Capítulo 4 - A conversa II

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– Adele, a nossa história sempre foi pautada em cima da verdade e, acima de tudo, da sinceridade. – Levanto e vou até a janela. – Ela quer sim me encontrar, disse que se arrepende muito do que aconteceu. Quer uma chance, pelo menos de conversar.

Adele levanta a sobrancelha esquerda, sinal de que está muito contrariada com o que está ouvindo.

– Eu tenho vontade de dar uma surra nessa cara de pau. – Levanta e fala indignada. – A idiota não teve coragem de ficar com você quando podia e agora vem com esse papinho. Que droga Mariana! Esse não era o tipo de boas vindas, que achava que ia ter quando chegasse ao Brasil. Antes eu tivesse ficado em casa.

– Ei! Nem brinca com isso Adele! – Eu ando rapidamente até ela e a abraço. – Seu lugar é aqui ao meu lado. Nós vamos aproveitar bastante essa viagem. – Dou um beijo em seu pescoço e vou subindo até chegar na orelha. Dou uma mordidinha, sinto que ela começa a relaxar e falo baixinho. – Ninguém vai me tirar de você meu anjo, você sabe que sou louca por você. Ninguém vai nos separar ou atrapalhar nossas férias.

Quando ela ameaça falar alguma coisa, eu cubro sua boca com um beijo, cheio de desejo. E principalmente cheio de carinho e de amor. Me afasto para olhar em seus olhos e falo.

– Eu te amo Adele. Amo seu sorriso, seus olhos, seu jeito ora doce, ora uma leoa feroz. Amo, principalmente, o jeito que você tá lutando para não me perder. Amo ficar assim nos seus braços e me sentir segura, amada e desejada. Então não fica pensando na Fernanda.

Ela ameaça falar, mas não deixo, coloco o dedo nos seus lábios.

– Me deixa terminar. Eu confesso que encontrá-la no aeroporto mexeu comigo, ela mexe comigo e acho que vai mexer a vida toda, mas isso não quer dizer que vá acontecer alguma coisa entre nós. Não vejo a mínima chance disso.

Adele foge do meu abraço.

– Isso não tá certo Mariana! Você não pode sentir algo por ela, ter a chance de ser correspondida e não correr atrás disso. Eu não quero estar com você sabendo que pensa em outra pessoa. Uma paixão assim, como essa que você sente, não acaba do nada. Ela fica aí escondida. Te perguntando: e se você tivesse tentado mais um pouco? E se você não tivesse ido embora? E se você não estivesse com Adele? E se ao invés de fugir você tivesse ido atrás dela e se declarado abertamente?

Adele fala tudo isso de um só fôlego e senta na cama novamente com um ar derrotado.

– Para Adele! Um monte de "se" não vai mudar o fato de que eu estou com você e te amo! Não vai apagar o fato de eu ter sim me declarado e ela ter dito que só me via como amiga. E pior, não vai apagar o que eu a escutei falando, lá com o amigo dela. – Eu respondo irritada. – Que saco! Você quer mesmo ficar me jogando pros braços dela, é isso mesmo? Eu quero ficar com você! Não faz isso comigo!

Viro de costas e vou em direção ao banheiro, não quero que ela veja que estou chorando. Chorando por conta de ter visto Fernanda no aeroporto. Por saber que estava magoando a minha inglesinha teimosa. Porque só agora, depois de um ano, Fernanda resolveu me procurar.

Adele então segura meu braço, me puxa de volta para ela e enxuga minhas lágrimas.

– Minha linda, não estou te acusando de nada. Eu não estou te jogando nos braços dela e não quero que você se sinta pressionada, mas é uma realidade Mariana. Você pode até me amar, eu acredito nisso, mas você tem uma história com essa mulher que não teve um final. Você se declarou, ela fugiu. Hoje ela veio atrás de você e, eu sei, esse fantasma vai ficar pairando sobre nós. Vai chegar uma hora, que você irá se perguntar se fez a escolha certa.

Tento falar, mas agora foi a vez de Adele colocar o dedo nos meus lábios me impedindo.

– Eu quero você inteira Mari. Só minha. Total e completamente minha. Eu quero ser a única mulher a fazer você suspirar, com quem você vai sonhar e, desejar estar perto. E, principalmente, a única que você vai querer fazer amor bem gostoso, como só você faz. – Adele ainda tem coragem de dar um sorriso sem vergonha que me derrete toda. E volta a falar séria. – Então pensa bem. Se quiser ir atrás dela, conversar, ficar, vai. Aí depois, você volta pra mim, com a certeza de que eu sou a única mulher que você quer.

Recomeçar (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora