OS CRIMES DE VIVER SONHANDO

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          Já passei por muitos caminhos antes. Já derramei muita lágrima por onde passei, mas nunca fui tão irônico ao ponto de me desfazer das coisas que me fizeram feliz. Já fui muito além de onde muitos ainda não foram, me aventurei em águas profundas e mergulhei de cabeça na imensidão do tempo. Já fui até nos confins do horizonte, mas nunca fiz o que eu desejei. Me arrisquei demais sendo o que os outros queriam que eu fosse, e nada pude fazer pra tentar corrigir os meus defeitos.

       Já andei nu pelas ruas do meu quarto, já fui promíscuo ao ponto de profanar meus próprios desejos. Já fui tudo, menos o que eu sempre quis ser. Mesmo quando mergulhei nas profundezas dos oceanos não pude realizar as minhas vontades, não pude fazer o que faltava para realizar os meus desejos. E de tudo que eu já tinha feito, nada pôde satisfazer a mim mesmo. Nada fiz e não me arrependo. Sabe porque? Por que eu sei que mesmo tarde, ainda poderei ser feliz. Ainda eu posso masturbar o meu ego, sem que alguém me condene por crimes que eu ainda não cometi.

       Os meus crimes nada se comparam com o não permitir. Os meus crimes não são tão perfeitos como os de alguém que deixou de viver, e sem querer, hoje vive preso dentro de si tentando se proteger de um passado ou dos pesadelos que os assustam. Meus crimes nada têm haver com crimes que condenam, com crimes que rotulam ou crimes sem perdão.

        Os meus crimes foi viver demais as ilusões que criei. O meu crime foi realizar os sonhos que um dia inventei.

Ricardo Lima

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