Capítulo 5

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Jessica entra no quarto pouco tempo depois e se joga na cama. Me olha e sorri, dizendo em seguida:

- Então... Já teve a honra de conhecer o Ryan?

- É, infelizmente sim.

- Está tudo bem? Você parece estranha...

- Só queria sair daqui.

- Seu motivo para entrar aqui foi ridículo. Se você se comportar bem, na primeira vez que precisarem de vaga aqui, você sai. Só evita confusão.

- Fala isso para o babaca do Ryan.

- Ele é bem... Arrogante, mas é bem gato. Ele também é um imbecil na maior parte do tempo, porém não é tão ruim depois que conhece ele melhor.

- Parece que o conhece bem...

- Ah, somos próximos. Ele é um dos poucos amigos que tenho aqui.

- São todos como ele?

Ela ri e está prestes a responder quando Ryan abre a porta do nosso quarto, tão pálido que parece prestes a desmaiar. Seus olhos estão vazios. Ele parece... Desesperado. Jessica levanta e vai à sua direção perguntando:

- Ryan? Você está bem? O que aconteceu?

- Jess... É o Matt... Eu... Eu acho que ele está morto. Ele... Está parado no lago, pálido e frio... E não acorda. A culpa é minha... Eu briguei com ele e ele ficou chapado.

Minha cabeça está a mil, não faço ideia de quem seja o Matt, mas alguém morrer assim tão perto de mim... Parece surreal. Minha colega de quarto solta um grito:

- MEU DEUS! PUTA QUE PARIU RYAN, ISSO NÃO ESTÁ ACONTECENDO!

- Alguém... Precisa ir lá.

- Vamos!

- Eu, eu não quero ir. Não consigo... Desculpa.

-April, vamos comigo... Preciso de ajuda.

Olho para ela que parece que vai cair com qualquer vento. Respondo, apreensiva:

- Eu, não sei se é uma boa ideia.

- Por favor...

Acabo cedendo e seguindo a menina desesperada na minha frente, deixando para trás, sentado em minha cama, o menino inconsolável que briguei algumas horas atrás.

Quando chegamos ao lago, vejo um menino de cabelo negros deitado no chão. Ele está frio, assim como foi dito, mas não poderia ser diferente, estamos numa temperatura de 9°C e ele só está vestindo uma camisa de manga comprida fina e uma bermuda. O garoto está entrando em hipotermia, mas ainda não está morto, descubro isso checando sua pulsação.

- Ele não está morto ainda, mas não vai demorar muito para ficar se não o levarmos agora até a enfermaria.

Jessica concorda e diz que vai buscar ajuda para carregá-lo. O que imagino ser uns dois minutos depois, a diretora do reformatório aparece e me olha com os olhos arregalados.

Penso em algo para dizer, mas sei o que ela está pensando. Olho além da mulher na minha frente e vejo a Jessica com mais dois meninos atrás dela. Um deles, claro... O Ryan.

A diretora segue o meu olhar e olha para os três parados a poucos metros de mim. Ela respira fundo e diz:

- O que está acontecendo aqui?

- Encontramos ele aqui, íamos levá-lo para a enfermaria.

- Levem ele, passem na minha sala depois. Os quatro!

Ela me lança um olhar de desaprovação, virando as costas para mim. É o meu primeiro dia aqui e já me meti em encrenca, isso vai prolongar minha estadia aqui. Que inferno! Eu nem fiz nada... E nada disso me cheira bem.

Perigosa AfeiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora