Capítulo 06° - Imaginando Ilusões

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BOA LEITURA!!!

"Borboletas nascem como larvas, sentindo o mundo do chão, sabendo que um dia poderá voar e criar assas

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"Borboletas nascem como larvas, sentindo o mundo do chão, sabendo que um dia poderá voar e criar assas. Não existem borboletas sem assas, pra tudo na vida existe tempo. Existe mudanças e metamorfoses!"

- Aylana de Mattos

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Julho, 1964.

Querido Bob.

Nosso pequeno Arthur faz hoje quatro anos, e percebi que a cada dia que ele cresce se parece mais com você. Quando estou ocupada e o ouço me chamar, é de você que a voz dele me lembra. Vejo nos pequenos olhos dele o mesmo brilho que você tem. O sorriso, o jeito de mover a cabeça quando me faz uma pergunta, é a mesma afeição quando está pensando. Cada gesto, movimento tem um pouco do pai. Como pode parecer mais com você do que comigo? Eu o carreguei durante noves meses e é você quem ele mais aparenta.

Arthur ficou mais entusiasmado do que estou acostumada ver, como queria que ele ficasse assim, que nunca crescesse.

As borboletas fêmeas têm certa facilidade para desapegar seus filhotes, pois, se deixar de lado a parte bela, graciosa e metafórica elas não passaram de simples insetos que iniciam e terminam o ciclo de vida: nascem, voam, acasalam e morrem. Terminam e reiniciam. É isso que ciclo de vida quer dizer: continuação. As borboletas só estão continuando com a espécie. É a verdade nuca e crua, não tem sentimentalismo. As fêmeas depositam os ovos nas plantas trepadeiras e deixam lá para que possam se desenvolver sozinhos. Um dia, no futuro tais filhotes passarão pela metamorfose e serão eles quem deixará pre-larvas em plantas para viverem sozinhos.

Podemos dizer que os humanos também têm ciclo de vida, nascemos, procriamos e morremos, mas diferente das borboletas não abandonamos nossos filhos, permanecemos presente na vida deles e fazemos nosso melhor, criando, educando, protegendo e vivendo com e por eles. As borboletas têm apenas semanas, nos temos décadas para realizar tudo na vida, dado a isso eu acredito que não podemos culpá-las.

No entanto, me pergunto: como iria ser se os humanos deixassem sua cria para crescer e se desenvolver sozinhos? Sem os pais para explicar o que podem e não podem, sem ninguém para instruí-los. Seria um desastre. É de nosso feitio ser autodestrutivos, se podemos destruir, iremos.

Eu não tenho coragem, pois, toda criança deve ter seus pais ao lado, participando pelo menos até a metade do seu ciclo de vida dele. [...]

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Paro de ler assim que minha garganta se aperta, dificultando minha voz sair. Ler a carta dela falando o tempo todo como pais devem cuidar de seus filhos me deixa afundar no vazio que cresce dentro de mim. Sinto-me no fundo do fundo desse poço, sozinha e com todas as minhas feridas abertas, sangrando e nem a trava de segurança dentro de minha cabeça pode evitar a dor.

Água para Borboletas (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora