Música: Clocks- Coldplay.
A festa la dentro ja estava bem mais vazia e menos barulhenta. Caminhei até o bar e virei quantos copos de whisky consegui, antes de Austin conseguir me tirar dali da forma mais discreta o possível. Ele me levou para uma das salas e me fechou lá dentro. Abracei meus joelhos e deixei as lágrimas rolarem. Fiquei ali soluçando por um tempo, até que a porta se abrisse novamente e Austin entrasse, acompanhado de Selena.
-Você estava errada.- A encarei, quase cega pelas lágrimas.- Disse que ele não me trocaria por ela.
-Você tem certeza do que viu?- A expressão de Sel era piedosa.
Balancei a cabeça afirmativamente e deixei que ela me abraçasse. Não sei quanto tempo fiquei ali, mas quando finalmente parei de chorar, Selena pediu licença e saiu, me deixando sozinha com Austin.
O barulho da festa foi diminuindo gradativamente e eu percebi que provavelmente Ed me procuraria para ir para casa.
-Será que eu posso ficar aqui essa noite? Quer dizer, não posso ir pra casa dele...
-Claro que pode, a Tay...- Ele foi interrompido por Taylor que entrou nervosa com Selena a seu lado.
-Eu vou matar alguém.- Sua expressão era furiosa, mas se tornou de pena quando me viu.
-Austin... Sobe com a Ana? Eu vou resolver isso agora mesmo.
Eu estava bêbada e cambaleando, por isso apoiei em Austin enquanto ele me guiava em direção as escadas com Tay atrás de nós.
-Ana?- A voz de Ed surgiu.
Não virei para o encarar, apenas apertei mais Austin.
-Ela vai passar a noite aqui...- Ele respondeu por mim.
-É claro que vai!- Seu tom era irônico e ouvi os passos dele se afastando.
Deitada na cama, fiquei acordada até depois de o sol nascer, mas o cansaço me venceu e eu adormeci. Acordei depois de algumas horas com uma terrível dor de cabeça e desci as escadas procurando por alguém. Taylor estava na cozinha e sem falar nada, preparou algo para que eu comesse.
-Eu não estou com fome.
-Mas precisa se alimentar...
Forçada, engoli algumas torradas e suco, enquanto ela me observava cheia de piedade, o que fazia com que eu me sentisse cada vez pior. Assim que pude, sai dali e liguei para Iza, foi só na terceira tentativa que ela atendeu.
Ligaçao on.
-Iza?
-Oi mozão.
-Tem uma cópia da chave da sua casa comigo... Ja que você vai passar a semana toda la, posso ficar na sua casa?
-O que aconteceu?- Seu tom era preocupado.
-As coisas com o Ed estão um pouco... Tensas.
-O que ele fez?
-Nada pra se preocupar.- A tranquilizei.- Só quero ficar um tempo longe, sabe?
-Tem certeza que não foi nada?
-Tenho, Iza.
-Eu te conheço, Ana Laura.
-Relaxa, ok? Vou desligar... Beijos, curte sua viagem.
Ligação off.
Desliguei antes que ela pudesse responder e voltei outra vez para a cozinha.
-Precisa de algo?- Taylor ainda tinha olhar de piedade.
-De uma carona...
-E pra onde é que você vai?
-Pra casa dele.
-Você pode passar uns dias aqui, sabe disso... Adam logo chega de viagem e ele também vai adorar ter você aqui
-Não quero atrapalhar ninguém.
-Não vai, é sério.
-Eu vou ficar bem. Só preciso pegar minhas coisas e ir pra casa da Iza.
-É claro... Iza mora aqui agora.- Ela pareceu mais tranquila.
-Sim... Vou ficar na casa dela essa semana.- Resolvi que era melhor omitir o fato de que Iza estaria viajando.
-Certo. Eu estou atrasada para um compromisso, mas o Austin vai te levar, tudo bem?
Assenti em resposta. Taylor veio em minha direção e me abraçou apertado, antes de sair sem falar mais nada.
Respirei fundo algumas vezes, analisando minha atual situação e então subi para chamar Austin. Bati na porta e esperei que ele abrisse.
-Oi...- Falei assim que vi seu rosto pela fresta.
-Oi...- Ele sorriu fraco e abriu mais a porta.- Entra.
Entrei e me sentei na beirada da cama. Observei Austin recolhendo as roupas do chão e jogando dentro do banheiro. Em outras circunstâncias eu acharia a cena engraçada, mas hoje não havia humor.
-Então... Pode me dar uma carona?- :-! erguntei.
-Posso...- Ele parecia desconfiado.- Pra onde?
-Pra casa do Ed.
-Então eu não posso...
-Austin, preciso pegar minhas coisas.
-E voltar pra cá?
-Na verdade eu vou pra casa da Iza.
-Mas a Iza e o Alex estão viajando.
-Exatamente.
-Você não deveria ficar sozinha, Ana. Está frágil.
-Frágil?- Ri fraco.- Olha, não precisa se preocupar, tudo bem?
-Ana, as vezes nós fazemos coisas estranhas quando estamos frágeis e a melhor coisa é ter companhia e distração.
-Eu não estou frágil, ta legal? Estou com raiva, muita raiva e tudo que eu quero fazer é passar um tempo sozinha. Eu aprecio você e a Taylor quererem cuidar de mim, de verdade, mas eu posso fazer isso sozinha e acho que não aguentaria muito mais tempo desses olhares de pena.
-Eu não estou com pena de você.- Ele riu, me pegando de surpresa.- Você vai ficar bem em alguns dias, mas ele vai ver o quanto foi imbecil e bem, isso é pra sempre...
-Parece que alguém aqui não gosta muito do Ed...
-Só se esse alguém for você, porque eu adoro o cara.
-Sério?- Arqueei uma sobrancelha para ele.
-Sério, mas isso não o torna menos imbecil.
-Certo... De qualquer modo, me dá uma carona?
-Só preciso trocar de roupa...
-Te espero lá embaixo.- Falei sem animação alguma.
Sai da casa e fiquei ali esperando, até me sentir fraca e sentar no primeiro degrau. Ainda esperava por Austin, quando o carro de Ed parou à minha frente. O encarei sem levantar e esperei até que ele descesse do carro e chegasse aos pés da escada.
-Você esta bem?
Não respondi e ele também ficou quieto, até Austin abrir a porta.
-Estava procurando você.- Ele disse para mim, antes de ver Ed.
Ed o encarou por um segundo e olhou para mim outra vez, antes de rir de forma nervosa.
-Sabe, eu achei que pudesse estar errado por talvez estar bêbado demais mas pelo visto, eu realmente estava errado...
-Ed, do que...
-O meu erro foi ter acreditado em você.- Ele completou, me interrompendo.
O observei entrar no carro e dar partida, saindo o mais depressa que conseguiu.
-O que aconteceu aqui?- Austin perguntou com o cenho franzido.
Não respondi, apenas entrei e subi outra vez para o quarto.
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Caso do Acaso
FanficA história começa em 2020. Ana Laura é brasileira, tem 21 anos, aparência um tanto quanto normal, cursa direito e acredita que tudo que acontece é por alguma razão. Teve alguns relacionamentos fracassados que soube superar e mantém um coração cheio...