Leona encheu sua xícara de forma catatônica e se sentou no banco alto do balcão da cozinha sem saber direito o que estava fazendo, como e porquê. Na noite anterior, ela voltou pra casa em estado letárgico e teve que fazer um esforço enorme para não deixar seu filho perceber o quanto estava arrasada.
Antes de ir para a casa de Fritz, tinha deixado Leo aos cuidados do Bull que tinha feito um ótimo trabalho em distraí-lo. A conversa dela e de Domenico com o menino assim que voltaram de viagem não tinha sido tão fácil.
Leone chorou porque não queria que sua mãe fosse embora e tinha ficado bastante decepcionado com a decisão dela de não morar mais na casa do seu pai. Por isso, ela achou melhor leva-lo com ela para a Toca para que ele se sentisse seguro de que era parte efetiva do mundo da sua mãe e que isso não ia mudar.
Um pouco mais feliz de poder disputar um jogo novo do Xbox com o Bull, fez com que ele não se importasse com sua saída rápida, mas sua visita à casa de Fritz tinha sido devastadora para seus sentidos e não de uma forma positiva.
Enfim, a noite foi longa e penosa. Leona não dormiu e sentia que sua mente entorpecida estava caminhando para ter um colapso. Os últimos meses foram muito barra pesada e quando um problema se resolvia, outra aparecia na sequência. Estava no seu limite.
Moicano entrou tomado de banho, usando blusa regata e calça cargo militar. Ele deu bom dia, se serviu de café e parou de súbito quando olhou pra ela.
-Está tudo bem?
Pela primeira vez, Leona sentiu que não tinha forças o suficiente para sequer responder. O SKULL depositou sua xícara no balcão e olhou de frente pra ela.
-Puta que pariu Leona, o que aconteceu? Está tudo bem com o seu menino?
Desviando os olhos e tomando um gole de café, ela se esforçou para falar, apenas para não deixa-lo preocupado.
-Só estou um pouco... um pouco... exausta.
-Não dormiu bem?
Ela meneou a cabeça negativamente.
-Se quiser, posso fazer um chá, ou algo que possa te ajudar a relaxar. Você volta a dormir e eu cuido do Leoni quando ele acordar. Porque não sobe e...
-Ele terminou comigo... - Diante da confusão expressa no rosto dele, Leona foi mais precisa na curta explicação. - ...O Fritz.
A voz dela estava tão doída e sussurrada que Moicano pareceu sentir sua dor.
-Ah que merda.
Os olhos dela ficaram muito úmidos e Moicano deu a volta no balcão tomando-a nos braços para confortá-la. Aquele gesto de carinho imenso e tão natural a comoveu de uma forma que a fez soluçar em um choro profundo.
Estreitando seu abraço, o SKULL acariciou os cabelos curtos dela tentando deixa-la a vontade para desabafar sua dor.
-Tem sido dias muito difíceis.
Leona se permitiu sofrer, se permitiu colocar pra fora toda sua angústia de dias, toda a tensão de meses e chorou por minutos inteiros até que começou a se acalmar.
Assim que se sentiu melhor, ela limpou as lágrimas, respirou fundo e se desvencilhou do abraço de Moicano.
-Desculpe por isso.
-Não se desculpe. Não tem que ser forte o tempo todo.
-É, eu sei.
Ele segurou o rosto dela entre suas mãos e falou bem sério.
-Presta atenção. Aquele cara se apaixonou pela sua força, pela sua garra, pelo seu jeito duro de levar o trabalho e a vida. Dê algum espaço à ele, mas não muito, apenas o suficiente pra ele colocar a cabeça no lugar e então...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Agentes da BSS - Livro VI - A LEOA
Romance"...A SKULL Leona tinha uma tarefa árdua pela frente, desmembrar as gangues juvenis que a cada dia tomava mais e mais espaço dentro do tráfico de drogas. Lidar com os jovens garotos iniciados na criminalidade não seria fácil, nem rápido, mas el...