32| Refém em casa?

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[Liam]

Mal dormi pensando no regresso da Victoria a casa. Receei que ela quisesse ir para a casa dela ou para a casa dos pais, mas não. Ela escolheu voltar para a minha. Para a nossa casa.

Estou a arrumar o lanche do Daniel na mochila, enquanto ele termina de tomar o pequeno – almoço.

- Dan, despacha-te para não chegares atrasado à escola. – eu digo.

- Por que é que eu não posso ir contigo buscar a Vicky ao hospital? – ele pergunta, pousando a colher dentro da tigela ainda com leite.

- Nós já falámos sobre isso ontem, Daniel.

- Eu sei, mas eu quero ir contigo. Eu tenho saudades dela. – ele choraminga.

- Eu sei, filho, mas não podes faltar. A Vicky vai estar aqui quando tu vieres da escola. – eu tranquilizo-o.

- Não, papá. A mãe disse que me vinha buscar hoje para jantar.

Suspiro.

- Já não vais jantar com a mãe, Daniel. Ela não consegue vir jantar contigo hoje. – eu digo-lhe. Já me começo a fartar desta situação. Não está com o filho quando é suposto, depois combina nos dias que não lhe pertencem e ainda assim consegue faltar ao que combina.

- Eu já estou farto disso, pai. – eu sei, e sinto-me imensamente mal por isso. – Eu não quero mais esta mãe.

- Não podes mudar isso, bebé. – coloco a tigela dele na pia e olho para o relógio.

- Papá. – ele resmunga.

Pego nele ao colo e agarro na mochila dele. Quando o estou a sentar na cadeira no carro, ele deposita um beijo na minha bochecha e então depois diz:

- Eu gosto muito de ti, papá. – o meu coração derrete sempre nestes momentos. Daniel é uma criança muito especial.

- E eu de ti, garotão. – faço-lhe pequenas cocégas e depois fecho a porta do carro.

(...)

Percorro o corredor do quarto da Victoria, carregando uma mala com algumas coisas dela. Mal entro no quarto, não a vejo deitada e entro em pânico. Ela está junto à janela, de pé. Eu sei que ela está um pouco melhor, mas preferia que estivesse a descansar.

Ela perdeu peso e isso não me deixa nada satisfeito, mas os seus cabelos estão mais longos. Ela é linda.

Pouso a mala em cima da cama e caminho até ao meu anjo. Ela vira-se de repente e vejo o seu rosto ainda pálido. Ela ainda tem um ferimento na testa, que tenta esconder, deixando o cabelo solto.

Enlaço as minhas mãos na cintura dela e deposito um beijo na sua bochecha. Ela encosta a cabeça no meu ombro e inspira o meu perfume. Afago com uma das mãos o seu cabelo, e seguro-a com a outra, com medo que ela caia. Ela parece tão fraca ainda. Tudo nela é um "ainda" neste momento. E dói-me vê-la desta forma.

- Cheiras tão bem, Liam. – ela diz. Afasto a cabeça dela do meu ombro e beijo carinhosamente os seus lábios.

- Como te sentes, querida? – pergunto preocupado.

- Quero ir para casa. – ela responde-me.

- Eu sei. – mas a minha preocupação insiste. – Tens dores?

- Não. Agora não. – Victoria sorri. – O que trouxeste para eu vestir? Parece estar frio lá fora. - e está mesmo.

- Jeans e uma blusa bem quente. – pego nela ao colo e sento-a em cima da cama. – Ajuda para te vestires?

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