Caso do Acaso

Capítulo 68- Matthew

Música: In my place- Coldplay.

Desci até a cozinha outra vez e encontrei Imogen distraída ainda cozinhando.

-Imogen?

-Oh, querida. Você voltou... Demorou um pouco mais do que imaginei.- Ela ria.

-Ed se empolgou... É, com algumas coisas... Histórias da infância.- Sorri fraco e ela assentiu.

-Onde ele está?

-Ainda la em cima. No que posso te ajudar?

Ela me passou instruções do que fazer e eu obedeci. O aroma na cozinha era forte e delicioso, tão bom que acabou atraindo meu sogro.

-Pelo cheiro, isso está ótimo.- Ele disse sorridente.- Matt logo estará aqui também.

-Ele já deveria ter chegado. Não entendo o problema dos garotos com horário...- Imogen disse e franziu o cenho.

-Teddy e Matt nunca chegaram na hora...- John disse para mim.

Fiquei confusa... Ed sempre foi muito pontual comigo.

-Menos para encontros, é claro... Para isso eles sempre estavam na hora certa.-  Ela ria sozinha.

-Realmente... Ed sempre foi bem pontual em nossos encontros!

-Estão falando de mim?- Ed apareceu na porta.

-Seu irmão está vindo!- John sorriu animado com a ideia.

-Ótima notícia. Estou com saudades.

-Finalmente teremos todos em casa...

-Isso já não acontece há muito tempo...- Ele riu fraco- A Ana já está liberada, mãe?

-Ed! Me deixa ajudar...

- Ah não se preocupe... Está tudo sob controle e praticamente pronto. Pode ir.

-Você tem certeza? Posso fazer qualquer coisa.

-Tenho sim, querida. Podem ir...

Nós saímos da cozinha e Ed me conduziu até a porta. Nós saímos da casa e o vento gelado me pegou de surpresa.

-Por que diabos nós viemos pra fora nesse frio?

-Porque eu sempre gostei de ficar aqui fora.- Ele disse tirando seu moletom e me entregando.

Aceitei a blusa e vesti enquanto ele se sentava no primeiro degrau da escada da varanda. Me sentei ao seu lado.

-Com exceção do frio...- Falei rindo.- Aqui é muito agradável.

Ele entrelaçou nossos dedos e me encarou

-Não sei porque você odeia tanto o frio.

-Me deprime.- Dei de ombros e ele riu.

Permanecemos um tempo em silêncio e ouvimos um pássaro cantar ao longe, enquanto observávamos a rua sem movimento, com apenas algumas folhas voando.

-Ao que parece, meus pais gostaram MESMO de você. Minha mãe não deixa qualquer um cozinhar quando a família se reúne.- Ele quebrou o silêncio.

-Eu também a adorei... E que honra cozinhar para os Sheeran.- Sorri sincera.

-Meu pai disse que você é linda e parece ser uma “boa pessoa”- Ele fez aspas com as mãos rindo.

- Eu espero que boa pessoa seja um elogio.- Gargalhei.- Estou ansiosa para conversar mais com seu pai... Com certeza vai ser interessante.

-Provavelmente.- Ele beijou minha mão e voltou a olhar a rua, mas agora com um sorriso bobo.

-O que foi?

-É que você parece tão a vontade aqui.- Ele me encarava.

-E eu estou... Você também parece.

-A vontade na casa dos meus pais? É algo bem comum, eu acho.- Ele soltou uma risada gostosa.

-Bobo!- Dei um tapa de leve em seu braço.- É que você parece mais leve... Arrisco dizer que parece até mais feliz.

-Bom, é verdade. Aqui eu sinto como se voltasse a ser criança, sem nenhuma preocupação outra vez. São as minhas raízes, entende?

-Perfeitamente... E o lugar é tão calmo que até eu fico sem preocupações aqui, meu amor.

-É importante pra mim que você se sinta bem aqui.- Seus olhos encontraram os meus e eu me perdi em todo aquele azul.

Ele aproximou o rosto do meu e me beijou delicadamente, quando nos separamos, apoiei minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos. Ficamos em silêncio.

-Olha, olha se não é o virilha de fogo.-Uma voz desconhecida e risonha apareceu.

Abri os olhos e encontrei o irmão de Ed e uma garota loira ao seu lado.

-Matt!- Ed levantou e eles se abraçaram.

Me levantei também.

-Você é a Ana, certo? Muito prazer... Ed me disse que é brasileira.

-O prazer é meu. Sim... Brasileira legítima.- Sorri para ele e nos abraçamos também.

Quando me desvencilhei, Matthew nos apresentou sua namorada Emily. Ela também era novidade para Ed, mas ele parecia feliz em ver o irmão com alguém.

-A mamãe preparou o almoço e a Ana ajudou, provavelmente está delicioso.- A expressão de Ed era de uma criança feliz.

-Você cozinha?- Os olhos de Matthew brilhavam.

-Sei me virar.- Dei de ombros.- Pelo que vejo o amor pela comida é de família...

Eles se encararam e se abraçaram rindo, enquanto Emily e eu observamos também rindo, ambas encantadas com o momento.

-Senti sua falta, cara...- Matthew disse para o irmão.

-Eu também senti, Matt.

-Espera ai... A mamãe aceitou a ajuda da Ana pra cozinhar?- Matt pareceu surpreso.

-Eu te disse que ela gostou MESMO de você...-Ed sorriu de lado para mim.-Vamos entrar, a comida já deve estar na mesa.

Todos nós nos viramos e fomos até a porta, para finalmente almoçar.