8 - O Desenrolar de mentiras

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A pequena pulava ao meu lado a comer uma sandes que tinha preparado, mas que ela não comeu na creche pois adormeceu na hora da história, mostrando que muito provavelmente, ela não iria virar escritora ou ter qualquer tipo de interesse na sua língua materna, mas ainda não me preocupava muito com isso, pois ela ainda era pequena e tinha um mundo de possibilidades pela frente, assim, eu apenas esperava que ela tivesse saúde e fosse feliz.

Caminhávamos lentamente até ao parque, quando ela gritou novamente, vendo um baloiço novo que tinha sido instalado estes dias e ela não descansava enquanto não ia para lá e eu, a puxasse.

- Mamagande, quero ir ali! – Ela puxava a minha saia e eu sorria, vendo ainda metade da sandes na sua mão, querendo ao menos que ela terminasse de comer, antes que ela fosse para lá!

- Pequena, vamos sentar-nos em primeiro enquanto tu terminas a tua sandes e depois, eu prometo que te empurro no baloiço pode ser? – Ela fez aqueles olhos de súplica que eu não conseguia recusar nada, mas dessa vez, eu fui firme, pois era a saúde dela que estava em jogo e ela tinha que se alimentar. – Oh meu amor, tu ainda não lanchaste, eu prometo que quando terminares, o baloiço ainda estará ai!

Ela fez beicinho, mas peguei nela e sentei-a no meu colo, olhando para as outras pessoas a passearem no parque, todas elas na sua vida, alheias a qualquer tipo de coisa que se passava na rua, quase como se não vissem ninguém a não ser elas mesmas, se um espelho estivesse á frente!

- Mas mama, eu quero ir agora! – Eu sorri, vendo o mesmo argumento que eu dei á minha ama, quando ainda a tinha, vendo que apesar de tudo, naqueles tempos, tinha sido feliz.

- Vamos fazer assim, vais comer a tua sandes, depois, eu irei empurrar-te tão alto que quase conseguirás tocar o céu, pode ser? De barriga vazia, eu não empurro o baloiço! – Ela suspirou contrariada, mas eu sabia que estava a fazer o melhor para ela, além de a estar a tentar a ensinar a pensar um pouco na sua saúde, eu também queria que ela aprendesse a ser persistente e responsável.

Sabia que ela queria ir já, mas felizmente aceitou a minha condição, comendo calmamente até que um malamute se atravessou no nosso Caminho, vendo-a gritar com rapidez novamente, cheia de empolgação.

- Bebé, não grites tanto, o cão irá assustar-se! – Estendi a mão e ele veio logo ter comigo, não vendo o seu dono em lado nenhum, o que era estranho. Será que o cão lhe tinha fugido?

Levantei-me do banco, vendo a Emma a dar um pouco do pão ao Rex, mas não me importei, ela era mesmo assim, com todo o animal que via na rua ela pedia comida para lhes dar. Tivesse dono, ou não.

- Harry? – Olhei em volta, pegando na mão da Emma e levando-a comigo á procura dele, vendo o animal a seguir-nos, como se fossemos donos dele, o que era muito bom de se ver, apesar daquele cão ainda vir a ser maior do que a Emma, sentia-me segura com ele.

Andámos uns cinco minutos á espera, até que o avistei ao longe, vendo o Harry na conversa com uma loira que me lembrava de ter visto num prédio, onde tinha entregue o meu currículo, não á muito tempo atrás, tentando compreender, qual era o tipo de relação entre eles os dois, pelo que me aproximei um pouco, pegando na pequena ao colo, apercebendo-me muito pouco do que quer que seja que eles estavam a conversar.

- Harry, perdeste-te do Rex? – o cão manteve-se ao meu lado, olhando para eles, sentindo o ímpeto de pedir desculpa por ter interrompido a conversa, mas não o iria fazer. Não agora, á frente daquela, enquanto o via tão tenso que até doía.

- Lucy, vão para o baloiço, eu já lá vou ter, por favor! – Eu não entendia o que se passava, mas apenas acenei, voltando-me o para o mesmo local, onde antes estava sentada, suspirando contrariada, mas também não iria forçar a minha presença.

Chefe Sem LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora