Capítulo 07

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(...)

Narradora

Essa manhã estava mais fria, se é que isso era possível. Hoje nevava, mas havia muito trabalho a ser feito para se parar.

A igreja já havia sido aberta e todos já estavam em suas casas ou cumprindo afazeres.

Soldados de Salomão caminhavam para lá e para cá com carruagens levando os corpos das vítimas da noite anterior. Mais de 13 pessoas foram mortas aquela noite.

- Erramos em duvidar do senhor padre. -- PE. Augusto disse paparicando Salomão.

- Nunca vi uma fera tão forte como esta. -- Salomão disse a si mesmo. -- Uma criatura tão poderosa deve vir de uma longa linhagem interrupta. -- Andava enquanto via abutres se deliciar com os cadáveres ao chão. -- Cada geração mais potente que a anterior. Precisamos achá-la na sua forma humana. Mas como? -- Uma multidão se formava para saber os planos do sábio PE. Salomão.

- Pode ser qualquer um deles! -- O capitão disse.

- Ele não sobreviveu até agora sendo óbvio. -- Salomão concluiu. -- Procurem em toda a parte. -- Ordenou. -- Procurem pelos sinais. -- Dizia enquanto andava e olhava nos olhos de cada um procurando um suspeito. -- Isolamento... Bruxaria... -- Sussurrava nos ouvidos esperando reações estranhas. -- A magia negra... Comportamento anormal... Odores estranhos. SUAS CASAS SERÃO REVISTADAS. SEUS SEGREDOS SERÃO REVELADOS. Se forem inocentes não há nada a temer. Mas se forem culpados... EU JURO POR DEUS TODO PODEROSO! Que serão destruídos. - Por fim gritou.

- Esse homem mete medo. -- Ouviu-se em meio à multidão.

De repente uma tosse se fez presente. Era o irmão do capitão que havia sido atacado noite anterior.

- ELE AINDA ESTÁ VIVO. -- O capitão gritou correndo para ver o irmão. -- Tragam água. Rápido.

Melanie que estava com um balde se apressou a pegar água do poço. Ela o encheu e levou para os irmãos.

- É uma lua de sangue. -- Salomão disse pegando a espada. -- Então ele deve...

- Ele é meu irmão! -- O Capitão o interrompeu.

Salomão o olhou e olhou para o seu irmão novamente. Ele parecia pensar, mas não o fez, e então enfiou a espada de uma só vez em seu coração.

- UM HOMEM QUE FOI MORDIDO, É AMALDIÇOADO! -- Concluiu novamente.

Salomão encarou seu capitão e pôs a mão sobre seu ombro por um segundo, como se desse os pêsames e saiu deixando uma multidão olhando a cena e cochichando.

- É assustador.

- Temos que protejer o nosso vilarejo.

Melanie que estava perto do corpo o olhou e logo em seguida encarou Harry que a olhava fixamente.

Ela recolheu seu balde e saiu correndo, mas mesmo assim Harry foi atrás dela.

- Melanie! Abra a porta!

Ela abriu um pequeno feixe que tinha na porta, permitindo ver apenas os olhos de Harry.

Verdes claros... Essa era a cor.

- Estamos todos em perigo. Temos que ir embora agora. Vamos embora daqui. -- Ele a encarou mais ainda. -- Venha comigo. -- Harry suplicou.

Melanie se virou de costas e uma cena veio em sua cabeça.

Venha comigo...

Era a voz do lobo em sua mente. Harry poderia ser o lobo?

- Pegue suas coisas. Temos que ir agora. -- Harry insistiu.

- Não posso ir contigo Harry. -- Disse em um suspiro.

- Porque não?

Ela se virou novamente para ele e respondeu.

- Sinto muito. -- E fechou a fresta que dava para vê-lo do outro lado.

Melanie estava absorta em seus pensamentos. A única coisa que vinha à tona era o possível fato de Harry ser o lobo. Ela respirou tentando se acalmar e finalmente se virou, mas tomou outro susto ao ver sua avó lhe encarando dentro de sua casa.

Sua vó apenas sorriu se deliciando ao ver a neta dentro de casa.

- O que aconteceu? -- Melanie perguntou assim que viu sua vó cobrir sua mãe que estava acamada.

- Ela vai ficar bem.

Haviam marcas de arranhões em sua face.

- O lobo apenas a arranhou. -- Vovó Julie explicava. -- Não é uma mordida. Levante a cabeça dela. -- Pediu ajuda Melanie. -- Beba isto meu bem. -- Disse à Lia. -- Irá ajudá-la a dormir.

Melanie fixou os olhos em sua vó.
Castanhos claros...
Mais uma suspeita.
Melanie precisava pensar.

- Agora durma.

Ouviu sua vó falar assim que saiu do quarto.

Melanie parou perto do fogo e via sua vó torcer um pano.

- O que foi querida? -- Perguntou quando viu a neta encará-la. -- O que foi?

- O lobo... Ele falou comigo.

Sua vó fez silêncio por um minuto e chegou a gaguejar quando voltou a falar.

- E você o entendeu?

- Tão bem quanto eu a entendo.

- Você contou a alguém sobre isto? -- Perguntou enquanto ia em sua direção. O que assutou Melanie e a fez se afastar.

- Só Chloe sabe. Mas não irá contar à ninguém. Ela nem quer falar comigo à respeito.

- Ele escolheu não matá-la.

- Acho que ele me quer viva.

Melanie caminhava para perto da janela. Estava tudo muito escuro. Quando ela abriu, tudo se iluminou, e sua vó estava logo atrás de si. Ela a encarava, e logo a abraçou como de desejasse cuidado.

- Não! -- Lia gemeu do quarto.

- Traga outra bandagem. -- Sua vó pediu indo ver sua mãe.

Melanie foi até o balde e retirou o pano notando a temperatura da água.

- Preciso buscar água fresca. -- Disse a si mesma saindo.

(...)

- Cloude voltou pra casa? -- Melanie perguntou para uma moça que passava na rua.

- Ninguém o viu.

Melanie se sentou sobre o poço e começou a encher o balde.

- NÃO PODE ME DAR ORDENS. -- Ouvia-se gritos.

- TODOS PRA DENTRO AGORA! -- Os soldados gritavam.

- TEM QUE DEIXAR. -- Revistaram a casa das pessoas em busca de provas do lobo.

Melanie prestava atenção. A qualquer momento poderia ser em sua casa.

- Vi você com o Harry!

Melanie tomou um susto. Se virou rapidamente para onde vinha a voz.

- Sei que não me quer daquele... jeito. -- Henry a fez lembrar da cena.

Em resposta, Harry puxou uma pequena cordinha que havia em seu busto, fazendo assim seus seios se livrarem do decote apertado e Melanie soltar um pequeno gemido.

- Não vou forçá-la a casar comigo. Eu vou romper o nosso noivado.

Melanie se levantou do poço e ficou de frente para Henry. Ela o olhou profundamente e podia ver a tristeza em seu olhar. Ela não queria magoá-lo, mas seria pior se casasse com ele amando outro.

Henry olhou para baixo vendo o gesto de Melanie. Ela havia tirado a pulseira e estava o entregando.

- Sinto muito Henry!

Henry a olhou uma última vez, com aquele olhar que mata e foi embora.

(...)

Madly || H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora