Parte V

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A história não é muito longa. Meu pai trabalhava junto do Earl – já sabemos que é o senhor com a espada torta -, eles também morriam de medo de navios piratas. Encontram o Pérola um dia. Eles lutaram, ganharam, mas o Earl perdeu a espada dele pro Harold.
Earl atacou.
Harold recuou.
Earl continuou a sacudir a espada com a energia de um jovem garoto. Harold começou a revidar – e foi ai que a coisa começou a dar errado.
- Você luta como uma mulher velha, Espada Quebrada! – Harold ria
- Esses comentários que fizeram sua mulher te largar, Harold Vários Nomes...
Minhas piadas eram desnecessárias nesse momento. Os senhores estavam dominando a cena.
A medida que a luta continuava, era mais difícil dizer quem estava dominando.
Os dois experientes sabiam o que estavam fazendo. Nossa vantagem, se podíamos chamar assim, era que Earl vivia no mundinho dele a maioria do tempo, ele nunca gastava a energia que tinha. Nesse surto de lucidez, estava abusando disso. Amanhã – se chegarmos até lá- com certeza não conseguira se levantar, mas vai ter valido a pena. Avante, time Roger Taylor!
Harold dá uma girada – um ato bem pirata que também fiquei bem animado em copiar – e encurralou o velho Earl numa pilastra.
- Se renda, velho. Nós dois sabemos que você não vai conseguir ganhar.
- Você esqueceu de segurar minha mão. – Earl ria.
- O que?? – Harold olhou para baixo para receber a bainha da espada no meio dos olhos.
Earl fez o giro pirata – e com certeza ficou bem tonto depois -, deu uma rasteira em Harold e colocou a espada na sua garganta.
E tudo teria ficado bem se tivesse terminado ai.

Abusando da sua energia de lucidez, Earl corta uma das cortas que segura a bandeira do navio – um caveira de um animal com uma pérola na boca – e se pendura nela.
- O que será que ele vai fazer? – pego na mão de Lily. Digo, você tem que saber aproveitar as chances que o destino apresenta.
Com um impulso, Earl sai voando do navio e cai direto no nosso navio, logo abaixo.
Harold se levanta furioso e coça a barba.
- Bem, acho que vocês vão ter que ir agora. MORRAM!
Não sei se fui só eu, mas senti o navio tremer.
Rapidamente, os homens estranhos que nem notara mais, começaram a nos segurar pelo braço e nos, gentilmente, conduzir até uma linda prancha onde pularíamos para a morte certa.
Essa era a hora de honra o grande pirata Brian Darly.
Desculpa, pai!

- Calma!
Todos me olharam. Harold alisava a barba e me olhava com um rosto irritado.
- Só pule. Tente nadar e morra. É o que acontece.
Pule e morra. Nossa, eu preciso aprender a nadar!
- Eu vou, eu vou. Muita hora nessa calma.
Todos me olhavam confusos.
- Antes de ir, me deixem abraçar Lily. Por favor, é muito importante.
- Só porque irritaria muito o seu chefe. Sim, abrace.
Viro para Lily e juro que se ela pudesse mantar mensagem direto para mim, diria para eu me jogar logo e que tivesse uma morte lenta e doloroso, só por fazer ela passar por esse momento carinhoso e amoroso.
A viro para o lado do mar e, enquanto a abraço, agarro duas facas que ela tem presa na cintura. Ela entende e sorri.
- Você ousa rir, criança. – Harold parara de segurar a barba e se preparava para pegar sua arma.
- Eu rio quando nervosa, senhor, me perdoe. – Depois de falar, Lily vira e me dá uma piscadela. Estou pronto.
Caminho tenso em direção ao mar. Essa prancha é pura pressão, a medida que avanço ela fica mais mole, mais fácil de cair. Mas seriamente acredito que os piratas não achem isso ruim.
Olho com firmeza para o mar e encontro O Fantasma de Roger Taylor a poucos minutos de distância. Earl estava vindo enquanto os piratas não viam. Quem disse que era ruim ter um navio pequeno?
Me jogo.

O Fantasma de Roger TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora