Capítulo 02

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Mike


Fiquei olhando pelo vidro retrovisor do carro a ruiva que entrou muito brava no táxi que vinha atrás. Eu a reconheci no momento em que parei para ver qual dondoca estava dando chilique. Esperava encontrar uma patricinha cheia de bolsas de grife, mas o que vi foi muito melhor.

Não era minha intenção roubar o táxi dela, pelo contrário, eu seria capaz de dividi-lo, mas ainda não era a hora de aparecer na frente de Viola. A menos claro, que eu quisesse levar outra surra ou morrer.

Viola Taylor era deslumbrante e estava ainda mais lindo do que eu poderia me lembrar. Ainda tinha aquele ar de menina inteligente e determinada, capaz de roubar o fôlego de qualquer um. Seus cabelos ruivos cor de fogo, agora estavam um pouco mais curtos, mas ainda contrastavam com sua personalidade forte. Ela estava vestida em vestido de verão que ia até os joelhos e uma sapatilha negra sem saltos.

Será que ela ainda era a mesma garota atrevida ou mudara com o tempo?

Eu não via Viola a sete anos desde que fui para Paris comandar a empresa que meu pai deixou para mim. Nós éramos os melhores amigos desde a infância, até que uma infantilidade, vinda de minha parte, acabou com tudo. Quem poderia imaginar que uma mentirinha inofensiva traria tanta dor de cabeça?

Uma noite cheguei em casa e ouvi meu pai conversando com um amigo que tinha uma empresa do mesmo porte. Ele sonhava em expandir a Ellis e criar uma filial em outro país. A ideia era trazê-la para NY, o que ele conseguiu, mas não por muito tempo. Os dois decidiram unir seu capital e formar uma grande empresa de engenharia, mas para isso eu teria de me casar com a filha do amigo do meu pai.

Veja bem, a garota não era feia, pelo contrário, era lindíssima, mas eu só tinha dezessete anos de idade e um futuro brilhante pela frente. E foi então que eu tive a brilhante ideia de fingir que era gay!

Era para durar poucos meses, até que eu completasse dezoito anos e saísse de casa, mas as coisas saíram do controle e eu mantive essa imagem por tempo demais. A condição de ser gay me tornou muito popular entre as garotas e várias delas davam em cima de mim a fim de mudar minha condição para hetero. Então, como um menino imaturo, deixei prosseguir com aquela historia. O problema é que eu já estava ficando cansado daquilo e não sabia como contar a Viola, que já tinha declarado sua paixão por mim. Eu tinha medo de contar a verdade a ela e perder uma amiga.

Para piorar tudo o que já estava ruim, eu já não aguentava mais de ciúmes ao vê-la cercada por rapazes. Então no dia do seu aniversário de dezoito anos, quando nós sofremos um acidente de carro e ela quase morreu, é que eu tive a certeza de que a amava não como amiga, mas como a linda mulher que ela estava se tornando.

Eu estava decidido a contar a ela a verdade e me declarar de uma vez por todas, mas descobri que Viola estava saindo com um idiota e a parte pior era que ela estava superando o que sentia por mim.

Não pensei em outra coisa que não fosse ir para o bar e encher a cara. Era a noite da véspera da minha viagem para Paris e eu queria que meus sentidos ficassem dormentes á ponte de me dar coragem para abrir o jogo. Só que as coisas saíram do controle e fui parar em um beco, atrás do bar quase trepando com duas garotas. Viola passou e viu a cena. Não foi preciso muito para que ela entendesse que eu a tinha feito de boba e mentido para ela.

Tudo o que me lembro daquela noite, foi de ter levado uma tremenda surra e ter ido parar no hospital para levar alguns pontos. Viola tinha sido presa por agressão e pedi a Ryan que fosse tirá-la da prisão. Era o mínimo que eu poderia ter feito, depois de todo aquele papelão que começou na minha adolescência e mantive até meus vinte e dois anos de idade.

Serie Destinos - Livro 04 - Quando eu voltar (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora