3° Capítulo

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Carta/lembrança.

   Gu.

É tão bom voltar as nossas lembranças boas, principalmente as que tem você.
Voltei ao dia em que estávamos lá na nossa vó, apenas nós e ela.

- Olha a minha sobrancelha, que taturana! - Gu disse olhando-as no espelho da cozinha.

- Estão horríveis. - Ri, encarando-lhe.

- E as suas são lindas né? - Ele disse ironicamente.

- Claro que sim! - Como sou um bom ser humano, quer que eu as tire para você? - perguntei.

- Você vai arrancar minha pele Bia!

- Não vou idiota. - Disse rindo.

- Ta bom então. - Ele concordou.

Me sentei no sofá da sala, e chamei-o.
Coloquei umas almofadas sobre minhas pernas e fiz ele deitar em cima.
Peguei a pinça e comecei a tirar fio por fio. 

- AIIII BIIAA! - Gritou.

- Ai moça! Nem puxei direito. - Ri de seu grito exagerado.

- Cavalona.

- Idiota! Vou arrancar sua pele se ficar reclamando.

Os minutos se passaram, e a cada fio arrancado, um grito dado. Até que terminei.

- Pronto.

- Até que enfim, aleluia, parecia uma tortura. - Riu.

- Exagerado. - Falei, achando o seu comentário elevado demais.

   Ele se levantou do meu colo e foi ao espelho ver o resultado.

- Até que não ficou tão ruim.

- De nada.

- Você é meio chatinha, mas eu gosto de você um pouco. - Ele me disse sorrindo.

- Eu não gosto nenhum pouco de você. - Respondi.

- Sei.

Em seguida, assistimos televisão, comemos algo juntos e conversamos sobre suas "peguetes".
  Mais tarde, minha mãe veio me buscar para irmos embora. Me despedi de minha avó e fui ao encontro do Gu.

- Vou ir Gu. - Preparando meus braços para um abraço.

- Até sexta que vem Bia, passo na sua casa 16:00 para irmos a feira. (Como era de costume todas as sextas)

- A feira só começa 19:30 idiota.

- Mas é para começar a se arrumar às 16:00, você demora demais.

   - Anda logo Bianca! - Escutei minha mãe me chamando.

- Lógico que não. - Retruquei com o Gu e fui em direção ao carro onde estava minha mãe.

- Tchau Vó! Tchau Gu! - Gritei.

- Tchau Bia. - Ele acenou dizendo adeus.
Esse capítulo, me fez ficar morta por dentro por alguns instantes. Só de pensar neste dia, fico com uma vontade imensa de chorar por nunca ter dito o quanto eu o amava. Mas para a minha conformação, eu acho que ele sabia.

Ele era como um irmão para mim, então por favor não interpretem mal esse momento.

Cartas para o céuOnde histórias criam vida. Descubra agora