capítulo 22 final

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- Mãe, tem certeza que vai sair com essa chuva?
- Tenho sim Luke, eu prometi que iria para a casa de Luz assim que tivesse notícias.
- Então você teve notícias?
- Sim, você sabe que morei aqui por anos antes de partir para o Canadá, eu sei me virar mas ruas.
- Por que você sempre muda de assunto e não me conta o que está acontecendo?
- Você vai saber de tudo meu querido, prometo.
- Eu quero saber agora!
- Preciso ir.
- Você não vai sair daqui sem me contar a verdade!
- Fique calmo Luke, tudo que posso dizer é que uns amigos encontraram uma garota parecida com Anna e pediram para ir o mais rápido.
- Eu vou com você!
- Não, você precisa ficar aqui e tomar conta de tudo, me prometa que se algo ruim acontecer você vai voltar para nossa casa no Canadá e vai seguir sua vida sendo forte! Vamos prometa!
- Não posso, você está me escondendo algo!
- É apenas um mal pressentimento. Me prometa que não fará nada precipitado?!
- Tudo bem, eu prometo...
  Juliana deu um beijo de despedida na testa do garoto, pegou as chaves de cima da mesa e seguiu seu caminho pela porta da garragem, algo dentro dela dizia que coisas ruins estavam acontecendo com aqueles que foram sua família, que algo aconteceria com ela. Já na estrada Juliana resolve ligar o rádio para relaxar um pouco, ela sabe que no trajeto percorido nenhuma estação de rádio funciona, pensando nisso resolve investigar o velho porta luvas, la haviam vários CDs e pen drives antigos, com cuidado selecionou um pen drive, mal percebeu que a estrada estava coberta por uma neblina fora do comum e que novamente o tempo ameaçava chover.
" - Não acredito que esse pen drive era da Jake, pior ainda, não acredito que ele sobreviveu todos esses anos aqui"
Uma lembrança tomou conta de Juliana, as reclamações dela e de algumas outras amigas sempre que se juntavam com Jake e Luz para uma festa, as músicas estranhas internacionais que apenas as duas gostavam, logo Juliana se encontou com um sorriso nos olhos e nos lábios as rápidas palavras que saíam no ritmo da música, uma tempestade ainda se armava ao redor dela e a neblina não dava trégua, por mais um minuto Juliana se deixou levar pelas boas lembranças, erro dela, a velocidade com que dirigia nem foi percebida, luzes altas nos faróis do carro, um vulto no meio da estrada, quando ela se deu conta do que acontecia já era tarde demais, faltavam alguns metros para atingir o que quer que fosse aquela figura no meio da estrada, os freios não funcionavam e Juliana se viu desesperada na tentativa de desviar, invadindo a contra mão tudo que conseguiu com a neblina foi bater em uma placa, seu pavor era tão grande que não respondia por seus atos, virando o volante para a rua novamente agiu por impulso e acabou por puxar o freio que mão o que resultou em um rodopio na pista seguido de capotamento.
- alô...
- Alô, quem fala?
- Luke, sua mãe...
- alô, a ligação está horrível, quem está falando?
- Porão, caixa vermelha, você vai entender, seja forte!
- Ser forte, do que você está falando, cade minha mãe?
- Não ha tempo, você vai entender...
- Quem é você e por que esta com o celular de minha mãe?
O telefone fica mudo, Luke grita alô varias vezes tentando uma resposta e só então percebe que já é tarde, ele para diante da escada que leva ao porão, Juliana desde que chegaram ao Brasil evita que Luke va até la em baixo, ele imagina o que de pior o espera, ele abre a porta e olha para baixo, apenas escadas escuras, enquanto acende a velha lanterna ele reflete sobre as palavras proferidas pela mulher do outro lado da linha, "Porão, caixa vermelha, seja forte, você vai entender", quais seriam os motivos de uma ligação destas logo agora, as perguntas fluiam em sua mente, decidido ele desce cada degrau com o coração nas mãos.
Enquanto isso Alexandre está de volta a Catedral, as chamas foram contidas nas Anna ainda estava por perto, ele não demora para se aproximar da garota, Anna é esperta e tenta fugir, ela desconfia que Alexandre seja da Polícia, ele vai se aproximando lentamente com o carro na direção de Anna que para.
- Anna?
- Quem é você? Como sabe meu nome?
-Anna Fernandes, finalmente!
- Meu nome é Anna Léia !
- Perdão, Anna Léia Fernandes, filha de Jake...Jakeline...
- Você sabe meu nome mas esse não é o nome de minha mãe!
- Você ainda não sabe da verdade...típico de sua mãe mentir e manipular...
- Quem é você?
- Anna, não tenha medo, eu sou seu pai...
- Meu pai morreu a muitos anos!
- Em um incêndio em São Paulo...
- Do que você está falando?
- Quer dizer que ela realmente escondeu toda a verdade!
- Por favor do que você está falando?
- Entre Anna, vou te levar a um lugar seguro, a Polícia está aqui perto, la eu te conto toda a verdade, respondo todas as tuas perguntas...
Anna tomada pela curiosidade e pelo medo de ser pega pela Polícia entra no carro, Alexandre mais que depressa dirige sentido a cidade onde toda a história teve início.
-Então, você pode começar me contar a verdade, quem é você e quem é Jake?
- Nós somos teus pais...
- Impossível!
- Sim é possível, seu irmão mesmo é idêntico a mim em minha juventude..
- Como você sabe sobre Luke?
- Anna, minha doce Anna...
- Não doce e nem sou sua !
- herdou o gênio forte da mãe...
- para onde vamos?
- para onde tudo começou...
-Sem joguinhos!
Anna estava furiosa, Alexandre dirigia em alta velocidade fazendo curvas perigosas, ele tirou uma das mãos do volante para ligar o radio mas Anna deu lhe um tapa na mão, seu olhar era frio ficando certo de que ela não queria melodias e sim respostas, Alexandre começa novamente a falar sobre Jake quando o celular de Anna toca, ela ignora da primeira vez.
- Não vai atender?
- Não!
- pode ser importante...
O celular toca novamente, mais uma curva se aproximando, o toque do celular se intensifica, a melodia que o irmão cantava para ela, Alexandre reconhecerá, a mesma que ele cantava para Jake, a canção que ela amava, Anna deixou uma lágrima cair, o número do irmão visível.
- Luke?
- Anna onde você está? A mamãe está morta, ela voltou para o Brasil para procurar por você, todos estão preocupados, Anna por favor volta pra casa!
- Mamãe?
- Anna por favor me escuta!
- Luke você está bem?
- Eu vou atrás da mamãe, Anna ela está morta!
- Como assim?
- Eu recebi uma ligação, uma mulher me falou algumas coisas e eu encontrei um diário, dentro dele uma carta da mamãe dizendo que ela morreria hoje!
- Impossível ela saber que iria morrer, você está querendo apenas que eu volte!
- Não Anna, ela recebeu ameaças a semana toda, na carta ela pedia para que eu lê-se o diário e não a odiasse, ela dizia que se eu estivesse lendo aquela carta ela estaria morta..
Anna perde a voz ao ouvir os prantos e Brandon, Alexandre toma o celular s mão da menina e o desliga, ele para o carro e a manda descer, estão em frente um casarão, aparentemente reconstruído do zero com madeira dando ar de que ele é uma réplica de alguma relíquia antiga de família.
- Foi aqui, nesta casa em que você e seu irmão foram concebidos... vamos entrar?
- Claro.
-Sua mãe escolheu a casa, cada móvel dela, nosso amor era lindo...
- E por que era e não continua sendo?
- Sua mãe perdeu nossa primeira filha, está que se chamaria Ana, depois disso sua mãe passou por momentos difíceis. ..
- E você ?
- Eu estive ao lado dela sempre, até que um dia precisei viajar, terminar a faculdade, trabalho, sua mãe piorou, ela estava ficando louca...
- Louca?
- Ela desenvolveu a depressão e esquizofrenia, via coisas onde não existiam, ela tentou suicídio...
- E mesmo assim você esteve la ?
- Sim filha, até que ela tentou me matar, me acusou de adultério e de ter matado nosso bebê que ainda estava em seu ventre...
- Que horror!
- Sua mãe, seu nome verdadeiro era Jakeline Fernandes, ela perdeu a mãe e o pai nunca a amou, ela passou a ver o pai em mim e então nos separamos...
- Você tem uma foto de minha mãe?
- Você a conheceu na Catedral...
- E por que Juliana fingiu ser nossa mãe todo esse tempo?
- a história é longa, depois da separação sua mãe descobriu outra gravidez, a minha irmã esteve com ela pois sua mãe não aceitava minha presença na casa, em uma noite no entanto ela me ligou convidando para um jantar, ela me contaria que eram dois bebês, um casal e gêmeos, eu fui até la, ela partiu para cima de mim, tentou me matar e subiu ao sótão, depois que sai da casa vi uma sombra tentando se enforcar...
- Como? Impossível!
- Sua mãe armou tudo Anna, quando cheguei no sótão não era ela, a casa foi incendiada por sua mãe que fugiu com Juliana, ela escreveu tudo isso em um diário que enviou ao pai jurando mata-lo como fez comigo mas eu consegui fugir, uma amiga dela, Angela, foi Angela quem me ajudou a fugir!
- Então os dois fugiram, mas o que aconteceu depois?
- Jake fugiu com uma mulher que nunca havia visto, ela partiu com Juliana para o Canadá e la você e seu irmão nasceram, eu soube disso porque acabei por me casar novamente e ir morar no Canadá, meu filho estudou com você Anna, ele se apaixonou por você e foi assim que descobri que você era a minha filha, a filha que Jake tirou de mim...
- Essa mulher é horrível, ela me roubou da felicidade de ter um pai porque ela não teve e ainda me jogou para uma amiga criar!
- Ela estava louca, ela acabaria matando você e Luke, Juliana então a levou para uma clínica e salvou vocês...
- Eu preferia ter morrido!
- Não fale assim Anna! Eu tentei me aproximar mas Juliana não permitia...
-Eu quero que ela morra também, que todos morra!
- Seu pedido é uma ordem...
Alexandre sussura sua última frase enquanto Anna tem uma crise e sai pela casa a procura do sótão, Alexandre a segue com um sorriso irônico mas logo se preocupa ao ouvir o celular da garota voltar a tocar, desta vez era Brandon ligando, ela jogou o celular escada a baixo e parou em frente a um quarto com um berço.
-Espere um pouco, como Jake incendiou a casa se ela esta em perfeito estado?
- Com o tempo eu a reconstrui, tinha a certeza de que ela voltaria para meu amor, amor que ela jamais valorizou, a casa está igualzinha esteve quando ela escolheu cada detalhe...
- Eu posso subir?
- Claro minha filha, o sótão era o lugar preferido de sua mãe...
Ele deixa a menina sozinha, ele sabe que ela não teria coragem para tentar suicídio, todas as mentiras que ele contou surtiram efeito em Anna, odiava a mãe verdadeira, odiava Juliana, tudo corria exatamente como o planejado. Alexandre desceu as escadas e pegou o celular de Anna que ainda tocava.
- Anna, até que enfim! Por favor se um homem se aproximar de você fuja, ele é perigoso!
- Tarde demais Brandon, Anna está comigo...
- Não ouse encontrar a mão nela seu monstro!
- Você não pode fazer nada para impedir...
Alexandre desliga e deixa uma rodada maléfica fluir, ele espalha cuidadosamente gasolina pelas escadas, pelas cortinas e quartos abaixo do sótão, ele foi cuidadoso para que o cheiro não chegasse até Anna, ele só não contava que Brandon teria rastreado a ligação e estava acaminho do local com a polícia. Alexandre subiu uma última vez ao sótão, fez seu papel de pai preocupado com a filha que lhe foi tomada, abraçou forte e deu um beijo na testa de Anna.
- Por favor, me deixe passar a noite aqui, eu não tenho para onde ir.
- Minha filha, você pode passar a eternidade aqui se quiser, está é sua casa, lugar de onde nunca deveria ter saído...

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