Os Esquecidos Da Madrugada

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     Lua cinza,madrugadas eternas,um colchão frente ao mercado Medo,sujeita,fome e vazio. As paredes azul marinho é oque dizem ser a cor da casa de Deus,um Deus da paz.
     Pelas esquinas estão aqueles cujo o coração estão  inflamados,doentes e esquecidos pelo resto do mundo, com suas almas: estragadas,esmagadas,enfraquecidas e entulhadas. Sempre olhamos para a situação deles,mas não queremos que eles fiquem por perto.
     Vivem perambulando por ai nas avenidas da cidade,me pergunto se são compradores de afeto? Me pergunto se suas histórias realmente são verdades?
     Os olhares condenão suas vestes,seus modos e seus cheiros,são tratados como porcos sem ao menos ter chiqueiro.
     Um dia em Bragança Paulista( Brasil), eu caminhava perto do lago do Taboão,era umas 15:35,havia pouco movimento,olhei algumas orquídeas nos matos, a casa do papai noel, passei pela feira de artesanato. Era um dia comum,mas algo me chamou a atenção, ao lado de uma lanchonete, um mendigo, enrolado em pequeno e velho cobertor,estava com o corpo sujo, usava uma camiseta branca( que  nem parecia ser tão branco assim), shortes azul e descalço. Estava conversando com o dono da lanchonete, parei de caminhar, sentei enquanto o observava:
  -Como estão os negócios hoje senhor? (Disse o mendingo)
  -estão indo bem, melhor impossível! (respondeu o dono da lanchonete)-  e continuou:
  - e você meu amigo? Como tem passado?
  -bem, você sabe como é o "mundão" né?
  -sei sim. (Respondeu o dono da lanchonete)
     Nesse exato momento um casal de jovens, parou, olhou e entrou na lanchonete
( alguns minutos de silêncio)
  -fome? (Perguntou o dono da lanchonete quebrando o gelo)
  -sim... - disse o mendigo humildemente.
  -Sabia!  -e continuou- é só para isso que vocês servem mesmo né? Encher o estômago e sair andando.
  O mendigo abaixa a cabeça com vergonha, o dono da lanchonete irritado, entra no trailer, sai, e arremessa um resto de lanche no chão rapidamente. O mendigo não se importa, pega o lanche, olha para o céu agradecendo a Deus e depois come, como se fosse a última vez, mas na verdade era.
      Depois de 5 dias, fui informado pelo jornal, que aquele mesmo mendigo sofreu um grande acidente, foi atropelado por um ônibus, fico me perguntando se alguém sentiu saudade? Se alguém sentiu remorso? Se ele conseguiu deixar sua marca no mundo?.
     Mais uma estrela foi ao céu, uma estrela feia, fedida, e mal vista, sempre com fome, querendo se alimentar  daquilo que mais almejamos e não temos: a compaixão.


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