Música: Love you 'till the end- The pogues.
Acordei e fui para a faculdade, enquanto Ed ainda dormia. Depois da aula, passei para o buscar em casa e acabamos almoçando no McDonalds antes de irmos para o escritório.
Trabalhei um pouco, mas acabei sendo liberada mais cedo, já que eu tinha a vantagem de ter uma chefe fã do meu namorado.
Assim que chegamos em casa, encontramos meus sobrinhos brincando na sala e nos juntamos a eles. Ed tentava se comunicar e até arriscava algumas palavras em português, mesmo que ninguém entendesse o que ele tentava dizer. Depois de um bom tempo ali brincando, fomos para o quarto.
-Você vai ser um ótimo pai.- Sorri para ele, enquanto procurava algo para vestir no guarda roupa.
-Espero ser.- Ele sorriu de volta.- Aliás, isso me lembrou que ainda temos que conversar.
-Por que isso te lembrou a nossa conversa?- Tentei desviar do assunto. Apesar da curiosa, estava com certo receio.
-Crianças me lembram nosso futuro juntos e é sobre isso que quero falar.- Ele bateu no espaço na cama, a seu lado.
-Devo me preocupar?- Perguntei me sentando a seu lado.
-Acho que não.- Ed franziu o cenho.
-Sobre o que precisamos conversar então?
-Sobre a próxima etapa.- Ele riu.
Milhões de coisas passaram pela minha cabeça em questão de segundos, mas acabei optando por não expor nenhuma das minhas teorias.
-O que quer dizer?
-Eu te fiz um convite há alguns meses...
-Ah...- Respondi ao me lembrar do tal convite.
-E então, você aceita morar comigo e trabalhar na equipe?
Encarei o nada, pensando em tudo que eu teria que deixar para trás, mas pensando também em como seria a vida com Ed. Fiquei alguns minutos assim, enquanto ele esperava impaciente ao meu lado.
-Sabe... É tão estranho pensar em uma vida sem meus pais, sobrinhos, amigos. Longe de tudo que eu conheço.
-Isso...
- Não terminei.- O interrompi.- É estranho sim, mas eu sempre tive dois grandes desejos: encontrar o amor e sair do país... Se a vida me permite juntar os dois, acho que é um pouco impossível recusar, não?
Ed sorriu e relaxou os ombros, antes de se aproximar e me beijar.
-Vai ser o começo da nossa vida juntos...
-Um treino para o casamento.- Soltei uma risada.
-Sobre isso... Vai acontecer, eu só preciso...
-Ed, nem sempre é indireta pra você me pedir em casamento.- O interrompi outra vez.- Eu sei que vai acontecer, mas quando for a hora e eu nem tenho tanta pressa assim.
-"Tanta"?- Ele arqueou uma sobrancelha e soltou uma risada.
-Você não vai me enrolar pra sempre, ruivinho. Não quero me casar velha.
-Your soul could never grow old, it's evergreen. (sua alma nunca envelhece, ela é eterna).- Ele cantou no ritmo.
-Olha ai, ja começou a me enrolar... Minha alma nao envelhece, mas minha cara sim.
-Vai continuar linda.
-Está carinhoso demais... Quer o que?- Dei risada.
-Nada dessa vez.- Ele riu também.- Só estou animado, porque você aceitou morar comigo.
-Aceitei?- O encarei séria.
Ele ficou sério também e sua expressão se tornou triste de repente.
-Eu pensei que...- Sua voz saiu qusse em um sussurro e ele não terminou a frase.
-Eu adoro te torturar, sabia? Você fica um amorzinho com essa cara de cachorro sem dono. É claro que eu aceitei!
Ele sorriu outra vez e me puxou para trás, deitando nossos corpos sobre a cama.
-Mal posso esperar pra te ter comigo todos os dias.
-Isso é porque você não imagina o quanto a convivência comigo é difícil.
-Você ja passou bastante tempo na minha casa.
-É... De férias. Rotina é diferente. Dou três meses pra você não me aguentar mais e me enviar pelo correio de volta.
-Com a sua altura, consigo te enviar fácil.
-Palhaço.- Revirei os olhos.
-Mas é serio... Vai ser bom pra nós.
-Eu concordo. Acho que vamos nos conhecer de verdade e apesar de eu estar em parte triste por deixar tudo aqui, acho que ter você ao meu lado todos os dias não vai ser totalmente ruim.
-Vou ignorar a parte do "totalmente ruim".
-Isso é algo importante pra conviver comigo.
-Te ignorar?- Ele franziu o cenho.
-Ignorar algumas das coisas que eu falo.- Fiz uma careta.
-Ta, isso é estranho... De qualquer modo, vou pedir para alguém ver toda a documentação e acertar a sua viagem. Suas aulas acabam em novembro, certo?
-Isso mesmo.
-Acho que tudo bem você se mudar na primeira semana de dezembro.
-Você enlouqueceu?- Me sentei na cama.
-Muito rápido?
-Sim, Edward.
-Alguns dias antes do natal, então. Pode ficar meio corrido, mas vai dar certo.
-Na verdade, eu pensei em julho.
-Agora quem enlouqueceu foi você. Janeiro.
-Meus amigos estarão de férias em janeiro e eu vou ficar muito tempo longe deles... Não vou me mudar em janeiro. Maio?
-Você vai trabalhar comigo também e vou precisar da sua ajuda com... O álbum.
-Você hesitou, é mentira.
-Tudo bem, mas maio é muito longe. Fevereiro?
-Ed... Mas tem o Carnaval!
-Fevereiro... E esse pode ser o meu presente de aniversário.
-Segunda semana de fevereiro e no dia dezessete você não vai ganhar nem "parabéns".
-Posso lidar com isso.- Ele sorriu e me deitou outra vez, me envolvendo em um abraço.
Ficamos ali algum tempo, fazendo planos e imaginando como seria a vida juntos. Em algum momento Leo ligou nos chamando para sair e acabamos aceitando.
Curtimos a noite em uma balada com meus amigos sem grandes acontecimentos.
Durante o fim de semana, tivemos a missão de contar aos meus pais sobre os planos de mudança e embora eles tenham ficado chocados, acabaram aceitando.
Também acabamos fazendo um churrasco pelo meu aniversário no domingo com toda a minha família e vários dos meus amigos. Aproveitei o evento para comunicar a minha mudança e a partir dai foram marcadas várias "festas de despedida".
Nos próximos dias segui a rotina... Faculdade, trabalho e noites com Ed. Na quarta feira, o deixei no aeroporto bem cedo e acabei faltando a aula.
Voltei para minha casa e me deitei, encarando o teto e pensando nas milhares de coisas que eu precisava fazer antes de mudar e em tudo que eu deixaria no Brasil. Era o começo da minha vida, longe do meu país e de tudo que eu estava acostumada, embora eu estivesse um pouco amedrontada com a ideia, também estava ansiosa para finalmente viver a minha vida. Continuei fazendo meus planos e imaginando meus futuros dias até a hora de ir para o trabalho.
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Caso do Acaso
FanfictionA história começa em 2020. Ana Laura é brasileira, tem 21 anos, aparência um tanto quanto normal, cursa direito e acredita que tudo que acontece é por alguma razão. Teve alguns relacionamentos fracassados que soube superar e mantém um coração cheio...