2. O Acidente

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O dia no restaurante foi desgastante e exaustivo e tive até mesmo que chamar a minha avó para levar a Emma para casa, pois não iria conseguir sair a tempo, o que eu detestava, pois o horário supostamente tinha terminado há horas atrás, mas eles aproveitavam a minha situação com uma criança para me escravizarem e obrigarem a trabalhar quase dois turnos num dia, tendo que cozinhar, limpar, colocar as mesas em dia, servir, retirar a loiça, lavar a loiça e ainda ter que voltar a arrumar tudo no seu devido lugar após servir alguém.

Era esgotante. Tinha que limpar a cozinha três vezes ao dia, acender o lume quando estava frio no café, limpar a parte do café e a do restaurante, as casas de banho, e tudo o que existisse necessidade.

A escrava tinha que baixar a cabeça e ir, pois não tinha escolha.

Às onze e meia, quando me consegui livrar daquele inferno mal remunerado, eu estava exausta e a necessitar de um longo banho de água quente, isso, se me pudesse dar a esses luxos, o que definitivamente não podia.

A estrada estava escura e com pouca vida, o que eu agradecia, pois queria realmente chegar rápido a casa para dar um beijo na Emma, que a esta hora já deveria estar a dormir, o que me dava realmente pena, pois eu esforçava-me ao máximo por ela, mas infelizmente estava a perder os melhores momentos da sua vida.

Suspirei, enquanto fazia uma curva apertada, vendo um animal a atravessar-se à minha frente, pelo que me desviei do caminho, sentindo algo a chocar contra o carro, pelo que entrei em pânico, chocando contra qualquer coisa, apagando por um pouco.

Eu senti muito medo quando acordei, quase em pânico novamente, conseguia sentir o cheiro a fumo, pelo que os meus olhos se abriram de repente, conseguindo ver as chamas no capô do carro, o que me fez gritar, com o susto.

Meti as mãos no cinto e tentei tirá-lo fora, mas não consegui, ele estava preso! O que é que eu iria fazer agora?

-SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDE! - Era a única. Coisa que eu poderia dizer, pelo que continuei, querendo que alguém me salvasse, que alguém me ajudasse, mas era demasiado tarde e ninguém passava. - ESTOU PRESA, SOCORRO! - Eu pensava na Emma, queria que ela fosse feliz, que ela tivesse tudo aquilo que eu também tive e possuía, mas iria ser difícil, se eu estivesse morta.

-Oh meu deus, Emma, eu sinto muito. - As chamas queimavam a parte da frente do carro e já deveria faltar pouco para que eu morresse, pelo que sentia as minhas lagrimas a escorrer pela minha face, mostrando que era quase o meu fim, o que era péssimo de se saber.

Algo bateu no meu vidro, partindo-o, pelo que gritei assustada, saltando no banco.

- O que se passou aqui? - Ele tinha algo na mão e passou pelo cinto, cortando-o, pelo que me agarrou logo após e me retirou do carro, logo após eu colocar os braços no seu pescoço, passando com rapidez pelo espaço do vidro.

Ele levou-me nos seus braços, sentindo-nos a atingir o chão, quando o carro explodiu, o que me mostrou que eu agora, iria ter que andar a pé até ao resto dos meus dias.

Chorei de alívio, vendo o meu carro a arder aos poucos e poucos, mostrando que agora, eu estaria tramada.

- Oh meu deus, está bem? - Olhei para o homem que me tinha retirado do carro e consequentemente, salvo a minha vida, pelo que olhei para ele, vendo-o com cara estranha, pelo que tentei entender o que se passava com ele.

Elevei-me, vendo que ele me parecia realmente familiar, pelo que continuei a minha avaliação, vendo que ele estava bem, o que me aliviou um pouco.

- Obrigada, alguma coisa atravessou-se à minha frente na estrada e tive que me desviar! - Nesse momento, lembrei-me que provavelmente tinha-o apanhado com o carro, pelo que olhei para todo o lado, ouvindo um choro quase de criança na estrada, pelo que corri em direção ao carro, deixando o homem sentado no chão, enquanto o carro ainda ardia e o som dos bombeiros e da polícia vinha na nossa direção.

Vi um cão pequeno e assustado a poucos metros do carro a chorar bem alto, assustando-me, pois eu conseguia ver sangue no chão, onde o pequeno animal estava.

- Oh meu deus, eu ainda te apanhei! - Andei lentamente para o seu lado, querendo passar a mão pelo seu pêlo suave, enquanto ele olhava com medo para mim, mas teria que ter calma com ele.

- Está tudo bem! Eu sinto muito! - Tinha receio que o animal me pudesse morder por estar eventualmente magoado, pelo que me aproximei com cautela e cuidado, lentamente, tentando ganhar a sua confiança, o que parecia estar a resultar.

Quando a minha mão ia tocar no pêlo do animal, ele atacou e a minha mão foi retirada do caminho, graças a aquele estranho, que eu não estava a reconhecer, mesmo que ele me parecesse realmente familiar.

- Nunca te tentes aproximar de um animal ferido, ele vai revidar se sentir o teu medo! - Um arrepio percorreu a minha espinha, enquanto olhava para aqueles olhos, que eu reconheci logo na hora, congelando no local, enquanto ele ainda segurava o meu pulso, que me estava a começar a doer com a força que ele me estava a segurar.

- Ainda não sei o seu nome, eu sei que me salvou a vida e me ajudou com o pequenote que tem dores de mais para tentar confiar em mim, mas por favor, pode fazer menos força no meu pulso? - Ele soltou-me nesse instante, atirando o meu braço para longe, não sabendo o que teria feito de mal, para ser tratada assim com tanta indiferença e desprezo de um momento para o outro, mas ignorei-o, elevando-me, suspirando de seguida, vendo-o passar as mãos pelos cabelos, num típico sinal de nervosismo, mas eu, não iria falar nada, apenas iria ficar a observar, pois aquela noite seria longa.

A policia tinha terminado de chegar e a ambulância também, assim como um carro do canil, o que me admirou, mas tinha que ter dedo daquele homem ali!

Queria ir para casa, queria abraçar a Emma e contar tudo o que tinha acontecido, mas teria que fingir que nada se tinha passado, era tudo um pouco demasiado para uma criança de três anos!

Tinha era que comer qualquer coisa e descansar, ainda não tinha parado um segundo sequer para isso, o que me estava a matar! Felizmente, a adrenalina, ainda estava no meu sistema, o que mostrava que eu ainda tinha que lidar com o cansaço e o stress que tinha lidado nesse dia.

Os bombeiros começaram a apagar o fogo do meu carro, completamente carbonizado, mostrando apenas a sua estrutura metálica, ao mesmo tempo em que as lágrimas escorriam já pela minha cara, a polícia andava de um lado para o outro, escrevendo num papel estranho, o canil já tinha apanhado o pequeno cão, e eu, cada vez me sentia mais fraca, era tudo um pouco de mais, tudo acontecia rápido de mais, apenas queria descansar um pouco, não queria nada disto!

Tudo ao meu redor rodava, a minha cabeça latejava e eu apenas queria chegar a casa! Eu apenas queria ir para casa. Senti-me a inclinar para a direita, e antes que pudesse fazer algo, o meu cérebro já tinha desligado completamente, sem saber como as coisas seriam daqui para a frente.

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OLÁ!!!! como estão?
Não sejam leitoras fantasmas, se quiserem capítulos, mostrem que estão ai, quero ouvir as vossas opiniões!

Beijinhos p/todas

Chefe Sem LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora