30| A culpa é tua!

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Estava a fazer uma curva apertada quando senti um forte estrondo e o volante vibrou nas minhas mãos, oscilando para a direita. Algo faz o carro estremecer violentamente. Vi que ia colidir com outro carro da faixa da direita, e durante uma fração de segundo, tive consciência de que se não fizesse nada, ia chocar com o outro carro que se tinha desviado, contudo acabo por embater no tronco sólido e inamovível da árvore da vala do sentido oposto, alguns metros mais à frente.

[Liam]

- Alana? - chamo quando finalmente a encontro. Ela está na cafetaria a conversar com Madison.

Ela levanta rapidamente os olhos para me encarar assim que me aproximo.

- Sim?

- Podemos conversar no meu escritório agora? - peço impaciente.

Ela olha para a rececionista.

- Hm... Agora?

- Agora.

- Está tudo bem?

- Miss Sutton... - começo a perder a paciência e aqui não é o lugar adequado.

Alana levanta-se.

- Está bem. - ela concorda.

Caminhamos em silêncio até ao elevador e mal entramos, o senhor Smith interrompe o silêncio.

- Como vai? - ele questiona. - Ia passar no seu escritório mais tarde. 

- Algum problema?

- Não. Mas precisamos acertar os pormenores sobre a viagem a Washington. - fecho os olhos e inspiro profundamente.

- Não tenho a certeza se irei estar na editora o resto do dia. - preciso de procurar a Victoria, mas não comento isso.

- Já escolheu a pessoa que irá? - olho para a Alana, fazendo-a arquear o sobrolho.

- Talvez. - o elevador chega ao meu piso e dou-me por aliviado quando aquela conversa fiada é dada como terminada.

Eu e a Alana andamos pelo corredor até sermos parados pela minha assistente.

- Beatrice, desmarque todos os meus compromissos da manhã! - ordeno.

- Senhor, tem...

- Não! Apenas desmarque e certifique-se que não serei interrompido na próxima hora.

Ela engole em seco e depois olha para a Alana.

- Uhm, claro. Com certeza, senhor. - ela responde. - Mais alguma coisa?

- Não, é tudo. - volto a caminhar até ao meu escritório e ouço os saltos da Alana atrás de mim.

Fecho a porta atrás de nós. Tenho vontade de gritar com a Alana, mas não o farei, então apenas coloco as mãos dentro dos bolsos das calças e encosto-me na minha mesa.

- Tu consegues ser mesmo arrogante. - ela critica, mas estou-me nas tintas para aquilo que ela diz de mim.

- Nós dois sabemos o porquê de aqui estarmos. - afirmo. Hoje não é um bom dia para me aborrecerem. Preciso de falar com a Victoria, mas ela tem a porcaria do telemóvel desligado.

- Sim, sabemos! - ela grita. - Eu pensei que lhe fosses contar!

- E eu pensei que tu fosses ficar calada. - riposto.

- Onde é que ela está?

O quê?! Eu estava à espera que ela me dissesse onde raio está a Victoria.

- Ouve, ontem ela estava tão feliz que eu não tive coragem de lhe estragar isso e tu vais e fazes porcaria.

- Eu não fiz porcaria! Eu contei-lhe a verdade. - Sutton defende-se.

- Eu ia contar-lhe mais tarde. Quando fosse o momento.

- Não ia haver momento. Quando ela viesse trabalhar hoje, toda a gente ia estar falar do que aconteceu ontem.

- Devias ter-me deixado dizer-lhe. Não sei onde ela está e saiu de casa toda descontrolada.

- A culpa é tua.

Suspiro e bato com um dos punhos em cima da secretária.

- Deixa de atirar a culpa aos outros!

Ela revira o olhar e vira costas, encaminhado-se para a porta.

- Aonde vais?

Ela para, segurando a porta e olha para mim.

- Procurar a minha amiga. - responde e sai sem dizer mais nada.

Pego no meu telemóvel e ligo mais uma vez para a Vicky.

[Narradora]

Um carro da polícia estacionou em frente à casa dos Renner. A polícia bateu à porta e só podia ser uma má notícia.

- Olá, senhora agente. Há algum problema?  - cumprimentou Gilian à jovem agente, abrindo mais a porta. Gily sabia que alguma coisa terrível tinha acontecido.

- Senhora Renner? - perguntou a mulher - polícia, delicadamente.

- Sim. Aconteceu alguma coisa? - perguntou num tom baixo.

- Talvez pudéssemos entrar para uma sala onde se possa sentar. - sugeriu a agente. Gilian sentiu um tremor gelado a subir-lhe à boca e a impregnar cada fibra do seu corpo, invadindo-a de medo.

- Diga-me o que se passou. - Gily tentou evitar que a voz soasse histérica. - Alguma coisa com o meu marido ou algum dos meus filhos?

- Receio bem que sim, Mistress Renner. - ouviu a jovem agente dizer.

Gilian soubera no minuto em que vira os polícias a dirigirem-se para a sua porta que traziam uma má notícia. O coração batia-lhe aceleradamente no peito.

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