Parte II

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A história do Fantasma de Roger Taylor era fascinante. Roger Taylor foi o primeiro capitão do que aparentava ser um navio razoável para missões pequenas. O Andarilho, era seu nome. Era um homem na casa dos quarenta que resolvera se juntar a ilegalidade. Tudo bem até ai. Sendo que no seu ritual de iniciação ele acabou assaltando uma loja de bebidas, Roger atuou perfeitamente, como um bom pirata, e o dono da loja era bem medroso e entregou todo seu estoque. Depois do roubo, Roger dividiu a metade da bebida entre sua tripulação, e bebeu a outra metade sozinho. No meio da noite, estava tão bêbado que escorregou do timão e caiu do navio. Era inverso. Morreu sufocado ou congelado. De qualquer jeito, foi patético. Desde então, o Fantasma de Roger Taylor, como o navio foi rebatizado, virou sinônimo de patético, ambicioso, falho e incompetente.
- O que acha do seu novo navio, criança? – Me perguntou Bob na rampa para o Fantasma. – Pronto para ser um pirata de verdade?
Não sabia como responder nenhuma das questões.
Bob riu.
- Fique calmo, criança. A tripulação é maravilhosa. – Bob viu um homem andando em círculos no meio do navio e gritou. – Steve, venha conhecer o chefe!
Steve soltou um grito abafado.
- Pessoal, o chefe chegou! – e desceu correndo. – Bom dia, senhor Leo. Me chamam de Steve Meia Cabeça. HAHAHAHAHAH. Ótimo apelido, hein? Você não concorda, Harry?? – perguntou para alguém que ele achava que estava do seu lado.
Não tinha ninguém lá.
Steve ria muito.
- Como eu disse, ótima. – Bob entrou.
E então a equipe me foi apresentada: Steve Meia Cabeça, aquele que já conheço e tenho a sensação de que será um pé-no-saco. Um senhor chamado Earl Espada Torta (Deuses, não quero saber o que isso significa!), um velhinho que só ficava numa cadeira olhando o mar e eventualmente gritando coisas aleatórias, provavelmente lembranças dos bons tempos, como "Água!", "Navio!", "Prostituta!". Um poço de aprendizado. Walter e Gary, os parceiros.
- Ah, esses dois são completamente loucos. – Bob falou e eu pensei se os outros não eram. – Há boatos que eles andam juntos até demais. Comem coisas um dos outros que até os capitães mais durões não iriam querer ver. Enfim, por último, mas não menos importante, Lily, minha filha.
Oh, não. Vou matar a filha do meu chefe!

- Ela não é louca ou nada do tipo. Ela só quer ser uma pirata mesmo.
- Não preciso de apresentações, papai. Não pegue leve comigo só porque sou filha dele! – E sorriu para mim, logo depois, deu duas batidinhas na minha barriga flácida. – Vamos ter que dar um jeito nisso, hein, cap?
- Lily!
E a garotas sai rindo, me arrastando até o navio.
- Adeus, pai. Vamos levar nosso novo capitão para uma iniciação!
- O que aconteceu com seu último capitão?
- Bem, digamos que ele não gostava muito de fantasma...

O Fantasma de Roger TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora