—Quem era seu amigo?—perguntei à Peter.
—Não interessa à você.
Grosso. Eu até sou comparada a um monge,mas com pessoas grossas... Confesso que dá vontade de socar a ponto de algo chegar a sangrar.
Antes eu tinha dito que não gostava de música,bem tem somente uma exceção: as sinfonias de Haydn. Eu simplesmente amo as sinfonias dele,a melhor parte sempre,a que contrasta comigo é o adágio. São tão perfeitas! A parte mais lenta e calma da música,a única.
✿✿✿
Estamos no final da estrada que leva até o rochedo.
Tem um tempo e tanto que não venho aqui... Que nostalgia.
Por volta de dez minutos chegamos no final e já vi um carro cor de prata estacionado. Começamos a descarregar o carro e peguei minha bolsa e coloquei na costa,eu estava observando Peter quando ele disse:
—A princesa vai ficar olhando ou vai ajudar?
—Eu prec—
—Quer saber,tem muita coisa aqui,chama o Fred lá.
Eu subi a pequena colina,seguindo a trilha de madeira. E reparei que o por-do-sol já começava,trazendo um tom degradê amarelo ao laranja. Me obriguei a acelerar o meu passo,Peter tinha pedido um favor e tenho que cumpri-lo.
Devo ter demorado uns dez minutos ao todo,estava ofegante,e antes de dizer ao Fred para ajudar Peter me recompus.
—Peter precisa de você lá embaixo.
—Af,acho que não tenho escolha.—ele olhou por cima do ombro,para a esquerda e então eu me estiquei para ver.
Não havia percebido a existência da namorada de Fred. Mas ela parecia ser um amor de pessoa... SIMPATIZEI! Ela era fofa,nos dois sentidos,cabelos pretos,olhos castanhos e tinha os lábios bem desenhados,ela é linda. Mas parece um pouco tímida.
É das minhas.
—Eu realmente não acreditava que ele tinha uma namorada.
Ela riu,mas pareceu ficar confusa com a frase. Meu lado não-otimista percebeu que soou como algo desagradável,pejorativamente.
—Meu nome é Clarisse—sorri,para mostrar que estava tudo bem.
—Sou Anne.
—Fazia um bom tempo que eu não vinha aqui.—tentei manter a conversa.
Não mudou muita coisa,a campina cheia de folhas secas e flores bem normais,podia ver o rochedo bem perto. A fogueira que ainda não foi acesa,mas estava pronta,e duas barracas montadas. O pequeno lago atrás das barracas...
Acho que algumas coisas realmente não mudam muito,como a vovó disse.
—Nem parece um 4 de Julho.—comentei.—Você é daqui?
—Ah sim,sou. Você fala diferente,é da cidade,com certeza.—ela umedeceu os lábios.—Por que não parece?
—Na cidade o 4 de Julho é tão animado,nenhum pouco calmo,passeatas,gritarias,gente fantasiada ou pintada,sem contar que os fogos não cessam tão cedo.—Abri os olhos e a brisa balançava meus cabelos—Gosto mais daqui.
—Não querendo me intrometer,e nem te conheço,mas... Por que não vem morar aqui se acha melhor?
Por quê? É. Algo que eu realmente não sei. Talvez pelo fato de eu não ter ninguém além da família aqui,ou por ser tão natural,é algo que...
—Boa idéia,vou considerar a hipótese.
Ela sorriu para mim.
—Eu só falei isto pelo meu lema ser "Viva uma vida sem arrependimentos".
Fiquei confusa por um instante.
—Por que se arrependeria de não me falar isso?
Ela ficou vermelha instantaneamente.
—Ei! Mal chegou e já conseguiu a envergonhar?—Ed gargalhou— Você não cresce mesmo!
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Florescências
Short StoryEsse conto é a mistura de sentimentos, mudanças e descobertas. Clarisse ama flores e como toda flor ela um dia desabrochou. Só que os pais da flor não gostaram do que viram,pegaram toda a muda da flor e levaram-na para respirar novos ares. O que se...