Capítulo 6

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Depois de levarmos o Matt na enfermaria, seguimos até a sala da diretora. Eu estou realmente com muita raiva, o olhar da diretora me disse que estou encrencada. E tudo o que eu menos preciso é de uma confusão. Preciso sair daqui.

Estou entrando em pânico, não fiz nada, só tentei ajudar... Não era para estar aqui, esperando ser chamada. Para começo de conversa, não deveria nem estar nesse inferno de reformatório.

Ryan está me encarando, o que está me irritando mais ainda. Desvio o olhar várias vezes até perder a paciência e perguntar:

- Algum problema?

Seu rosto fica vermelho, mas ele me oferece seu sorriso irônico e diz:

- Tirando o fato de estar esperando em uma fila para receber uma bronca idiota, está tudo em ordem. E com você?

Reviro o olho para ele e começo a descascar o esmalte da minha unha como passatempo, na verdade é porque estou nervosa.

- Você não deveria estar aqui. Ele me diz.

- Eu sei.

- O que aprontou para te trazerem para cá?

- Matei um gato.

- Legal seu senso de humor, mas estou falando sério, o que fez?

- Também estou falando sério. Foi só o que eu fiz, o resto foi armação do babaca do meu padrasto para me enfiar aqui.

- Que otário.

A conversa termina assim. Ficamos em silêncio até a diretora chamar. Entramos todos ao mesmo tempo e sentamos num sofá acolchoado enquanto ela mexe em uma papelada. Até que finalmente diz:

-Bem, o Matt está mal, teve uma overdose e quase uma hipotermia. Não sei como tiveram acesso às drogas, mas vão responder por isso. Tivemos informações de que vocês andam muito com ele...

- Isso não quer dizer que também usamos. Ryan a interrompe.

- Calado Scott. Como estava dizendo, encontramos três pacotes de cocaína na árvore que vocês costumam ficar. Como não posso ter certeza de quem está ou não envolvido, todos vão pagar.

- A April também? Jessica pergunta.

- Para a minha surpresa, descobri que em seu primeiro dia aqui, ela teve a incrível sorte de se envolver com as pessoas certas... Sim, ela também vai arcar com as consequências, levando em conta o fato de que foi ela que estava do lado dele no lago quando o encontrei.

- Sim, porque graças a Deus ela tem um nobre coração e parou para ajudar o garoto, o que tem de errado nisso? Ryan diz.

Não sei porque ele está me defendendo, pensei que me odiasse, começo a gostar um pouco mais dele.

- Como eu disse, não tem como saber quem está ou não envolvido. Sinto muito April, espero que aprenda a se envolver com as pessoas certas. Essa ocorrência vai ser anotada na ficha de cada um de vocês.

Solto um suspiro de frustração, lá se vai minha chance de sair cedo daqui. Ryan me olha e balança a cabeça. A diretora continua:

- Vocês vão fazer serviço voluntário em uma creche e em um asilo por duas semanas, dividirei vocês em duplas.

- Não é voluntário se eu estou sendo obrigado a fazer. Ryan diz.

- Você vai ser obrigado a fazer muito mais coisa se não calar a maldita boca Scott. Deveria me agradecer, ambos sabemos que aqui não é o seu lugar. Deveria ser muito grato por te manter aqui.

Afundo-me no sofá, desejando que Ryan cale a boca para não irritar essa mulher ridiculamente elegante sentada na minha frente, que pode interferir em todo o meu futuro.

- April e Ryan vão para a creche. John e Jessica para o asilo. Espero que façam as coisas certas, serei informada de cada passo que derem. Começarão amanhã. Estão dispensados.

Olho para Ryan e não consigo segurar meu riso, ao imaginá-lo cuidando de crianças. Ele me olha e quase vejo um sorriso em seu rosto, mas em seguida ele fecha a cara e desvia o olhar. Vou para o meu quarto.

Perigosa AfeiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora