AS FLORES SÃO MESMO PARA A PRIMAVERA

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Um gosto de batom, um cheiro forte de perfume exalou dentro da sala. Talvez não fosse nada, ou mesmo um tudo a cada minuto girado pelo ponteiro nervoso do relógio pregado na parede.

Dentro de casa, talvez mais seguro e fora de perigo que se imaginava. Não era por nada, mas as flores do jardim de Rosa me incomodavam. Acho que seria o seu perfume tão emergencial, tão forte que me parecia que não me lembraria de outra coisa quando a visse.

Sempre saltitante e de bem com a vida, assim era ela, assim que eu a via sempre do alto da janela. Vestido amarelo, cabelo preso e correndo com a mochila nas costas, a mesma do ano passado, vermelha com laterais em azul bem clarinho. Talvez eu pudesse ter aceitado aquela caneta que ela quis me emprestar no inicio do ano, mas preferi dizer um não bem sonoro em sua cara. Ainda sonho com essa cena, mas deixei isso pra traz, a vida tem seus rumos e certamente em nada mudaria o nosso caminho.

Os laços de fita, eram lindos em seus cabelos, nada parecia com aquilo sempre bem cuidado e escovado. Capricho da Sra. Esmeralda, sua mãe, sempre tão caprichosa e tristonha. Tristonha sim! Porque é isso que vejo nos olhos dela. O bom é que Rosa sempre rir e saltita de cima a baixo pela rua, e eu sempre a assistir as suas idas e vindas o dia inteiro. A não ser nas horas do estudo e das que dedica ao seu jardim.

Eu sempre ali. Tão liberto, mas preso na minha própria vontade. Rosa no seu jardim, sempre dedicada e fantasiosa. Nós... Nós que nada, ela não me olha há tempos.

Agora ela está lá, mexendo no seu jardim...

O cheiro do seu perfume está todo aqui, e eu a assistir com o olhar de novela. Inocente testemunha Dona Esmeralda, que da sua janela me olha e sorri...


Ricardo Lima

Histórias Inocentes

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