CAPÍTULO 6

69 20 39
                                    

Policiais lotavam o quarto várias vezes por dia na tentativa de arrancar algo de Brandon, uma confissão ou uma pista qualquer sobre seu amigo da floresta enquanto Anna Léia se esforçava para não ter outra parada cardíaca repentina.

A noite chegou mais rápido que de costume naquele dia, deixando os dois jovens inquietos, Brandon ameaçou perguntar novamente sobre o ocorrido do dia anterior mas a garota era esperta, Anna Léia havia notado a movimentação no quarto durante a noite passada e avistará antes de todos as câmeras escondidas pelo quarto.

- Venha até aqui garoto!

Ela deixou seu tom de voz agressivo, intimidador e despressivel como alguém superior a Brandon que precisava de um serviço do empregado.

- Por que está falando assim?

Brandon não entendeu de imediato a situação que estava acontecendo naquele instante mas Anna arranjou uma maneira de sinalizar a câmera para o garoto que não pensou antes de se aproximar.

- Estão nos vigiando?

- Sim, eu vi enquanto dois homens colocavam elas pelo quarto.

- Elas?

- Quatro, uma em cada canto.

- O que vamos fazer?

Anna Léia sentou-se em sua cama aproximando ainda mais sua face da de Brandon como quem iria sussurrar em seu ouvido mas o que ela fez foi totalmente inesperado.

- Por que fez isso?

- Cala a boca e continua me beijando!

Não demorou para alguém entrar no quarto, Anna não parecia surpesa já Brandon pensava no pior.

- Preciso de amostras de sangue dos dois, me acompanhem.

- Querida eu estou presa nesta cama, creio que precise de óculos para ver melhor!

Brandon apena ri da situação enquanto a enfermeira retira as agulhas dos braços da garota. Mais que depressa Anna sinaliza para Brandon deixando claro que seu plano foi um sucesso, os dois ficariam por cerca de meia hora sozinhos na sala de coleta antes de que a doutora chegasse e mais ou menos uma hora após ela sair, tempo suficiente para conversarem e criarem uma forma de se comunicar sem que as câmeras flagracem nada.
- Eu vou fugir Bran!
- O que? Se você fugir eles irão me culpar!
- Venha comigo, vamos para o Brasil, ambos temos passaporte e eu tenho dinheiro suficiente escondido em um lugar perto daqui.
- Anna há dois dias atrás você nem sabia onde estava!
- Agora eu sei, estamos no hospital Central, próximo a praça principal, aquela da estatueta estranha.
- Isso é loucura, assim que derem falta de nós todos os aeroportos serão interditados!
- Brandon você fugiu pela floresta maldita, sair de uma cidade não será difícil.
Os olhos de Anna brilhavam e um sorriso avassalador tomava conta de sua face, sua pele se iluminara com a luz amarelada tornando difícil negar qualquer que fosse o pedido que saísse daqueles lábios cor cereja, Brandon então tomou a decisão mais perigosa de sua vida, ele beijou Anna Léia em um ato involuntário enquanto um "vamos nessa" saía abafado de seus lábios.
- Eu dirijo!
- Não mesmo! Se você resolve morrer de mentirinha no meio da fuga quem vai morrer de verdade sou eu!
- Não vou "morrer de mentirinha".
-Sempre que algo difícil esta para acontecer ou sem respostas você morre!
- Não vamos encarar isso como uma morte Bran mas vai fundo dirija.
- Encare como quiser, para mim você morre e depois resucita!
- Bran eu não sou Jesus, para de ser paranoico.
- Tudo bem Léia, vamos logo  antes que de tudo errado.
- Pensamento possitivo este seu.
- Não provoca!
Brandon ligou o carro e saiu o mais rápido que pode de dentro do hospital, Léia havia escondido o passaporte, dinheiro e algumas roupas perto dali para uma emergência, já Brandon teria que ir até sua casa na cidade vizinha, por sorte ele morava com uma senhora de idade que já não ouvia muito bem e não representava ameaça alguma para a fuga de ambos.
Já na estrada Brandon parecia focado no rádio, não deixa que uma música passasse sem que sua voz fizesse uma segunda voz para o cantor ou banda original, ao seu lado Léia escorava sua cabeça na janela, parecia distante, seus pensamentos à levavam para o Brasil no ritmo de see you again e por algum motivo a floresta maldita havia desaparecido de seus pensamentos, chuva começou a cair do céu e se fez neblina dificultando a visão da estrada mas a garota não se incomodou com isso, seu reflexo na janela do carro mostrava uma garoto de cabelos quase brancos e cheia de vida mas não era assim que ela se sentia, lágrimas começaram a surgir em seus olho, nesse instante seu reflexo sumiu e ela via apenas sua mãe Juliana olhando uma foto em seu celular quando o mesmo toca, Juliana atende assustada perguntando o motivo da ligação mas apenas um choro de mulher é ouvido do outro lado da linha.
- Léia, está tudo bem?
A garota continuava distante, perdidas no que poderia ser uma memória, uma garotinha dos cabelos claros e enrolados adentra o quarto abraçando Juliana por trás e Léia pode ouvir sua voz vindo da pequena garotinha,"mamãe não chore, eu te amo".
- LÉIA! Ai meu Deus, será que ela "morreu" novamente?
Brandon checa a respiração de Léia que está normal e tenta assoprar seu rosto mas a garota desperta de seus pensamentos socando o braço de Brandon.
- O que houve Anna?
- Eu vi minha mãe ao telefone e havia uma mulher chorando muito, era a mesma de uma foto que mamãe olhava antes do telefone tocar.
- Você é muito estranha garota.
- Eu estranha?
- Sim, ninguém normal faz essas coisas que você faz.
- Me deixa babaca!
-Sem agressividade Léia.
-VOCÊ SABE QUE EU ODEIO SER CHAMADA APENAS R LÉIA!
- Sei sim, não precisa gritar, gosto de te ver assim toda bravinha.

O MISTÉRIO DO FANTASMA Onde histórias criam vida. Descubra agora