"Sarah!", a chamei quando entrei na cabana. Já estava mais quente por conta da lareira que, provavelmente, a Sarah acendeu.
"No banheiro!", ouvi a voz dela abafada.
Escondi o tabuleiro embaixo da cama junto com o ponteiro, antes que a Sarah saísse e desse um ataque.
"Trouxe uma coisinha pra te animar."
"O que é?", ela perguntou saindo do banheiro. Mostrei o DVD pra ela. "O que é isso?"
"Um DVD."
"Sem capa, sem nada?"
"É, ué, qual o problema?"
"Josh! Você nem sabe o que é isso!"
"A gente bota no DVD e vê, então", liguei a TV e o aparelho.
"Você não vai colocar isso!"
"Já tô colocando!", e fechei o DVD.
"Joshua!"
"O que foi? O máximo que pode acontecer é um monte de imagens bizarras surgirem na tela e a Samara ligar pra gente, dizendo: sete dias!", sussurrei, imitando a voz da Samara.
"Eu não quero ver!", ela tapou o rosto com as mãos.
Revirei os olhos e me sentei no chão.
"Ai, meu Deus, Sarah!!!", gritei assustado.
"O quê?", ela perguntou aflita, com as mãos ainda cobrindo os olhos.
"Um pornô", falei normalmente.
Sarah espiou por dentre os dedos, suspirando aliviada.
"Essas coisas não existem!"
"Você pensa assim, não eu! Sabe que eu acredito e muito nessas coisas!"
"Talvez eu te faça mudar de ideia...", respondi pensando no tabuleiro.
"Como?"
"Depois te conto, não quero estragar o clima de novo", me levantei, indo até a minha mochila. "Pelo contrário", e puxei uma sacola de papel.
"O que é isso?"
"Algo que vai te ajudar a se soltar", peguei a garrafa e a abri.
"Hum... Vinho, é?", ela tomou a garrafa da minha mão, analisando-a e dando um gole em seguida. "Um vinho muito bom, por sinal!"
"E que pega rápido também", peguei novamente a garrafa, dando um longo gole.
"Engraçadinho...", Sarah riu. "Acho que agora o meu frio passa", ela me beijou.
"Com certeza!", respondi devolvendo o beijo com mais intensidade. "Você vai ver, gata; vou te esquentar rapidinho!"
"Não tão rápido, querido! Senão não tem graça."
"Hilário, Sarah! Hilário..."
*
Estávamos deitados um ao lado do outro na cama, as respirações ainda aceleradas e os corpos suados.
"Foi bom pra você?", ela me perguntou.
"Foi maravilhoso, como sempre!", ela sorriu com ternura, me deu um beijo e deitou a cabeça no meu peito. Passei o braço ao redor dela.
Ficamos ali naquela posição por um bom tempo. Por algum motivo me lembrei do tabuleiro Ouija. Ainda estava debaixo da cama.
"Sarah?"
"Sim?"
"Eu quero te falar uma coisa, mas tem que prometer que não vai pirar!"
Ela levantou a cabeça e ficou me olhando assustada. Então respirou fundo, deu uma risada sarcástica e disse:
"Não acredito que esperou até o nosso aniversário pra me dizer tem algo pra contar. Quem é?"
"Quem é o quê?", perguntei confuso.
"A garota, Joshua! Eu quero saber quem é!"
"Não, não é nada disso", eu ri.
"O que é, então?"
Eu não respondi, só me estiquei e peguei o tabuleiro que estava debaixo na cama. Sarah na mesma hora deu um pulo e se levantou assustada.
"Tira essa coisa daqui, Josh!", ela me jogou minhas roupas, e pegou as dela, se vestindo. "Você vai lá fora agora e colocar esse tabuleiro exatamente onde você achou!"
"Mas Sarah...", eu coloquei minhas roupas. "É só um jogo!"
"Não, não é! Eu não vou brincar com isso!"
"Essas coisas não existem! Quer ver só? Eu vou te mostrar!", coloquei o ponteiro no tabuleiro e pus dois dedos em cima dele.
"Para com isso, Josh!", ela gritava. "A gente encheu a cara e acabou de transar, vai atrair coisas ruins!"
"Tem algum espírito aqui?", eu a ignorei.
"Ai, meu Deus!"
O ponteiro não deslizou nem um centímetro.
"Viu só?", eu disse a ela. "Não existe nada", no mesmo momento o ponteiro correu pro "sim".
"Tá vendo?", ela estava aflita. "Eu avisei pra não brincar com essa coisa."
O quarto seguiu por um silêncio interminável.
"O que você é?", perguntei sério.
"Para, Joshua!"
O ponteiro novamente se moveu.
"H-O", eu lia as letras. "M-E-M. Um homem, okay."
"Josh, é sério!", eu via as lágrimas subirem em seus olhos.
"Qual o seu nome?", o ponteiro se moveu. "J-O-S-E-P-H. Tudo bem, Joseph. E o que você quer?", o ponteiro andou. "S-E-X-O. Nossa, acho que o Joseph tá excitado! O que você acha de um ménage, Sarah?", eu gargalhei.
"Seu babaca!", ela gritou pra mim. "Quer me matar de susto?", ela secava as lágrimas.
"O que foi? Eu te provei que não existem essas coisas! Viu só? Não precisa ter medo, não é mesmo Joseph?", empurrei o ponteiro até o "não". "Até o Joseph concorda."
"Você é escroto, Josh!", ela disse com raiva. "Eu odeio você!", ela virou as costas, seguindo para o banheiro.
"Volta aqui, Sarah!", ela se virou de frente pra mim e cruzou os braços. "Se você for embora sem dizer "adeus" o Joseph vai ficar zangado, não é Joseph?", o ponteiro se moveu até o "sim".
Me levantei num salto.
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Ouija
HorrorTodos sabem as consequências de brincar com o outro mundo, não é mesmo? Porém alguns desafiam os espíritos, deixam a curiosidade falar mais alto, se conectam com os mesmos e abrem portas que dificilmente são fechadas, quando são fechadas. Josh e Sar...