Capítulo 3 - A conversa I

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Assim que chegamos à casa da mamãe fui abraçada, beijada e amassada por ela. Foi uma choradeira daquelas. Dona Lúcia não estava mais aguentando de saudades, um ano distante não é nada fácil de aguentar.

Minha chegada terminou em uma festa surpresa com os meus amigos mais chegados e alguns familiares. Luana, a traidora que deve ter contado a Fernanda que eu chegaria de viagem hoje, foi a primeira a me abraçar.

– Você me paga viu sua traidora. Sabendo que eu ia chegar com Adele, você vai e avisa a Fernanda? – Aproveitei para falar ao seu ouvido e ninguém mais escutar.

– Desculpa amiga! Nunca imaginei que ela ia aparecer lá assim de surpresa. Aliás, nem achava que ela ia te procurar. – Defendeu-se Luana.

– Vamos conversar sobre isso depois. – Respondi.

Percebo que Adele não tira os olhos da gente e a chamo para ficar ao meu lado. Ela chega, passa o braço na minha cintura. Eu dou um selinho nela, que, surpreendentemente, ficou ruborizada.

– Anjo, quero que você conheça pessoalmente a Luana. Luana, essa é a Adele. Adele, essa é a Luana.

– Seja bem vinda ao Brasil Adele! Espero que você aproveite bastante sua estadia aqui. – Se abraçam.

– Obrigada, Luana. Também espero me divertir, apesar de ter algumas coisas para resolver em São Paulo.

Percebi que elas, definitivamente, iam se dar bem. Só espero que Adele não descubra que a Fernanda só apareceu no aeroporto, porque Luana abriu seu bocão.

Eu, Luana e Adele ficamos conversando por um bom tempo, mesmo tendo outras pessoas na casa de minha mãe para apresentá-la. Afinal, todo mundo queria conhecer minha linda mulher inglesa, que encantou a todos com seu leve sotaque britânico. E que delícia de sotaque, quando ela falava baixinho no meu ouvido então. Ai que calor!

Bom, voltando aqui. Adele é fluente em português, aprendeu desde criança, porque a mãe dela é brasileira. Agora, ela vai aproveitar que estamos no Brasil para tentar conhecer a família da mãe.

Mamãe percebeu que estávamos dando mostras de cansaço. Afinal, já ia dar uma hora da manhã, foi a deixa dela para que começasse a despachar o pessoal, para que a filha e a norinha pudessem descansar. Depois que todos se foram ela também nos despachou.

– Meus amores, vão descansar! – Disse Mamis, já nos guiando para o quarto.

– Não dona Lúcia, nós vamos ajudá-la a arrumar as coisas. – Adele respondeu.

– Nada disso! Vocês vão descansar. Eu arrumo isso rapidinho. E nada de dona Lúcia. É só Lúcia. – Pegou a Adele de surpresa em um abraço. – Já falei pra você me chamar só de Lúcia, você já é da família meu bem.

Adele ficou vermelha de vergonha. Coisa rara de acontecer, mas ao mesmo tempo deu um sorriso lindo, acompanhado de um beijo na bochecha de mamãe dizendo:

– Tá bom Lúcia. Só vou aceitar isso, porque estamos realmente muito cansadas. A viagem foi bem cansativa, mas a partir de amanhã nós vamos ajudar em todas as tarefas. Obrigada por me receber tão bem, Lúcia! Uma boa noite para você!

– Imagina querida! Só em ver os olhinhos da minha Mari brilhando novamente e saber que você é o motivo, já é o bastante para te adorar também. – Deu uma piscadinha de olho para Adele, que, mais uma vez surpresa, ficou sem saber o que responder. Dificilmente alguém deixava Adele sem saber o que dizer. Resolvi interferir.

– Vamos parar com essa "rasgação" de seda vocês duas que eu tô aqui e também quero beijo de boa noite. – Faço uma cara de safada, sorrio e brinco. – Quero beijo das duas!

Recomeçar (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora