Capítulo 106- Teste de gravidez

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Música: Small Bump- Ed Sheeran.

-O que você ta fazendo aqui?- Encarei Leo secando minhas lágrimas.

-A Iza me ligou e falou que você precisava de nós dois aqui.

-Eu preciso?- Agora eu encarava Iza.

-Eu não sei lidar com você chorando e eu tinha certeza que ia acontecer. Agora pega esse teste e vai... - Ela me estendeu a sacola.

Peguei a sacola trêmula e fui para o banheiro. Os minutos pareceram uma eternidade e finalmente o resultado apareceu: positivo.

-Ferrou.- Sai do banheiro chorando.

Iza me abraçou, mas começou a chorar comigo, então Leo tomou seu lugar e ficou ali até que nós duas nos acalmassemos.

-Vai ficar tudo bem, Aninha...

-Os meus pais Leo... Eu precisava estar casada antes de ter filhos.

-E você acha que eles vão renegar o neto e a filha?- Ele me encarava sério.

-Não... Mas eu não queria ser uma decepção.

-Você não vai ser uma decepção por isso, meu amor.- Ele acariciava minha cabeça.

Iza estava quieta, provavelmente processando a informação.

-Minha faculdade, meu trabalho...

-Você ta grávida, não morrendo. Pode até ser difícil no final da gravidez, mas vai dar tudo certo. Só fica calma ok?

Ele continuou me acalmando até ter certeza de que eu não surtaria e só depois foi para sua casa. Antes de meus pais chegarem, eu já tinha adormecido com Iza a meu lado, segurando a minha mão.

Acordei no meio da madrugada e fiquei um bom tempo encarando o teto e colocando os pensamentos em ordem. Deixei Iza dormindo na minha cama e liguei meu computador.

Se eu teria um filho, iria fazer isso ser algo bom... Afinal, esse sempre tinha sido meu sonho. Entrei em vários sites e passei horas vendo roupas e acessórios de bebê, enchendo carrinhos de compra e ja sonhando com tudo.

Quando Iza acordou, eu ainda estava fazendo isso e ela me encarou confusa.

-Mas você tava chorando ontem...

-Eu vou ser mãe, Iza.- Sorri animada e por impulso levei uma das mãos a barriga.- Eu sempre quis isso e eu vou ser mãe de um filho do Ed Sheeran.

-E eu vou ser madrinha.- Ela sorriu de volta.

Decidimos não contar ainda para ninguém, até que eu fizesse o exame de sangue.

Eu estava tão ansiosa para o exame que o fim de semana passou em um lentidão extrema com Laís e Iza em casa, já pensando no bebê como se ele fosse nascer no dia seguinte. Era difícil dizer quem estava mais empolgada e mais difícil ainda esconder isso dos meus pais.

Na segunda feira bem cedo, Iza me acompanhou até o hospital. Depois da coleta do meu sangue, a enfermeira me avisou que o resultado só sairia em alguns dias, o que resultou em uma extrema ansiedade vinda de mim e alguns erros no trabalho, que Jessyca percebeu.

-Você ta estranha...- Ela me encarava.

Ela provavelmente me entenderia, então resolvi abrir o jogo.

-Eu provavelmente estou grávida.

Sua expressão foi surpresa, mas ela sorria.

-E por que provavelmente?

-O resultado do exame de sangue ainda não saiu, mas o de farmácia deu positivo.

-E como você ta se sentindo?- Seu tom era de preocupação.

-Eu chorei muito na hora e não vou mentir, estou com muito medo... Ser responsável de outra vida é meio assustador, ainda mais por não ter sido planejado, mas agora eu me sinto feliz, porque eu sempre quis ser mãe, é algo bom. Certo?

-Por experiência própria de duas gravidez não planejadas... Filhos são os maiores tesouros que você pode ganhar.

-É bom ouvir isso de alguém que me entende.

-Mas Ana, como sua amiga eu tenho que dizer que vai ser difícil e algumas vezes desesperador. Só saiba que eu to aqui se precisar, ok?

Não respondi, apenas me levantei e fui em direção a ela, a envolvendo em uma abraço apertado.

Naquela noite Ed me ligou falando sobre a viagem. Ele estaria no Brasil em dois dias e o resultado sairia amanhã, o que significava que eu teria um papel com a certeza para contar sobre o nosso filho.

Quase não dormi de tão ansiosa e Iza me acompanhou para buscar o exame. Abri o envelope animada e me deparei com uma surpresa: resultado negativo.

-Já tem quanto tempo de gravidez?- Iza perguntou ansiosa.

-Não tem.- Meus olhos ja encheram de lágrimas.

-Deve estar em algum lugar do papel, deixa eu ver.- Ela pegou o papel, leu e me encarou sem falar nada.

-Não tem bebê, Iza...

Ela só me abraçou e me tirou dali enquanto eu tentava não chorar. Ela me levou até o escritório e ficamos ali estacionadas em frente algum tempo.

-Um dia você vai ter um bebê, Ana.

-Eu gostei da ideia de ser mãe... Eu ja podia imaginar.

-Não era o momento...- Ela tentava me animar.

-É, pode ser.- Desci do carro e fui em direção a entrada do escritório.

Fui recebida por Je que tinha um sorriso imenso.

-Quantos meses?

-Não to grávida... Podemos não falar sobre isso? O que eu tenho que fazer hoje?

Ela me encarou preocupada por uns instantes, mas respeitou meu pedido e me entregou uma pasta com documentos.

O dia passou lento, enquanto eu tentava a todo o custo não pensar no que aconteceu.

Voltei para casa, jantei com meus pais em silêncio, e quando eles perguntaram o porquê do meu desânimo, dei uma desculpa sobre estar cansada.

Ja no meu quarto, liguei para Leo e chorei toda a mágoa que eu tinha guardado o dia todo, ouvindo outra vez ele me acalmar e pedi para ele que avisasse Laís, eu apenas não queria mais falar sobre isso.

Acordei sem a mínima vontade de sair da cama, mas eu precisava viver e essa noite Ed chegaria ao Brasil para me ver... Como Iza havia me dito, um dia eu seria mãe e o pai dos meus futuros filhos estava vindo de outro país por mim. Foi pensando nisso que levantei e segui meu dia, me esquivando de qualquer pensamento mórbido e tentando me animar para a chegada do meu namorado.

Caso do AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora