Capítulo 01

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Viola


Meu dia começou de forma horrível. Acordei às sete da manhã para pegar minha moto na oficina e ela não estava pronta. Ou seja, teria de me locomover por Manhattan de táxi. O que já era um pesadelo por si só, pois conseguir um táxi no centro da maior metrópole da America era como conseguir achar uma agulha em um palheiro.

Meu primeiro ponto de parada era na floricultura onde eu sempre encomendava as flores para ornamentar os eventos. Eles atrasaram a entrega e minha equipe estava aguardando para começar a ornar o salão do hotel Hilton, onde um jantar de ensaio estava marcado para esta noite.

Há cinco anos decidi largar a faculdade de medicina e abrir um negocio só meu. Claro que meu tio Ryan ficou decepcionado com minha escolha, pois ele era médico e desejava que eu seguisse seu caminho. Meu primo Ryder, que é dono de uma empresa de exportação, me ajudou com o capital e Brooke, a esposa dele, é quem trata da parte burocrática e judicial da minha empresa. Com isso eu ganhei um administrador das minhas finanças e uma advogada para redigir ou analisar os contratos.

A Star Light ainda era uma agência de eventos em expansão e apesar de possuir vários clientes, ainda não tinha conseguido o prestigio que almejava. Precisava de um contrato realmente grande para emplacar de vez.

Eu tinha uma equipe fixa para todos os eventos que organizava, por isso não tinha medo do tamanho e aceitava qualquer projeto que aparecesse. A mídia me apelidou de "Come Come", fazendo conotação ao jogo de videogame e o monstrinho que não deixava nada para trás.

Eu preferia resolver os assuntos de última hora eu mesma. Nunca delegava esse tipo de responsabilidade a outra pessoa. Por essa razão, tinha Kate como assistente e era ela quem sempre ficava no local de acontecimento do evento para coordenar tudo.

Depois de sair da floricultura fui caminhando pela Quinta até a loja onde encomendei o meu vestido para esta noite. Assim que entrei, a mesma garota que me atendeu da outra vez, veio praticamente saltitando em minha direção.

— Bom dia, senhorita Taylor. – a jovem sorriu simpática.

— Bom dia. Vim buscar o vestido que encomendei semana passada. Ele está pronto?

— Sim, senhora. Irei buscá-lo agora mesmo. – e saindo em disparada, a louca desapareceu no fundo da loja me deixando sozinha.

Na semana passada ela tinha sido rude comigo, pois eu não estava em trajes que condiziam com o porte de venda da loja. Tinha acabado de vir de uma corrida matinal quando passei em frente e decidi entrar. Kate fora muito convincente ao afirmara que aquela loja era magnífica e que eu adoraria. O olhar que a garota me dirigiu ao ver meus trajes de aeróbica foi no mínimo hilário, para não dizer ofensivo. Apenas quando ela se deu conta de quem eu era é que as coisas mudaram de figura.

Veja bem, eu nasci em berço de ouro, como a mídia adora aclamar de vez em quando. Meu pai era um musicista famoso e minha mãe a uma maestrina de renome, assim como meu avô, Vincent Taylor. Por essa razão eu tinha um sobrenome e um patrimônio invejável, que logo recusei assim que meu pai faleceu.

Da herança do meu pai, que faleceu vitima de câncer quando eu tinha quinze anos, eu fiquei apenas com um apartamento e minha moto. Deixei o restante para minha mãe, que parecia precisar mais do que eu.

Grace Taylor não era bem um sinônimo de mãe. Ela queria me transformar na nova Barbie de NY e eu recusei. Ela sempre foi soberba e egoísta, não dando a mínima para a vontade dos outros. Quando ela disse "Minha casa, minhas regras mocinha." eu simplesmente dei um pé na bunda dela e fui morar sozinha com meu ex melhor amigo. A única coisa de bom que eu tinha dela e que me trazia algumas vantagens de vez em quando, era o sobrenome.

Serie Destinos - Livro 04 - Quando eu voltar (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora