Prologue

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Melanie


- Lua Cheia! Tranquem portas e janelas. -- papai amarrava um leitão à árvore e consolava minha irmã mais velha Lucy, de apenas 11 anos. -- Antes o Lobo pegue o porquinho do que você! -- papai Nathan tentava consolá-la.

(...)

Nós morávamos à beira de uma floresta negra, poucos conheciam nosso vilarejo de nome, mas muitos haviam ouvido as histórias terríveis que aconteceram lá. Minha mãe sempre me disse: "Não fale com estranhos, vá buscar água e venha direto para casa".

Tentei ser uma boa menina e obedecê-la. Acredite... Eu tentei.

(...)

Eu pegava água, o balde estava quase cheio quando do nada aparece Harry, meu melhor amigo.

- MELANIE! -- ele gritou pulando na água e despertando um sorriso inocente em meu rosto. -- Vamos lá! -- ele me estendeu a mão e me puxou para podermos sair da água e apostar corrida. Começamos a correr até não aguentar mais. Sempre fazíamos isso. Parecíamos dois moleques apostando corrida. Eu nunca fiz o tipo mocinha comportada. Posso até ser discreta, mas não sou nada machista, assim como todos da minha aldeia são. Somente Harry me entende e gosta de mim do jeito que eu sou. Com os outros tenho que ser a filhinha obediente e exemplar.

Deitados na grama ele se lembra de me mostrar algo. Era uma armadilha para capturar coelhos. Ele pegou metade de uma cenoura e colocou dentro da armadilha para me mostrar. Deitamos um ao lado do outro  de barriga para baixo à espreita de um, e eu já estava com a corda na mão preparada para puxar assim que o coelho caísse na armadilha.

- Você está com a faca? -- cochichei para Harry que estava ao meu lado.

Ele a tirou de dentro da calça e me mostrou.

- Esta aqui! -- ele respondeu.

Olhei novamente para a armadilha e pude ver um coelho quase dentro do cesto. Assim que ele deu mais um pulo e começou a comer a cenoura, eu puxei a corda e o cesto cai sobre o animal. Olhei para Harry e ele me olhou também sorrindo. Fomos rastejando até o coelho para não assustá-lo.

- Olhe! Pelo branquinho! -- eu exclamei.

- Vou fazer botas de caça para você. -- ele disse ainda num tom baixo.

Fomos ainda engatinhando até chegar ao cesto. Tiramos a armadilha e eu peguei o coelho que estava abaixo dela. Harry colocou a faca em seu pescoço e estava pronto para cortar o animal. Ele parou a faca na garganta do bicho e me encarou por um bom tempo.

- Faça Harry! -- eu o instrui. Mas ele não parecia ter coragem de matá-lo.

- Faça você! -- ele me disse.

- Não, faça você! -- retruquei.

(...)

10 ANOS DEPOIS

Eu sei que boas meninas não deveriam caçar coelhos ou entrar na floresta sozinha, mas desde que éramos crianças ele conseguia sempre me fazer ser desobediente.

Eu andava pela floresta à procura de Harry. Eu estava escondida atrás de plantas o espiando usar o machado no corte das árvores, já que esse era o seu ofício. Eu estava esperando o momento exato para chamá-lo, já que só ele podia me ver ali, pois eu não podia procurá-lo já que estava de casamento marcado com outro. Estava na hora do intervalo, mas Harry sempre continuava a cortar as árvores e era sempre o último a sair para almoçar.

- Harry, as árvores ainda estarão ai depois do almoço. -- disse um colega de trabalho. Ele largou o machado sobre um tronco e seguiu o amigo.

Eu não podia ficar sem vê-lo. Vou dar um jeito de ele me encontrar quando voltar do almoço.

Madly || H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora