capítulo 17

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Anna Léia acordou no dia seguinte com uma tremenda dor de cabeça, ela chorou tanto quanto a mulher que agora dormia no quarto onde o padre deveria estar, as suas esperanças de que Brandon voltaria a respirar haviam morrido com a lua que se deitará ao amanhecer, as luzes piscavam em toda a capela, a chuva havia também dado uma trégua mas os raios e relâmpagos ainda faziam seu show de luzes e sons pelos céus.
- Hora de acordar minha filha!
- Que horas são padre?
- Quase nove horas da manhã, organizei uma pequena bandeija para seu café. _ O padre foi saindo da sala antes mesmo de que a mulher falasse algo.
- Padre espere, eu quero tomar café com os jovens que chegaram ontem a noite.
- Tem certeza minha filha?
- Sim, se realmente for ela, se for a minha filha, finalmente terei a coragem de contar a ela toda a verdade!
- Se é o desejo do teu coração assim o farei.
Finalmente o padre sai do quarto, ele anda calmamente pelos coredores observando as luzes que ainda piscavam, ao se aproximar do quarto ele fica ainda mais em silêncio, encosta seu ouvido na porta mas tudo que ouve são alguns gemidos masculinos, mais que depressa ele abre a porta e encontra Anna deitada de bruços, ela parecia não respirar, já Brandon gemia pela dor que sentia em sua cabeça, o padre tentou levanta-lo ao mesmo tempo que chamava por Anna mas ela não acordava, Brandon reunia todas as suas forças para que não fossem descobertos.
- O que houve?
- Vocês chegaram na tempestade, você parecia quase inconsciente.
- Não me lembro de nada...
- Vou fazer um curativo enquanto sua amiga não acorda.
- Anna não acorda fácil.
- Ela parece não respirar!
- Esta tudo bem, as vezes ela parece mesmo estar em coma durante seu sono, é totalmente normal!
- Vou terminar de por o café, acorde-a e venham, as 09:15 mais nada estará disponível!
- Estaremos lá em dois minutos, aliás muito obrigado por nos acolher.
Brandon não sabia se Anna estava de fato dormindo ou havia tido mais uma de suas mortes repentinas mas sabia que teria de acorda-la logo para que pudessem sair dali logo. Por sorte a garota não demorou para acordar, estava assustada e soando frio, sua respiração pesada e ela não conseguia falar absolutamente nada, apenas olhava para Brandon.
- Anna temos 10 minutos para chegar na cozinha, tomar café e sair daqui com algum mantimento!
- Bran você está vivo!!!! _ Anna grita enquanto se joga para cima do garoto que fica sem entender nada, ele não fazia ideia do que estava acontecendo.
- Do que esta falando Anna?
- Você estava morto, fomos levados para um lugar que parecia um IML mas eu fugi e roubei você. ..
- como assim eu morri? E se eu estava morto você roubou um cadáver?
- Você foi encontrado sem vida, eu fui resgatada com vida e depois tive um daqueles desmaios com visões, eles acharam que eu estava morta e me levaram para junto de ti, la durante a tempestade fugi e comigo levei o seu corpo.
- E se eu não tivesse voltado a vida?
- Não sei o que eu faria!
- Bem deixa isso para la, troque de roupa, te espero la na cozinha!
- Certo, estarei la em 5 minutos.
- Acaba as 09:15 não se esqueça!
- Não vou!
Brandon sai do quarto lentamente, as luzes se apagam deixando o corredor iluminado apenas pela luz das velas que o padre acendera ao sair do quarto, ele ainda sente dor, está complicado andar sem falar que ele não conhecia o lugar para onde deveria ir, aos poucos ele vai chegando perto do salão da Catedral, o padre avista Brandon andando sem rumo olhando para as imagens espalhadas por toda a parte.
- O que fez aqui garoto?
- Estava procurando a cozinha.
- E sua amiga?
- Ela está troucando de roupa e logo vem.
- Certo, a cozinha fica na segunda porta ao fim do corredor.
Brandon seguiu pelo corredor, ele nem imaginava por tudo que ainda iria passar, ainda de frente para porta o garoto começa a lembrar da família, de sua mãe se despedindo antes que ele fosse para aokigahara com o amigo, a forma como ele a tratou e de como desejou que ela estivesse morta, mal ele sabia que por obra do destino sua mãe teve a chance de estar ali e de lhe dar a vida, as lágrimas foram tomando conta de seu rosto enquanto ele empurrava a porta com força, ele pensava estar sozinho na sala mas para sua surpresa outra pessoa já estava la, Brandon seca suas lágrimas num ato de egoísmo.
- Como você chegou aqui tão rápido? E o que fez nos cabelos?
- Você deve ser Brandon, sente-se.
- Anna Léia não comece com suas paranóias!
- Então o nome dela é mesmo esse...
A voz da mulher travou, os olhos de Brandon ficaram arregalados, ele estava em choque e ao mesmo tempo com raiva pensando ser mais uma das crises de Anna, ele só percebeu o que estava acontecendo quando a garota chegou atrás dele chamando por seu nome e colocando uma das mãos em seu ombro.
- O que está acontecendo aqui!?
- Fique calmo garoto, sentem-se logo, temos muito o que conversar!
- Como você pode ser tão parecida comigo?
A mulher não respondeu, não levantou-se, apenas lançou o olhar na direção das cadeiras e os dois jovens se setaram, Brandon estava totalmente sem palavras para aquilo que via diante de seus olhos, Anna olhava fixamente para a mulher, parecia olhar-se no espelho, jurava estar tendo mais uma de suas visões pós falsa morte mas aquilo que vivia era ainda mais real do que todas as outras, ela estava ali, Brandon também estava e aquela mulher, nada fazia sentido, ela queria gritar e sair correndo, seu pensamento foi esse, ela levantaria e sairia daquela Catedral o mais rápido possível, poderia ter dado certo se o padre não estivesse agora entrando na sala e trancando a porta com uma chave.
- Por que trancou a porta?
- Temos que falar com vocês!
- Padre quem é essa e o que querem?
Brandon não sabia esconder o medo, Anna segurava a mão dele forte, era impossível não notar, a ansiedade foi tomando conta dela e Brandon sentia que as mãos da menina estavam congelando, a qualquer momento ela poderia desmaiar. A mulher se levanta lentamente, anda em direção ao padre e sussura algo em seu ouvido, ele em seguida senta-se ao lado onde ela estava, a mulher caminha então até Anna colocando as mãos em seus cabelos, a garota não gosta da atitude e se afasta, a mulher se volta para Brandon e fica o olhando por alguns minutos.
- Você é tão parecido com ela...
- Ela quem?
- Anne...
- Anne é minha mãe! De onde você conhece ela?
A voz da mulher se calou, seus olhos expressaram milhares de sentimentos, estava incrédula, poderia ser apenas uma coincidência de nomes pois ela sabia que Anne estava morta, sua respiração pesa e percebendo isso o padre levanta-se do lugar em que estava na mesa e corre para segurar a mulher que quase cai desmaiada.

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