Capítulo VII

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Acordei num pulo, assustado e suando.

"O que foi, querido?", Sarah perguntou, afagando minhas costas.

"Nada, eu só... ainda tô receoso por causa do tabuleiro Ouija. Eu devia ter te ouvido, a gente não devia ter jogado", Sarah riu. "Qual a graça?"

"Ou você ainda tá muito chapado de ontem ou seu pesadelo foi extremamente ruim!"

"O quê?", perguntei incrédulo.

"Josh... Não tem nenhum tabuleiro Ouija! Você enlouqueceu?", ela ainda ria.

"Sarah... Eu sei que aconteceu. Foi real demais!"

"Amor, foi um sonho!"

"Eu vou te provar!"

"Josh..."

Me levantei da cama e caminhei até a lareira.

"Eu joguei o tabuleiro aqui ontem, ainda deve estar...", porém não havia absolutamente nada. "Mas...?"

"Josh, quer parar?", Sarah se levantou estressada e vestiu as roupas. "Foi um sonho!"

"Não foi! Você tem que lembrar!", gritei irritado. "A gente jogou ontem, depois de fazer amor!"

"Joshua...", ela segurou meus ombros. "Nós fizemos amor ontem e dormimos logo em seguida."

"Não..."

"Foi sim, meu bem!"

Então me lembrei de alguém.

"O homem da recepção..."

"Quem?"

"O homem da recepção!", peguei minhas roupas e as vesti. "Ele me deu água benta pra jogar em você quando ficou possuída."

"Eu fiquei possuída?!", ela perguntou sarcástica.

"É! Eu vou te mostrar!", e puxei ela pelo braço até chegarmos a recepção.

Quando abri a porta, uma mulher estava atrás do balcão, lendo uma revista de moda.

"Oi, bom dia!", eu a cumprimentei. "Tinha um homem aqui, um senhor já de idade, cuidando da recepção ontem à noite. Sabe me dizer onde ele está?"

A moça riu, achando aquilo engraçado.

"Josh, para com isso!", Sarah falava entre os dentes, irritada.

"Senhor...", a mulher começou. "Sou eu quem trabalha aqui! E fui eu quem o atendeu ontem à noite."

"O quê?"

Eu não acredito que aquilo estava acontecendo. Fechei os olhos pensando na noite anterior, me concentrando, e acabei lembrando que quando cheguei lá com a Sarah aquela mulher havia me atendido. Foi ela quem me entregou as chaves e me desejou uma ótima estadia, super atenciosa. Foi ela quem sugeriu que a Sarah acendesse a lareira por conta do frio. Foi ela quem me mostrou onde os DVDs com filmes adultos ficavam, dizendo que caso eu precisasse de qualquer outra coisa, ela estaria lá à disposição.

"Josh, vamos! Temos que voltar pra casa", Sarah ficava cada vez mais estressada com toda aquela história.

"Não é possível!", corri até a estante de DVDs, tirando todos eles do lugar e os arremessando no chão.

O tabuleiro tinha que estar ali!

"Joshua, para!", Sarah gritou comigo, me segurando pelo braço. "Tá me fazendo passar vergonha!", ela sussurrou.

Sarah foi me puxando, seguindo para fora da recepção.

"Me desculpa!", ela dizia pra mulher da recepção. "Ele teve um pesadelo e ainda tá assustado!"

"Tudo bem!", ela respondeu com os olhos arregalados pra mim.

Um sonho? Então tudo não passou de um sonho?

*

Quando chegamos no quarto, começamos a arrumar nossas coisas para ir embora. Sarah não trocava um olhar comigo, devia estar pensando que fiquei louco.

"Me desculpa!", eu disse a ela. "Foi tão real, eu achei que..."

"Tudo bem!", ela me deu um sorriso doce. "Você está cansado", ela acariciou meu rosto. "Troca de roupa, vamos pra minha casa e você descansa, okay?"

"Okay!", e sorri pra ela, dando-lhe um beijo.

Por um lado aquilo era bom. Nada daquilo acontecera de verdade, Sarah estava bem e eu não tinha com o que me preocupar. Sorri aliviado, ainda não acreditando na bagunça que eu fizera na recepção por causa de um sonho. Espero que aquilo não me traga prejuízo mais tarde.

Peguei minhas roupas na mochila e tirei a blusa pra trocá-la.

"Nossa...", Sarah disse se aproximando de mim. "Três anos te namorando e eu não tinha reparado que tem cicatrizes nas costas."

"Eu não tenho cicatrizes nas costas", ri.

"Claro que tem! Quer ver só?", ela me puxou até o banheiro, me virando de costas para o espelho. Meu corpo gelou e meu coração ficou disparado. Qualquer sinal de alívio ou felicidade que havia em meu rosto desapareceu por completo. "Você nunca deve ter notado justamente por elas ficarem nas costas; é difícil de ver", eu não respondi, estava assustado demais pra falar qualquer coisa. "Que marcas engraçadas", Sarah riu, mordendo de leve meu ombro. "Se você olhar bem parece até que elas formam a palavra..."

"Cético", completei sussurrando. Se a Sarah percebeu o terror na minha voz, ignorou. Aquilo não tinha significado nenhum pra ela. "Cético."

*******

Bom, galera, é isso! Muito obrigada, caso tenha lido até aqui! Espero que tenham gostado da história! Não esqueçam de votar, isso ajuda bastante, acreditem, e não custa nada, vai...! :)

XOXO

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