XVII - Consolo

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 Eu me odeio. Não importa para mim o que os outros pensam dessa minha mania de me preocupar demais. Mas incomoda a mim mesma. Eu não sei o que fizeram à Jihoo. Eu sei que já eram três da manhã e eu estava na cama, acordada, usando o conjunto branco que Namjoon me dera e completamente sozinha.

 Cobri, descobri, rolei para a esquerda, cobri de novo. Eu nunca me acostumaria a dormir fora de casa. Eu queria ir pra casa.

 Ouvi a porta destravar, com um baque forte. Abria-se lentamente, como se tentasse não fazer barulho. Namjoon entrou arrastando minha mala e carregando minha mochila. Deixou-as perto da cama e olhou para mim, sorrindo.

 - O que faz acordada?

 - Estou meio inquieta, acho. - respondi. Namjoon sentou ao meu lado, ainda mantendo certa distância. A luz estava baixa, apenas o que a cortina deixava vir de fora. - Não consigo dormir.

 - Desculpe por Jihoo. Eu devia ter pensado duas vezes antes te deixar sobre os cuidados dela.

 - Bom, você não sabia que ela faria algo assim.

 - Na verdade eu sabia.

 Sentei no lugar onde estava e virei-me para o garoto. Apesar do vento gelado, ele soava. Estava com uma roupa diferente, calça moletom e uma camisa. Chegara descalço, com os cabelos molhados. Provavelmente tomara um banho assim que chegou no hotel. Estava cheiroso.

 - N-não que fosse a minha intenção, e-eu não desejo nada desse tipo para você! - respondeu rapidamente. - É que... não é a primeira vez que ela faz isso. Ela costuma a provocar garotas vindas de fora... ciúmes, algo assim.

 Namjoon parecia irritado. Falava um pouco mais rápido que o comum e gesticulava muito.

 - A empresa nunca pôde fazer nada, já que sempre acontecia na nossa casa, bem longe da BigHit. Mas já fazia um tempo que ela estava mais quieta. Porém, os garotos agiam de forma desconfiada. Eu confiei nela. Dei uma outra chance.

 Frustração, traição. Esses e outros sentimentos estavam desenhados no rosto de Namjoon. Apesar de novo, acredito que suas rugas viriam cedo. Ele não merecia isso. Eu não queria deixar.

 Puxei o menino para um abraço. Eu não tinha o que dizer. Queria me desculpar. Se eu não estivesse ali, Jihoo não teria ninguém para tentar prejudicar. Ele era a vítima, não?

 Namjoon deixou sua cabeça cair sobre o meu ombro, respirava de modo acelerado, mas não parecia chorar. Acariciei seus cabelos molhados, apertando-o mais contra mim. Eu queria protegê-lo.

 Eu queria beijá-lo.

 Ele fez com que eu o largasse e ficou de pé ao lado da cama. Tinha o rosto avermelhado. Coçou seus olhos com os pulsos e deu uma risada baixa.

 - Acho que escutar lamúrias de um garoto frustrado não te fará dormir, não é? - ele deu a volta na cama agachou ao meu lado. - Eu não sabia que uma estrangeirazinha podia se tornar tão especial para mim... amanhã quero que passe o dia todo com aquele sorriso contagiante. Boa Noite.

 Ele deu um tapinha na minha testa e saiu lentamente do quarto.

 Estrangeirazinha especial. Besta.

***

 Quando Jimin bateu na minha porta, eu já havia me trocado. Jeans, camisa branca, suéter rosa claro, converse branco e uma fita no cabelo para fechar. E fiquei bem surpresa por encontrar o garoto de roupão no corredor. Estava com o rosto inchado e bocejava muito.

 - Jimin, o que está fazendo assim a essa hora?

 - Meu telefone não despertou... - respondeu envergonhado. - Eu queria saber se você não tem um lápis de olho pra me emprestar.

Let Me Sing | kim namjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora