Carrossel de emoções

26 6 0
                                    

__ Não se preocupe, iremos à biblioteca esta noite e revisaremos toda a unidade sobre astronomia – afirmou Chris, na hora do almoço na segunda-feira depois de eu ter passado quinze minutos dizendo-lhe o quanto estava nervosa por causa da prova de física do dia seguinte – Pego você às sete. Estávamos sentados frente a frente no gramado da escola, com os olhos semicerrados devido ao sol forte do Arizona, partilhando uma garrafa de Snapple e um saquinho de Cheetos.

__ Não sei – disse eu devagar. Sabia que seria ma idéia vê-lo principalmente naquela noite. Mesmo que fosse na biblioteca

__ Que é isso, Ana ! Prometo que estudaremos muito - garantiu Chris – Você pode estudar num compartimento separado, se quiser nem vai perceber que estou lá, a não ser que tenha alguma pergunta física que queira fazer. Comecei a rir ao ver-lhe a expressão séria e suplicante.

__ Por favor – insistiu ele – Não é como passar uma noite inteira sem ver seu rosto. Meu coração começou a bater mais forte. Como poderia dizer não se aquelas eram as palavras que eu queria e sonhava ouvi-lo dizer?

__ Só você realmente prometer que me deixa estudar e prometer que me leva para casa cedo para que possamos para ter uma boa noite de sono antes da competição de natação – disse eu, apontando para ele o dedo todo sujo de Cheetos, que por causa disso estava cor de laranja.

__ Prometo - concordou ele, feliz.

– De verdade - Depois agarrou-me na grama, deixando-me paralisada com um longo beijo. Poderia haver professores. O treinador August e a equipe inteira de natação poderiam estar lá nos olhando boquiabertos. O diretor poderia olhar pela janela de sua sala e se perguntar o que, afinal de contas, acontecera com a responsável e pragmática Ana Wyse. Mas aquele beijo estava tão bom que nem me importei.

__ Primeiro vou ler toda a matéria sobre astronomia do começo ao fim – disse-lhe, enquanto nos dirigíamos em grande velocidade para a biblioteca publica no Saab de sua mãe – Depois vou fazer o...

__ Uau ! – Exclamou Chris, olhando para um conjunto de luzes brilhando a distância. Percebi, então, que ele não estava prestando atenção em mim.

__ O que ? .

De repente Chris virou para a pista da esquerda com uma expressão de grande excitação no rosto.

__ O que ? – perguntei outra vez – Aonde estamos indo?

__ Ana, isto vai ser muito legal.

__ O que vai ser tão legal ? – insisti. Chris virou a esquerda e saiu em grande velocidade, tomando uma direção que, com certeza, não nos levaria a biblioteca.

__ Um desvio rápido – disse-me Chris, observando as placas de sinalização. – Prometo que não vai demorar e vai levar a pena.

__ O que pode ser tão importante a ponto de me fazer ir mal na prova física ? – murmurei, mas Chris estava tão absorto na direção que acho que não me ouviu.

__ Vamos lá, Ana ! Fiquei atenta – exclamou Chris, colocando o carro num estacionamento escuro. Ela praticamente saltou do carro, deu a volta correndo, abriu a porta e pegou em minha mão para me ajudar a descer. Depois conduziu-me para o outro lado do estacionamento e descemos por um caminho empoeirado.

__ Agora feche os olhos – ordenou ele.

__ O que ?

__ Vamos feche-os!

__ Chris, o que você esta fazendo ? – perguntei, fechando-os logo depois, vencida pela curiosidade. Ela conduziu-me com os olhos vendados por cerca de dezoito metros e parou, podia ouvir uns sons estranhos ao longe.

__ Agora – disse ele, com uma voz excitada – pode abri-los. E eu o fiz. Levei um segundo para conseguir localizar uma confusão total de luzes coloridas ao pé da montanha. Era um parque de diversões grande e resplandecente, com um carrossel,uma roda-gigante, musica, jogos e pessoas gritando.

__ Uau ! – exclamei, sentindo um clima de alegria no ar. Como tínhamos nos aproximado dela por trás, não havia carros, ônibus e placas de transito nos atrapalhando. Tínhamos toda aquela vista mágica só para nós.

__ Não é maravilhosa ? – perguntou Chris. Ele agarrou minha mão e saímos correndo montanha abaixo em direção as luzes. Enquanto isso, em algum lugar no meu subconsciente, uma voz que se assemelhava muito a da minha mãe dizia-me quão despreparada eu estava para a prova de física. É uma péssima idéia, dizia aquela voz. Mas aquelas luzes, a musica e a excitação que sentia com a mão de Chris agarrada a minha era envolventes demais para resistir. Começamos pelo carrossel, montando um cavalo juntos.

Depois compramos grandes algodões-doces azuis e passamos horas atirando uma bola de beisebol numa pirâmide de latas, com a esperança de ganhar um enorme urso roxo. Quando chegamos à roda-gigante, estávamos completamente tontos de tanto açúcar, de dar risadas e da agitação. Porém, à medida que a rodagigante nos levava para o alto, meu corpo começou a relaxar em contato com o de Chris. Ele abraçou minha cintura com delicadeza e puxou-me para mais perto dele enquanto subíamos, subíamos e subíamos.

Dei um suspiro de alegria quando vi as luzes de Phoenix espalhadas aos nossos pés; o ar ficou parado e o som da musica diminuiu. Ao chegar ao alto, a roda-gigante parou e nossa cestinha balançou de u lado para o outro. Senti um frio na barriga de olhar para baixo daquela altura, mas ao mesmo tempo me sentia segura. Chris segurou-me em seus braços e beijou-me com tanto carinho que o mundo parou, a musica parou e todos os meus pensamentos pararam, exceto um: que eu queria que aquele momento durasse para sempre.

Meu primeiro namoradoOnde histórias criam vida. Descubra agora