Capítulo 15

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- Cadê a Jessica? - Pergunto.
- Não faço ideia. - Ryan responde.
- Você disse que ela estava me procurando.
- Não está! O que você tem na cabeça de ficar perto daquele cara?
- Eu não estava... Fui fazer uma pesquisa e ele chegou com uma garota do nada e começou a falar comigo.
- Fica longe!
- Agora é você que decide com quem eu ando?
-April...
- Tá, tudo bem. Não faz diferença mesmo. Uma pergunta... Como sabia que eu estava na biblioteca?
- Você não estava no resto do reformatório então...

A diretora reuniu todos na quadra, ao que parece ela trouxe um psicólogo famoso e algumas pessoas com históricos de superação para fazerem uma palestra... Entediante! Tudo bem que tem pessoas aqui que precisam, mas eu só matei um gato. Pessoas matam animais maiores por simplesmente se divertirem ao caçar, inclusive gatos, em quem atiram com chumbinho.

Sento-me com o John, Jess e o Ryan. Depois de alguns minutos, me ocorre que se todos estão aqui, esse é o momento ideal para tentar entrar na sala de arquivos.

Ryan está com a mão na minha coxa, o que é um pouco estranho. Acabo lembrando que ainda não falei com minha mãe depois do que aconteceu com o Josh, ligo para ela mais tarde. Preciso sair daqui... Sem ser notada. O que não é tão difícil na verdade.

Levanto e o Ryan segura meu pulso perguntando:
- Onde vai?
-No banheiro... - Reviro os olhos.

Sigo para a sala, não vejo ninguém além da mulher quase idosa que cuida da limpeza, consigo passar sem que ela me veja. A porta como era esperado, estava trancada por um cadeado. Não posso quebrá-lo, pois seria bem óbvio, então tento abrir com um grampo de cabelo. Não é tão fácil quanto parece nos filmes, mas eu já tinha feito uma vez com o Josh... Ele deve ser acostumado a fazer isso. Idiota!

Depois de alguns minutos que mais parecem uma eternidade para quem está com o rabo entre as pernas, consigo finalmente entrar. Encosto a porta e caminho entre as prateleiras que sustentam enormes caixas.

Procuro pela letra N e demoro uma vida para achar. A sala está escura e não posso acender a lâmpada, o que torna tudo mais difícil, levando em conta que só uma fresta de luz entra pela janela. Acabo achando a caixa e sento próximo da janela para enxergar melhor.

Abrindo a pasta da Nicolly, vejo seus dados:
   Nascida no Kansas em 17 de outubro de 1998, destinada ao reformatório por asfixiar a mãe enquanto dormia por ter negado dinheiro para drogas. Filha de um traficante perigoso era usada como " aviãozinho" para a distribuição das drogas.
     Morta em 21 de julho de 2013, foi afogada no lago por dois jovens infratores residentes do reformatório.
Motivo do assassinato: Drogas.
Punição: O mais velho fora encaminhado para a prisão, condenado à 18 anos.
O menor de apenas 16 anos, fora mantido dentro do reformatório sob punições severas. O delito do mesmo fora mantido em segredo para evitar tumultos e conflitos internos.
 
Aí meu Deus... A Jessica tinha me dito que só um garoto tinha assassinado a Nicolly, se um foi mantido em segredo... talvez seja isso que ela quer me mostrar nos sonhos, que o Ryan a matou também.

Sinto uma mão em meu ombro, solto a caixa que segurava, juntamente com um grito de susto. Me viro e vejo o Ryan parado atrás de mim.

- Pode me dizer por que merda você está aqui? - Ele me pergunta.

- O que você está fazendo aqui?

-April... O que é isso?

Ryan agachou e começou a mexer na caixa, droga! Estou ofegante, pelo susto... E pelo que está prestes a vir. Não sei onde estou me metendo.

- Puta merda! Você... Você não continua  com essa história da Nicolly... Por favor me diz que não garota...

- Foi você não foi? - Sei que estou ativando uma bomba, mas já entrei nessa e agora vou até o fim.

- Como é? Está louca?

- Você ouviu muito bem a pergunta Ryan... Foi você o menor que foi mantido aqui com o assassinato em segredo, não foi? Foi você que matou a Nicolly, NÃO FOI? SEU CRETINO... VOCÊ TAMBÉM MENTIU PARA MIM!

- April...

- SAI DA MINHA FRENTE SEU PUTO! QUE NOJO DE VOCÊ, TENHO NOJO DE TER BEIJADO VOCÊ! NÃO ME TOCA NUNCA MAIS! VOCÊ É DOENTE.

Vejo sua expressão derreter, a tristeza invade seus olhos e talvez... Apenas um talvez, a culpa.

- PARA DE GRITAR PORRA!  Vão pegar a gente aqui... - Ele diz.

Começo a chorar, não consigo acreditar no que li. não acredito que minha mãe me pôs nesse lugar, com pessoas tão doentias. Ryan segura meu pulso e eu tento me afastar, mas ele segura o outro forçando-me a encará-lo.

- April...por favor...para! Eu... Te conto tudo. Não conta para ninguém... Não se afasta de mim.


Olho para ele, está quase me implorando. Sei que devo correr para longe desse menino agora mesmo, é o que meu consciente diz... Mas meu coração faz com que eu concorde sem nem perceber.

Perigosa AfeiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora