Capítulo 3

29 3 4
                                    

Juliana não consegue esconder que está puta! Acende o segundo cigarro no primeiro. Suas mãos tremem.
Tiziano não tinha o direito de fazer isso com ela. Enquanto recebia os amigos que chegaram, do quarto, ligou para o pai e convenceu-o a vir buscá-lo.
Quando recebeu a SMS com a mensagem curta do ex marido, foi para o quarto como um bicho e lá encontrou um filho mudo, sem disposição para conversar, mas que maneando a cabeça admitiu tudo. Resolveu que não ia criar um cavalo de batalha por isso. Se Tiziano queria ir com o pai, que fosse!
Fernanda chega na varanda e coloca a mão nas costas da amiga, que não havia percebido sua presença.
- Quer que eu tente conversar com o Tiziano?
- Não. Deixa ele ir. É o que ele quer. O filho da puta do Roberto já está vindo. Pelo visto não foi para a praia com aquela vagabunda ainda. Vão amanhã de manhã. Deixa ele passar o carnaval com o pai.
Dá mais uma tragada profunda.
- Olha, se vocês quiserem ir, tudo bem. Eu fico esperando aquele filho da puta pra entregar o filho dele.
- Nem pensar! Não vou te deixar ficar o carnaval inteiro enfurnada no apartamento, chorando por causa daquele babaca, sentindo pena de si mesma.
- Eu pego um ônibus e encontro vocês lá. Não se preocupa.
- Não tem cabimento. Vamos esperar aqui com você. Ir hoje ou ir amanhã não vai fazer diferença. Ir sem você vai.
Juliana reconhece o carro que para do outro lado da rua. O telefone toca.
- Oi. Tá. Ele está indo.
Ao desligar, sua vontade é de jogar o telefone no pequeno alvo que o carro se tornou lá embaixo, na rua.
Fernanda pega o celular da amiga.
- Deixa que eu levo o Tiziano lá embaixo. Conhecendo bem ele, o Roberto está com aquela piranha no carro. E conhecendo bem você, ela vai ter que digerir esse celular se falar um oi com você.
Fernanda desce com Tiziano e o entrega ao pai. Roberto não sai do carro. Tiziano entra pela porta traseira. O carro vai embora.
Quando Fernanda volta, os olhos de Juliana estão nela.
- É, ela estava no carro. Mas você não tem que pensar nisso agora. Deixa eles irem. Aproveita a casa afastada para acalmar a alma. Eles não valem a pena.
Juliana volta para a varanda e acende o terceiro cigarro no segundo.

***

Se estiver gostando, não deixe de votar ali embaixo e deixar seu comentário!

ClóvisOnde histórias criam vida. Descubra agora