Capítulo 4

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Você tem sete novas mensagens de duas conversas.

Desbloqueei a tela do celular e abri o WhatsApp.

Mãe: Se comporte
Não quero ouvir reclamações
Pense bem no que fez

Ted💜📚: Ouvi falar que a tia te deu um fim
Tô preocupado
Caralho responde
🙄 ME LIGA

Não os respondi. Posteriormente liguei para Ted,meu amigo de classe e companhia em horas vagas.

Ted: Você sumiu,tipo pá evaporou.
Achei que a tia tinha te matado na real,mas o cabelo ficou da hora, eu não tinha deixado.
Eu: Duvido,você não sabe como aquela mulher é.
Ted: Vocês até são parecidas...
Eu: Para de falar merda,cara.
Ted: Eu revirei os olhos aqui.
Eu: Tomara que fique pra dentro,e você fique cego.
Ted: [risada -grito- escandalosa]
Eu: Não me deixe surda!
Ted: Eu cego,você surda.
Eu: [risada fofa de coelho] Justo.
Ted: E sua avó como é? não consigo te imaginar com uma velhinha.
Eu: Ela é normal,cabelo grisalho curto óculos rosa claro,gordinha,cozinha bem.
Ted: Não consigo visualizar,você e ela interagindo.
Eu: Se você está insinuando que eu sou grossa saiba que eu sou um amor,você é que desperta esse lado grosso meu de ser.
Ted: [Barulho da porta abrindo] Opa,Amanda chegou. Tô indo,mesmo sendo você,sabe como ela é.
Eu: NÃO ME DEIXE! AMIGOS QUE DISPENSAM OUTROS AMIGOS PRA FICAR NAMORANDO NÃO VÃO PRO CÉU!
Ted: [Risada menos escandalosa] Tchau.
Eu: Bye bye!

Não tem TV aqui. Só wifi,bem lento e pega pouco o sinal,uma conversa de 1:47 minutos foi até muito para o padrão daqui.

Vou dormir.

✿✿✿

—Acorde!—gritou Fred no meu ouvido.

—O que?—disse muito sonolenta.

—Freddie querido,tem certeza que ela está respirando?—minha avó disse.

—Eu tô sim...—prolonguei a última monossílaba com sono.

—Pegue um balde de água por favor.—pediu minha avó ao Fred.

—NÃO!—gritei.

Minha avó riu e Fred se segurou para não ser contagiado.

—Funciona desde quando você era pequena!—Ela passou a mão nos olhos que lagrimavam de tanto rir ou de emoção.—Algumas coisas nunca mudam.

—A gente vai jantar,você vem?—Perguntou Fred.

—Vou.

Me levantei e ajeitei o meu moletom preto e puxei minha camisola azul bebê de forma que não ficasse nada saliente demais. Peguei o pente e por dois segundos o passei em meu couro cabeludo,que ainda ardia um pouco da tintura.

Desci para o primeiro andar e me sentei na mesa de quatro lugares,mulheres na ponta homens ao lado.

O jantar era alface,seleta de legumes e macarrão parafuso que indicava ser integral. Para tomar o suco de laranja de mais cedo.E em um pote tem requeijão,que eu já sabia o motivo de estar ali.

De imediato não notei a presença do meu primo mais velho,Peter. As vezes ele podia ser um fantasma de tão silencioso que é. Mastigava calmamente e tinha os mesmo aspectos que Fred,o maxilar bem marcado e os olhos verde claro,e o fato de usar óculos fecha as diferenças.

Nunca me dei muito bem com Peter,ele sempre foi uma criança muito privativa e chata. Sempre que tentava brincar com ele,logo era dispensada ou ignorada. Ele costumava ler livros de Sherlock Holmes ou de Stephen King,em seus meros 11 anos.

Comecei a degustar a comida quando minha avó começou a lagrimar. E percebi que todos os três a olhavam.

—Desculpem,faz tempo que—ela limpou as lágrimas.—que não me sinto tão completa,é ótimo ter todos vocês aqui.

—Ah,somos só nós,vó.—falou Fred,acho que era pra ser um consolo.

—A comida está deliciosa,vovó.—falei.

E Peter só deu um sorriso e continuou a comer.

Anotei mentalmente visitar mais minha avó e fazer Peter se abrir mais.

✿✿✿

Peter bateu na porta e entrou no quarto,sem ao menos eu autorizar.

—É pode entrar,moço.

Ele despejou em cima da cama os cobertores e um travesseiro que Fred tinha mencionado mais cedo,que ele fora a cidade. Mas retirou-se sem dar boa noite. Eu juro que serei direta e irei ao ponto quando houver chance.

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