Capítulo V

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"Acho uma péssima ideia."

Ela ficou boquiaberta, como se estivesse chocada.

"Qual é, Josh!", a voz dela mudou completamente, mas era uma voz muito familiar, pelo menos para mim. "A Sarah nunca vai descobrir!"

QUATRO MESES ANTES

"Aí, Josh!", Ethan se aproximou, se apoiando no meu ombro.

Era aniversário do meu melhor amigo e ele estava dando uma festa onde praticamente todos estavam completamente bêbados, tirando eu, que insistia em permanecer sóbrio, caso o Ethan precisasse mais tarde e ele precisaria. A Sarah não ia com a cara do Ethan, dizia que ele era má influência por ser muito galinha, então ela não foi comigo.

"O que foi?", perguntei dando um gole no meu refrigerante.

"À minha esquerda. Lá atrás. Cabelos loiros, alta, muito gostosa e encostada na parede", olhei na direção que ele falara e avistei uma menina de blusa rosa, conversando com as amigas.

"O que tem?"

"Uma amiga minha da faculdade. Megan. Tá louquinha pra dar uns pegas em você!"

"Não vai rolar!"

"Por quê?", ele perguntou incrédulo.

"Porque eu tô com a Sarah, Ethan! E a gente faz aniversário daqui a quatro meses."

"Qual é, Josh!", ele deu um soco de leve no meu ombro. "A Sarah nunca vai descobrir!"

"Não mesmo, porque não vai acontecer!"

"Mas ela é linda!"

"Podia ser a Natalie Portman. Eu não vou trair a minha namorada!"

"Mas Josh...!"

"Ethan, não!", gritei irritado.

Ele revirou os olhos.

"Você é tão novo pra essas coisas... Não sabe o que tá perdendo!", ele disse. "Mas tudo bem, não vou insistir!"

HOJE

"Eu não tenho medo de você..."

Ela gargalhou como se tivesse ouvido a melhor piada do século.

"É claro que não!", ela debochou. "Porque você é cético, Joshua!", ela falava num tom demoníaco. "Cético, cético, cético, cético...", Sarah repetia a palavra com cada vez mais força e raiva. "Cético, cético, cético...", ela ia aumentando a velocidade com que falava. "Cético, cético, cético, cético..."

"Para!"

"Cético, cético, cético, cético..."

A voz dela começou a se alterar, me deixando com mais medo ainda. Foi então que comecei a sentir uma dor na parte de cima das costas. Ela queimava. Coloquei a mão por debaixo da camisa, em cima do local onde sentira dor, e quando a olhei meus dedos estavam sujos de sangue. Corri até o banheiro, tirei a camisa e virei de costas para o espelho. Feridas se abriam no lugar aonde doía, e era possível ler a palavra "cético", marcado na minha pele. Botei a camisa e voltei para perto de Sarah, tentando ignorar aquilo, mas era quase impossível, ainda mais com a ardência que eu sentia da ferida aberta.

"Eu sei que você tá aí em algum lugar, Sarah", falei a ela.

"Ah, é?!", ela debochou de novo, dessa vez com a voz normal. "Interessante, Josh!"

"Vai ficar tudo bem!", então me lembrei que minha mãe sempre dizia que quando algo ruim acontecesse, eu orasse. "Pai Nosso que estais no Céu...", Sarah começou a rir. "Santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade...", prossegui com a oração e Sarah a acompanhava comigo, com ar debochado. "E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal..."

"Amém!", ela disse séria com a voz mais sinistra de todas.

"O que você quer?"

Ela se aproximou de mim sorrindo, encostando a boca no meu ouvido e sussurrando com uma voz sexy:

"Você, Joshua."

Minha respiração acelerou e eu comecei a suar.

"Vou tentar buscar ajuda! Não sai daí, Sarah!"

"Tá bom!", ela respondeu num tom mais doce.

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