Gryffindor, Slytherin and Hufflepuff

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Dan's POV:
Tyler e eu estávamos a caminho da biblioteca enquanto conversávamos. A noite já havia caído e eram poucos os alunos no corredor, minha voz se amplificava no silêncio.
- Essas crianças do clubinho de elite do professor Slughorn - eu dizia indignado - se acham melhores que todos. Favoritos do professor, é isso que são... - Tyler me interrompeu com uma voz calma que parecia estar achando graça da situação.
- Você não precisa fingir pra mim - ele me olhou, arrumando seu cachecol vermelho e amarelo para impedir que o frio lhe atingisse a garganta, - eu sei que você gostaria de fazer parte do clube, só está com inveja. - seu rosto estava quase vermelho por tentar segurar o riso.
- Não estou - neguei virando para frente na tentativa de evitar seu olhar.
- Claro que não - ele riu irônico fazendo o mesmo.
Naquele momento dois meninos nas vestes amarelas da Lufa-Lufa apareceram correndo no nosso campo de visão, o mais baixo, que tinha cachos quase arrumados, comentou algo sobre estarem atrasados por culpa do outro, que olhou para o lado pretendendo responder, mas no instante que tomou ar para constituir a fala, trombou com Tyler e eu, quase nos levando ao chão. Olhei para trás a tempo de ver o rapaz mais alto tentando manter o equilíbrio, esse me olhou arrumando o cabelo desajeitado com uma expressão de confusão e culpa.
- Só podia ser,- caçoei - Phil Lester, o desastre ambulante. - por algum motivo o menino riu da própria desgraça.
- Temos que ir - o garoto com o cabelos enrolado puxou Phil pela manga e esse quase caiu novamente enquanto pedia desculpa desajeitadamente e corria para longe.
Ajeitei minha capa sobre o ombro. Lester, pensei com desprezo enquanto me lembrava da primeira vez que o vi no primeiro ano. Estávamos no trem a caminho de Hogwarts, eu dividia minha cabine com Tyler, a porta e janela estavam abertas e nós conversávamos sobre a última viagem de nossas famílias para Bélgica quando uma coruja marrom entrou voando desastradamente e enfiou sua finas e longas garras no meu rosto, empurrei-a para longe com meus dois braços e abri os olhos a tempo de vê-la chocar contra a parede e voar desajeitada janela a fora. Olhei para a porta e lá estava Phil Lester, um garoto relativamente alto com cabelos escuros e olhos azuis, sua expressão era culpada e assustada quando perguntou se estava tudo bem. "Uma coruja atacou minha cara, claro que não esta tudo bem", não me lembro das exatas palavras que usei, mas deve ter sido algo assim. Ele se desculpou dizendo que era novo "com essa coisa de coruja" enquanto mexia no cabelo, depois ajeitou suas roupas trouxas e foi embora hesitante. Depois daquele dia desejei que Phil Lester nunca mais cruzasse o meu caminho com seus atos atrapalhados e, ainda assim, ali estávamos, eu e Tyler com nossos braço dolorido, pois o menino-desastre da Lufa-Lufa nos deu um empurrão.

Tyler e eu sentamos nas primeiras cadeiras que achamos disponíveis e abrimos nossos cadernos de poções para começamos a estudar.

Phil's POV:

Se, em algum dia da minha vida, eu havia achado Troye Sivan um garoto adorável, bom, eu tinha errado feio. Durante o caminho inteiro para o tal jantar organizado para o clube do professor Slughorn, Troye não parou de praguejar. Eu jamais vira o rapaz tão aborrecido.
A verdade era que ele sempre chegava no horário. Sempre. Era a pessoa mais pontual que eu conhecia. Já eu... Toda vez dava um jeito de atrasar, nem que fosse por apenas alguns minutos. Meu foco durava pouco demais e, mesmo estando havia anos em Hogwarts, eu vivia perdendo o rumo entre os diversos corredores e as complexas escadas.
- Eu vou me atrasar para o primeiro evento! Entre todos em que poderia fazer isso, por que justamente o primeiro?! - o mais baixo corria enquanto me apressava.
Mordi o lábio inferior. Finalmente estar no clube do Slug parecia quase um sonho para Troye e eu estava estava o estragando. Droga. Peguei seu braço e dobrei o ritmo, quase arrastando meu amigo pelo local.

Ao enfim chegamos, suspirei aliviado, dando meu melhor sorriso de vitória. Troye deixava o cansaço evidente, mas não escondia o brilho nos olhos.
Todos os olhares caíram sobre nós, sussurros indiscretos preencheram a sala e criticavam nosso atraso e as vestes da escola, pois todos estavam com roupas bruxas quase formais.
Tomamos nossos lugares e tentamos ignorar os comentários enquanto começávamos a comer, logo o assunto voltou ao que, imagino, tenha sido o falado antes da nossa chegada. Grande parte dos alunos eram da Sonserina e Corvinal, havia alguns grifinórios e apenas eu e Troye da Lufa-Lufa.
A conversa rapidamente chegou a um assunto polêmico e desconfortável, os sonserinos começaram a falar sobre sangues ruins, eles diziam que esses não eram dignos de aprender magia. Não sabia se tinham conhecimento que eu era nascido trouxa, ou se eram apenas imbecis e gostavam ofender aqueles que não eram de linhagem totalmente bruxa, mas me senti extremamente incomodado. Porém isso não durou muito, pois professor Slughorn rapidamente os repreendeu e pediu respeito, tirando cinco pontos de cada um deles, que não acharam nada bom e ficaram me fuzilando com o olhar pelo resto da noite. Sim, definitivamente sabiam que eu não era nascido bruxo. Aquilo realmente me incomodava, será que por ter uma família diferente significa não ter direito de receber a mesma educação e respeito que os outros? Eu sabia que não, mas eles não sabiam e foi disso a culpa do que veio acontecer após o jantar.

Troye não esperou por mim para voltar ao salão comunal, o que me fez seguir sozinho pelas passagens escuros a caminho do corredor perto da cozinha. Não estava muito longe da biblioteca quando senti algo me atingir nas costas e me arremessar contra a parede. Tentei alcançar minha varinha enquanto me levantava, mas deve ter se perdido em meio as minhas vestes amarelas. Ouvi um feitiço sendo conjurado alguns metros distantes e logo em seguida um flash de luz me atingiu me derrubando novamente, rapidamente tudo tornou-se luz, raios e mais raios me atingiam, me faziam quicar no chão e eu apenas conseguia enxergar vestes verdes balançando varinhas em minha direção.
De repente os movimentos tornaram-se mais lentos com uma grande explosão azul e um garoto alto irrompeu do meio dos outros alunos. Esse também usava vestes verdes, agarrou-me pelo colarinho, tentei me manter em pé, mas estava fraco, portanto apenas apoiei meu peso sobre o sonserino e apaguei.

Algumas horas haviam se passado de acordo com Dan Howell. Sim, Dan Howell fora o garoto que salvara dos outro de sua casa, me levara até a enfermaria e lá passara algumas horas esperando que eu acordasse, mas porque?
- Finalmente - disse Dan quando abri os olhos - achei que ia ficar apagado a noite toda.
Pisquei algumas vezes tentando me situar do que acontecia ao meu redor. O sol ainda não tinha subido e frio noturno ainda anestesiava as pontas dos meus dedos.
- O que te deu para enfrentar um bando de alunos da Sonserina? - acusou o rapaz moreno olhando nos meus olhos.
- Eu não os... Eu só estava... - perdido, totalmente perdido, era isso que eu estava.
Não me lembrava muito bem do que acontecera. Lembrava-me de estar indo para o dormitório sozinho quando fui repentinamente atingido por um feitiço e de nada mais, a não ser Dan me levando a enfermaria.
- Por que você me ajudou? Por que se importa? - tentei evitar responder a pergunta dele.
Para responder tal pergunta, teria que me lembrar e, portanto, pensar, o que me causava sérias dores de cabeça naquele momento. Howell pensou por alguns instantes antes de responder e deu de ombros.
- Não é só porque não quero que cruze meu caminho com suas trapalhadas que vou deixar que aquele bando de malucos te enfeiticem até que vire um inseto pequenino e facilmente pisável - um silêncio seguiu o curto diálogo. - Bom, fico feliz que esteja bem, vou voltar para o meu dormitório.
Ele se levantou e foi caminhando em direção à grande porta do outro lado do quatro.
- Eu não disse que estava bem. - sussurrei para mim mesmo.
Virei de costas para a porta, cobri-me até os ombros e dormi, talvez um pouco de descanso me ajude a lembrar do ocorrido.

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