Capítulo 8 - Théo

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Deixo Lara na porta do jornal atordoado. Saio dirigindo sem rumo. Não consigo raciocinar direito e a única coisa que se passa em minha mente são as palavras de Henry. O destino estava me cobrando meus erros do passado.

Em apenas duas semanas eu me sinto sem chão novamente. Se Audrey estava aqui à mando dos Valência eu sei que corro perigo. Não só eu, mas todos os meus amigos próximos, meus pais e agora Lara também, depois de todo aquele teatrinho na minha sala, não duvido que ela seja um dos maiores alvos.

Começo a praguejar quando vejo a burrada em que me meti. De repente as peças se encaixam perfeitamente em minha cabeça. Toda a insistência de Audrey para ficarmos juntos, o plano para que eu a pegasse com o filha da puta do Wayne no apartamento. Era tudo exatamente da mesma forma que aconteceu no Peru. Com ela. Todos os meus erros, tudo sendo jogado em minha cara. O pior é saber que esse é apenas o começo.

Vou pagar caro por ter sido tão ambicioso. Tudo por um prêmio, uma carreira que eu abandonei. A culpa me atinge e é como se eu estivesse mergulhado nela. De repente, é como se eu estivesse realmente arrependido de tudo, agora sou capaz de ver exatamente o estrago que causei. Principalmente a ela.

Perdido em meus pensamentos vejo que acabei dirigindo para o último lugar que eu viria.

Estaciono meu carro e vou em direção  à pequena floricultura. Meu coração está apertado, faz alguns meses desde a última vez que eu estive aqui. Entro e compro um pequeno buquê de margaridas, eram as preferidas de Sophie.

Caminho até achar seu túmulo e deposito as flores sobre ele. Observo a lápide:

Sophie Soarez, amada filha.

Me sento ao lado da lápide e é como se pudesse vê-la em minha frente. Seus cabelos loiros com largos cachos nas pontas, sempre presos em um rabo de cavalo. Seus olhos azuis brilhantes e seu sorriso radiante. Sem que eu perceba as palavras saem como enxurrada da minha boca:

- Oi Sô. Sei que faz tempo que não venho aqui. Mas você sabe como isso é difícil para mim. Eu devia ter te protegido, era para você estar aqui, tudo seria muito mais fácil se você ainda estivesse comigo. Sinto a sua falta de uma forma que nunca achei que sentiria. - sinto algumas lágrimas rolarem por meu rosto, mas não as impeço. - Ainda sonho com você todas as noites, sonho com seu sorriso e como era bom te ter nos meus braços. Muitas coisas vão acontecer agora e eu sei que vou pagar por tudo o que eu fiz. Mas se não for te pedir muito, olhe por mim, continue me cuidando como você sempre fez. Eu te amo, minha princesa.

Continuo ali por alguns minutos apenas deixando as lágrimas descerem. Logo vejo algumas ligações perdidas de Edgard no meu celular. Sei que tenho que voltar, mas não consigo. Apenas desligo o aparelho e volto para meu carro.

Dirijo por um bom tempo até me ver parado em frente à academia de Henry. Tenho que conversar com alguém que já saiba de tudo. Alguém que saiba o que fazer.

Entro na academia e sigo direto até a sala da diretoria. Bato levemente na porta e a abro. Vejo Henry sentado em sua mesa, assim que me vê guarda os papéis que estavam em suas mãos. Faz sinal para que eu me sente e assim eu faço.

Logo começo a descrever as coisas que Lara me disse e posso ver um sorriso crescer no rosto do meu amigo. Digo sobre minha visita à Sophia, vejo seus olhos perderem um pouco do brilho. Ele a considerava como uma irmãzinha. Ela conquistou a todos no pouco tempo em que conviveu conosco. Digo também sobre as suspeitas que eu tenho em relação à Audrey.

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