçando. - Bom, acho que temos que procurar os meninos, não é?

- Ah... está tão bom aqui com você, Mana... vamos enrolar mais um pouco. - pediu, segurando a minha mão.

***

Let Me Sing | kim namjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora