Eu não me lembrava o quão linda e tranquila era a vida na casa da minha avó.
Sentada na beira do riacho e observando as flores eu pude resgatar memórias que estavam escassas tem um tempo.
Uma vez peguei um peixinho dourado,lembro de ter pego um balde e arranquei todas as flores que vi de bonitas na região. Ou simplesmente passar o dia deitada olhando formatos de nuvens ou dormir no galho de uma grande árvore.
—Sua mãe já foi.—disse vovó.
Suspirei.
—Eu senti cheiro de bolo de milho quando passei pela cozinha. É bem raro ter milho por aqui,os colheu também?
—Sim,sim!—exclamou vovó—Você quer provar? Freddie disse que adorou!
Ah. Quase tinha me esquecido.
—Eles ainda moram aqui?-perguntei.
—Claro! Freddie tem 17 e Peter 19.—ela respondeu abanando as mãos como se eu fosse louca.
Fred e Peter são como meus primos. Acontece que minha vó herdou muitas coisas,entre elas riquezas. Quando os sobrinhos dela morreram em um ataque terrorista durante uma viagem,ela adotou os filhos deles e os cria. Eles são como primos de 2º grau ou algo assim,mas o que importa é ser da família.
Me levantei e sentei-me na mesa esperando vovó me servir.
—Eu trouxe sementes de Gypsophila.—falei.
Ela sorriu tão docemente.
—Eu tenho as procurado tanto! Minhas favoritas!!!—ela começou a bailar,logo parou por causa de sua labirintite— Deve ter sido muito caro,não precisava,filha. Mas fico agradecida.
✿✿✿
A casa já foi mais animada quando meu avô era vivo,falando nisso esse foi o motivo de eu ter parado de vir para cá.
Eu estava sentada na sala de estar quando Fred apareceu cantarolando Wonderwall do Oasis.
—You're my wonderwaaaaaaal—completei só para chamar sua atenção.
—Ah oi. Nem tinha te visto.—O cabelo estava meio bagunçado como se ele tivesse acabado de acordar,usava uma blusa azul e uma bermuda bege xadrez.
—Achei que a vovó tinha falado que eu vinha.
Ele revirou os olhos.
—Ela não parou de falar a semana INTEIRA,foi um saco. Ei,você cresceu desde a última vez.—observou ele.
-Nhá. Deixa de convencionalidade,QUERO MEU ABRAÇO UUUL.—levantei muito rápido e me joguei nele.
Ele soltou um grito e quase caímos no chão se não tivesse um pilar atrás de nós.
—Não faz mais isso,ou pelo menos avisa.—ele assumiu uma expressão verdadeira de dor—Eu vou ter problemas com minha coluna.
—Ei,ainda não vi Peter.
Ele pegou uma jarra de suco de laranja na geladeira e enquanto se servia disse:
—Vovó pediu pra ele ir até a cidade pra comprar coisas pra você. Como eu falei,foi um saco.
—Que coisas?—perguntei curiosa.
Ele tomou o último gole e respondeu:
—Travesseiros,cobertor tipo isso.
—E vocês têm alguma coisa programada? Não quero ficar presa aqui por 7 dias sem aproveitar.
Ele passou a mão pelo cabelo castanho escuro e fechou os olhos amendoados claro,como se quisesse lembrar do quê havia planejado.
—Ah! A gente vai acampar na quarta,perto do rochedo.
Dois dias então.
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Florescências
Short StoryEsse conto é a mistura de sentimentos, mudanças e descobertas. Clarisse ama flores e como toda flor ela um dia desabrochou. Só que os pais da flor não gostaram do que viram,pegaram toda a muda da flor e levaram-na para respirar novos ares. O que se...