Cap. 1

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Acordo com o meu irmão fazendo barulho no meu quarto. Levanto a cabeça irritada para olhar o que ele está fazendo que não consegue fazer em silêncio. Ele está fuçando meu guarda roupa com um taco de beisebol na mão, parece super nervoso.

Luna: O que você tá fazendo, nanico? - pergunto começando a achar graça da frustração dele.

Guto:
Minha bola! Tava jogando no jardim com o Lucas. Arremessei a bola pela sua janela. Só pode ter entrado aqui, mas não acho nada, porque seu armário é uma zona. Parece que um tsunami zumbi saiu daqui de dentro!

Começo a rir de sua raiva, do meu bolo de roupas e da sua imaginação gigante. Ele me olha mais irritado ainda, como se a culpa fosse minha por ele jogar a bola dentro do MEU quarto e do MEU guarda roupa. Levanto e tento ajudar ele a achar.

Luna: Aqui, está aqui na prateleira de cima! Você não viu porque é muito nanico. - Ele me olha com raiva e sai correndo do meu quarto, provavelmente pra voltar a jogar.

Gustavo é meu irmãozinho mais novo, tem 7 anos. Quando ele nasceu ele era muito miudinho, cresceu bastante, aposto que vai ser tão alto quanto meu pai, mas continuo chamando-o de "nanico". Ele tem adoração pelo estagiário da minha mãe, o idiota do Lucas.
Minha mãe trabalha em uma empresa de criação e desenvolvimento de brinquedos. A mãe do Lucas morreu quando ele era bem pequeno, e minha mãe é madrinha dele, por isso sempre levou ele pra ir trabalhar com ela quando ele era pequeno, agora que ele faz faculdade de publicidade faz estágio na empresa dela.

Procuro no meu buraco de tsunami zumbi alguma roupa interessante para ir para a escola. O nanico tem razão, eu preciso dar uma arrumada nessa confusão de roupas. Decido vestir uma saia azul escura e um suéter que fica bem no meu corpo. Entro no banho e 1 hora depois estou pronta. Sim, demoro muito pra me arrumar, mesmo não estando perfeita pra uma festa ou qualquer coisa do tipo, sempre demoro me arrumando, até pra ir à esquina. Desço e encontro meu pai tentando fazer panquecas com a minha mãe sentada na bancada rindo das suas tentativas falhas.

Luna: O que está acontecendo aqui, gente? - pergunto, rindo do desastre.

Mãe:
Seu pai essa manhã me disse que fazer panquecas é muito fácil e que eu podia tentar fazer algo mais gostoso para o nosso café da manhã. Desafiei-o a fazer panquecas então, já que é tão fácil assim. E esse foi o resultado! - Ela responde em meio a gargalhadas.

Pai:
Eu desisto! - Meu pai desliga o fogo e joga as panquecas fora. Sua reação é engraçada, não sabe se ri da cara da minha mãe de "eu te avisei" ou se fica com raiva de si mesmo. - Já sei, hoje vamos comer uma coisa muito mais gostosa que panquecas. -acrescenta tirando a caixa de pizza de dentro da geladeira - Pizza gelada de ontem! - diz olhando pra gente com um sorriso buscando aprovação.

Luna: Adorei, papai! Vou pegar um pedaço e ir comendo no caminho da escola, to super atrasada! Será que o Miguel não me leva de carro? - pergunto pegando minha pizza dormida e olhando para os dois.

Mãe:
Duvido! Seu irmão chegou ontem de madrugada. Não vai querer levantar nem arrastado.

Luna:
Mesmo assim, vou tentar! - falo já subindo as escadas rumo ao quarto dele.

Miguel é meu irmão mais velho, tem 19 anos. É um ano e um dia mais velho que eu. Meus pais dizem que depois do aniversário dele eles estavam tão felizes, foram comemorar e eu sou o resultado. Ganharam uma "lunática" de presente. Meu nome é Luna, minha mãe era apaixonada pela personagem de uma criança de um filme antigo que tinha o mesmo nome. Não gosto muito, pois meu nome é o centro de várias piadinhas do Miguel.

Quando entro no quarto ele está jogado na cama, de tênis e com a mesma roupa de ontem à noite, provavelmente chegou bêbado.

Luna: Miguelzito, que tal acordar e dar uma carona pra sua melhor irmã? - pergunto falando bem alto tendo certeza que ele vai acordar.

Miguel:
Lu, você é minha única irmã! E eu não vou te levar, sai daqui e para de gritar. - responde com a cara no travesseiro, sua voz está abafada.

Luna:
Por favor! Faço o que quiserrrr! Por favorzinho. Te amo e to atrasada!

Ele levanta, olha pra mim com um olhar supermalicioso.

Miguel: O que eu quiser?

Luna:
Ahammmmm!

Miguel:
Ok. Vamos! No caminho te explico o que eu quero.

Luna:
Tá. - ajudo-o a levantar e descemos em direção à porta de casa.

Meus pais não estão mais na cozinha devem ter subido pra se arrumar. Quando saio o Lucas quase acerta a bola na minha cara. Olho pra ele com raiva, tenho certeza que foi de propósito. Nos odiamos desde sempre. Na verdade, ele me odeia, não sei o motivo. Mas eu o odeio porque ele me odeia.

Luna: Valeu Lucas. Da próxima vez pratica mais a mira! - digo, olhando pra ele com raiva.

Lucas:
Pode deixar, princesa! - ele responde com um sorriso debochado.

Ele me chama de "princesa" desde que fomos pra praia um dia, faz uns 9 anos, e eu fiquei o dia inteiro construindo um castelo de areia. No final do dia, quando eu tinha acabado, eu fui brincar com o Anakin, nosso cachorro, e ele saiu correndo atrás de mim e eu caí em cima do castelo. Fiquei toda suja de areia. Ele disse na hora "a princesa finalmente conseguiu entrar no castelo!" e não parava de rir por um segundo.

Miguel: Vamos, Lu! - disse entrando no carro.

Entrei no carro e meu irmão tava me olhando rindo.

Luna: O que foi? - pergunto sem saber o motivo da risada.

Miguel:
Um dia você e o Luke vão casar, tenho certeza! - responde ainda rindo.

Luna:
Claro, talvez no dia que um tsunami zumbi sair de dentro do meu guarda roupa!

Miguel:
Como assim? - pergunta com cara de confuso.

Luna:
Nada. Coisa do Guto!

Miguel:
Ah sim.

Luna:
Então, o que você quer pela carona?

Miguel:
Você vai conseguir que a sua amiga, a Mari, saia comigo!

Luna:
O que? Você nunca se interessou por ela, ela sempre viveu aqui em casa e você a trata como se fosse uma das amiguinhas do Guto.

Miguel:
Mas ela deu uma mudada esse ano, tá mais bonita e interessante. Tá gata!

Luna:
Vou tentar, mas não acho que vai dar certo. Nunca nem imaginei vocês juntos.

Miguel:
Faça seu melhor, já é o suficiente - responde me dando um beijo na testa e me deixando na porta da escola.

Luna:
Vou fazer. Tchau, chato!

A princesa e o sapoOnde histórias criam vida. Descubra agora