Capítulo 27

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Dolores esperou o médico sair e com alguma dificuldade, respirar ainda estava difícil, ela se dirigiu para o banheiro para se lavar. Ela tinha passado pelas checagens de praxe e sido informada que ainda ficaria uns dias no hospital, já que demoraria um pouco para estar recuperada.

O problema era que o doutor tinha dito que no dia seguinte, um policial local viria colher o depoimento dela. Isso queria dizer, que ela tinha que dar o fora dali ainda naquela noite.

Ela tinha dois problemas grandes pra resolver. O primeiro era encontrar uma roupa que pudesse usar, porque as suas estavam um trapo, o que chamaria muita atenção, e obviamente não conseguiria sair dali com o avental hospitalar. A segunda era arrumar um lugar que pudesse ficar até que estivesse boa o suficiente para se mandar para bem longe dali.

De madrugada, Lore caminhou silenciosamente pelos corredores tentando não ser vista. Caminhar estava se revelando um sacrifício horrível, mas ela não tinha outra opção. Abriu uma porta e outra e depois outra até que conseguiu encontrar um jaleco e uma calça verde pendurados em uma sala de raio x. Não era muito seguro se passar por funcionário, mas teria que servir.

Ela se trocou com o máximo de cuidado que conseguiu e tentou achar alguma porta de saída que evitasse a recepção. Ela sabia que devia haver um local para que os funcionários pudessem entrar e sair sem ser pela entrada principal. Aquele hospital não era muito grande e depois de alguns minutos, que devido a sua dor pareceram horas, ela encontrou uma saída pelos fundos.

Dolores esbarrou com alguém que estava tomando um café e fumando, cumprimentou brevemente e distraído o funcionário sequer reparou nela. Assim, as menina andou direto para a rua.

Estava muito frio e Dolores sentiu que não ia conseguir andar nem mais um passo. Ela se recostou na parede tentando não desmaiar. Um senhor, se aproximou.

-Está passando mal senhorita?

-Vou ficar bem. Preciso de um táxi.

-Posso leva-la ao hospital, se preferir.

-Não. Um táxi... preciso de um táxi.

Solidário, o homem parou um táxi e a ajudou a entrar. Dolores deu um endereço pra ele e fechou os olhos porque precisava muito estar consciente quando chegasse ao seu destino.


Fritz estava na cozinha, calça de pijama caindo na pélvis, pés descalços e peito nu. Embora estivesse frio, o sistema de aquecimento da sua casa era top de linha e por isso ele podia ficar a vontade, do jeito que gostava de ficar depois do banho.

Judith estava em cima da mesa esperando seu leite integral, em temperatura ambiente e em grande quantidade. Fritz conversava com ela como se ela pudesse entender todas as suas reclamações.

-E sabe o que ela me falou Judi? Que não podia falar comigo porque estava ajudando a Sue com o jantar.

A gatinha olhou para ele e curvou a cabecinha.

-Se fosse apenas o menino estaria tudo bem... - Ele apontou para si mesmo. - ...sou um cara evoluído, com uma mente aberta e completamente capaz de entender que uma criança necessita de atenção. Mas a porra da situação é que não envolve só o garotinho. Tem a estupidamente compreensiva Sue, e o idiota do Domenico.

Judith miou e bateu a patinha no prato que estava vazio enquanto Fritz segurava a garrafa de leite, gesticulando e falando sem parar.

-E quando essa porcaria de licença acabar e ela tiver que voltar a trabalhar com os SKULLS? Quando é que vamos ter a nossa vida? Ela não está nem pensando nisso, mas eu já vejo a situação lá na frente e não estou gostando nada.

Os Agentes da BSS - Livro VI - A LEOAOnde histórias criam vida. Descubra agora