Capítulo 06

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Mike

Estava a caminho de casa. Eu não dormia cedo, por isso decidi dar uma volta de carro. Segui pela Quinta Avenida contornando o parque. Tinha muito que pensar e tudo o que me vinha à mente era a merda daquele beijo.

Eu não pretendia beijar Viola, mas ela estava ali, parada, ofegante e extremamente sexy com aqueles sapatos, em um vestido justo e eu não consegui pensar direito. Seu espanto me atraiu e por isso não resisti a tentação. Tive que usar todo meu autocontrole para não puxar suas pernas até envolverem minha cintura e eu transar com ela enlouquecidamente ali mesmo.

Parei o carro no sinal e respirei fundo. Tinha que manter o meu controle e não podia ficar agindo como um adolescente cheio de tesão. Franzindo a testa, olhei para a esquerda e me deparei com os portões de Vanderbilt Gate. Estacionando o carro eu desci e fui caminhando até os enormes portões que escondiam um jardim exuberante. Sorrindo, puxei o celular do bolso e liguei para minha assistente.

— Mike, você sabe que horas são? – Karen atendeu com voz de sono. Embora estivesse com uma voz rouca e pouco cansada, sabia que ela não dormiria.

— Encontrei o lugar para realizar o coquete. – respondi. – Preciso que faça contato com os administradores do jardim do conservatório, amanhã bem cedo. Quero saber se eles têm uma data para daqui um mês. Não me importa o dia, desde que seja para daqui um mês.

— Que conservatório?

— O que fica no Central Park atrás dos portões.

— Você está brincando certo?

Ouvi Karen saltar batendo os pés no chão. Sua voz mudou para séria e ela começou a bufar. Já sabia que ela estava andando de um lado para o outro de sua sala. Também não era para menos. O jardim do conservatório era um local muito visitado e raramente estava aberto a um publico específico. Ele era muito usado em eventos, como casamentos, por exemplo. Era quase impossível conseguir uma data. Mas para mim, nada era impossível!

— Não, Karen eu não estou de brincadeiras! – respondi com voz séria. – Desde quando eu brinco?

Eu nunca brincava, principalmente com o meu dinheiro. Dei um duro para conseguir meu prestígio, um nome e o meu patrimônio, que hoje era maior do que o de quando meu pai morreu.

— Nunca. – ela respondeu com uma respiração profunda. – Quem eu devo procurar?

— Assim é bem melhor. – disse, dando a partida no carro e sorri. – Eu não tenho o contato deles, por isso você terá que descobrir quem são os responsáveis e negociar. Preciso que a data esteja estabelecida naquele contrato.

— Quer que eu alugue o castelo da Cinderela também? – ela perguntou ironicamente.

— Karen? Eu sou tão sarcástico quanto você às vezes?

— Bem pior, senhor!

Eu grunhi e respirei profundamente resmungando.

— Eu sou um é no saco então!

Karen soltou uma risada, mas não respondeu.

— Boa noite, Karen!

— Boa noite, senhor Williams!

***

— Bom dia, senhor Michael!

— Bom dia, Paul! – disse sorrindo e coloquei a mão no bolso tirando um papel. – Paul, uma senhorita ruiva está para chegar. O nome dela é Viola Taylor. Será que pode ajudá-la a chegar à minha sala?

— Claro senhor! Sem problemas!

Sorrindo acenei ao passar por ele. A primeira coisa que notei foram alguns funcionários trabalhando na limpeza e os cumprimentei também. A empresa abrirá oficialmente na segunda feira, mas havia pessoas trabalhando com afinco, para deixar tudo em ordem antes disso.

Peguei o primeiro elevador e fui para o andar da diretoria onde apenas Karen, eu e uma recepcionista novata que eu não fazia ideia do nome, trabalhávamos.

— Bom dia, Mike! – eu franzi o cenho quando uma voz melosa falou atrás de mim.

Virei-me para encarar uma morena com olhos e cabelos negros. Ela estava vestida de forma formal e muito elegante com uma saia justa, comprida até os joelhos, mas a camisa social apresentava dois botões abertos formando um suave decote que não condizia com o ambiente. Ela tinha seios e lábios fartos. Em geral, isso serviria para me atrair e se fosse alguns anos atrás, a esta altura eu já a teria possuído em cima da minha mesa. Mas eu já estava cansado daquele tipo de garota fácil que só estava atrás de mim por um motivo: eu era o mais jovem empresário rico do ramo de construções, determinado, destemido e que todas queriam domar.

— Bom dia... – fiz um gesto com a mão de quem tenta se lembrar de algo. – Desculpe, não sei seu nome ainda.

— Kelly, senhor Williams. – Karen veio saindo da sala dela e respondeu pela garota. – Kelly Miller, minha sobrinha. Farei algumas orientações e já o encontrarei em sua sala.

— Obrigado, Karen. – assenti. – Bom dia, senhorita Miller.

Ela piscou para mim de forma atrevida. Eu ri de sua atitude e colocando a mão no bolso entrei na minha sala. Antes de fechar a porta, ainda pude ouvir Karen advertir Kelly.

— Eu já não disse que é para chamá-lo de senhor?

— Ai, tia!

— Quer perder o único emprego decente que consegui para você? – Karen esbravejou. – É senhora Miller!

— Ai, senhora Miller! – Kelly debochou. Karen grunhiu empurrando Kelly para trás do balcão.

— Vê se ajeita essa roupa e volte ao trabalho! – ordenou. –Isso é um sério e não uma boate de stripper.

— Eu sei, mas é que...

Eu me afastei da porta e fui sentar na minha cadeira aos risos. Karen sabia colocar rédeas nos funcionários, mas essa cena foi muito engraçada. Respirando fundo, ela entrou na minha sala.

— Desculpe por aquilo, não vai se repetir.

— Tudo bem, eu confio em você.

Ela se aproximou da mesa com o contrato que assinaríamos hoje. Eu tinha uma reunião com Viola e marquei em um sábado sabendo que ela viria sozinha. Mesmo que não viesse, eu estava preparado para falar com ela a sós.

— Aqui está o contrato que ela nos enviou. Ele já foi preenchido conforme suas orientações. A sala de reuniões já foi preparada.

— E quanto ao pedido de ontem?

— Foi difícil, mas está feito.

— Ótimo! Isso é perfeito! – disse sorrindo. – Espero que não tenham cobrando muito.

Karen balançou a cabeça de um lado para o outro em um gesto reprovador e cruzou os braços. Seu coque estava perfeito para apenas algumas horas de trabalho. Seu tailleur salmão estava impecável e como sempre, sua postura profissional intimidava a qualquer um, menos a mim.

— Não, mas tive que mudar a data para uma semana depois de sua viagem! – ela disse lamentando. – O senhor Rivera ligou e, arcou a dada de entrega das telas que o senhor pediu. Mandou dizer que as imagens são magníficas e que ele nunca vira olhar mais expressivo do que o da criança que foi retratado em uma delas. Perguntou se o senhor concordaria em expor os retratos em um de seus eventos.

Eu sorri com um olhar iluminado. Eu sabia de que retrato ele estava falando.

— Realmente aquele olhar é muito significativo. Entendo o que Laurence quis dizer. – comentei com satisfação. – Deixe que eu fale com ele. Não vejo mal algum expô-los em uma galeria, mas antes devo ir buscá-lo e isso me deu uma ótima ideia.

O interfone tocou e vi que era da portaria. Prontamente atendi para ouvir a voz de Paul anunciando que Viola já chegara e estava a caminho do andar. Ficando de pé eu tirei o paletó, ficando apenas com a camisa de seda verde-musgo que usava junto com a calça de linho.

— Hora do show!

Serie Destinos - Livro 04 - Quando eu voltar (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora