Parte III

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O navio, por dentro, não era nada diferente do que visto por fora. Pequeno e cheio de malucos.
- Ali – falou Lily apontando para o leme – É sua área, capitão.
- É o que parece... – eu estava tão animado como posso parecer aqui.
- O que devemos fazer primeiro? – Lily me olhava com um olhar cheio de esperança como o de uma criança pronta para passear no mar. – Não se esqueça nossa tão adorada tradição do primeiro assalto, capitão!
- Nós com certeza não esquecemos, não é, Harry? – Steve passava as gargalhadas.
- Alguma sugestão? – pergunto com o peito estufado e tentando segurar o vômito que com certeza descobrira que eu estava a bordo do meu novo navio tentando impressionar a equipe.
- Bom que o senhor perguntou! Gary, Walter, venham aqui.
Os dois, que pareciam siameses, vieram e Gary entregou nas mãos de Lily um mapa.
- Meu pai acredita que aqui que se encontram os melhores estabelecimentos para seu primeiro roubo. Uma viagem de um dia, ao menos.
- Quais lojas existem nessa área?
- Na maioria, bares. – me alivio – Mas algumas de armas também. – começo a entender o alívio em morrer congelado. Se desse a sorte de meu primeiro roubo ser numa loja de bebidas, não abusaria da sorte também. Roger e eu temos muitas coisas em comum.
- O capitão só precisa escolher a rota.
- Eu sei as opções, – Eu não sabia. – mas me passe elas para eu pensar na melhor.
- Bom, podemos seguir em frente, seria uma viagem de umas quinze horas, em média, mas correríamos o risco de encontrar os navios fantasmas.
- Fantasmas???? – me assusto.
- Sim, os piratas sem frota. – Claro, por que pensaria que seriam realmente fantasmas?, me conforto.
- Ou poderíamos dar a volta e ter uma viagem mais segura, porém teríamos que ficar alertas, o mar é mais selvagem naquela área. A viagem seria de quase dois dias.
Rapidamente me coloco nas duas situações me apresentadas, sendo pirata, uma hora ou outra teria que enfrentar navios inimigos – me escondendo e rezando aos Deuses que eles não queiram arrumar problema conosco.
Agora, se iria me preparar para um assalto – coisa que não aprovo – não quero passar dois dias enjoando num barco. A noite irei dormir e quando acordar, sem ao menos sentir, terei chegado ao meu destino.
- Está decidido – coloco minha voz pomposa e falo alto o suficiente para que todos no navio em escutem. – Iremos em frente.

Se tem uma coisa que faço bem, é olhar para o sol. Ele me diz a hora e tudo mais. E olhando para ele, sei que estamos em movimento por pelo menos cinco horas. Ele está se pondo. A noite está caindo. Nenhum navio fantasma até agora.

A noite está calma e me encontro na minha cabine. Meus olhos estão quase se fechando, não acho que nada deva estragar minha noite.
- Capitão... – ouço Lily chamar.
Falei cedo demais.
- O senhor vai querer ver isso. – Lily grita do convés.
Me levanto ás presas e assustado. Seria um problema?
Quem sou eu para resolver?
Quando me junto a Lily, os outros membros da tripulação já estavam todos no convés. – inclusive Harry, que parecia estar muito falante essa noite. – Todos olhavam para cima para um enorme navio (umas cinco vezes maior que o nosso.)
- O Estrela da Noite. – explica Lily.
- Ele é um...
- Sim.
Seria pedir demais se todos fossemos da mesma frota e vivêssemos felizes para sempre?
Um sujeito gordo, na casa dos cinquenta, barbudo e com um chapéu preto que brilhava na noite coloca a perna na ponta do seu navio e grita para baixo, para nós.
- Eu quero falar com o capitão!
- É tarde demais para trocarmos de posto? – pergunto a Lily.
Divertido até na hora da morte, Leo Darly!

O Fantasma de Roger TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora