Capítulo 10 - Théo (REPOSTAGEM)

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Me distancio da mesa apressadamente e atendo o telefone. A boate está lotada, o barulho exige que eu procure outro lugar para conseguir entender o homem do outro lado da linha. Sigo por um corredor e entro pela primeira porta que vejo, estou em um escritório bem mobiliado e finalmente consigo distinguir as palavras.

- Senhor Murlok, está me ouvindo? - o homem no telefone pergunta.

- Estou sim, quem está falando?

- Ora, para que essa pressa toda? Logo você vai saber quem sou eu. Agora eu preciso que você saia dessa boate e me encontre em...

- O que faz você pensar que eu iria te obedecer? Nem te conheço. - interrompo com pouca paciência.

- Theodore, você me desaponta. Estou usando toda a minha boa educação e você me trata dessa forma. Achei que a dona Júlia tivesse lhe dado melhor educação.

Meu coração dispara ao ouvir o nome da minha mãe.

- Estou ouvindo. - me limito a dizer, sentindo a raiva crescendo dentro de mim.

- Achei interessante sua escolha de acompanhante essa noite Theodore.
Aposto que esses lábios são tão deliciosos quanto parecem, talvez eu tenha a oportunidade de comprovar isso por mim mesmo.

- Não envolva a Lara nisso, diga logo o que você quer de mim. - digo furioso tentando controlar minha raiva.

- Lara... Então essa é a famosa Lara. Um passarinho de cabelos loiros me contou que você tinha outra mulher para aquecer sua cama a noite. Só não imaginava que iria levar sua aprendiz para cama, quanta falta de profissionalismo.

Audrey. Ela tinha que estar envolvida de alguma forma nessa história sem pé nem cabeça.

- Falando sobre profissionalismo Theodore, -ele continuou seu discurso - admiro muito seu trabalho no jornal, apesar de achar que você está desperdiçando seu verdadeiro potencial, sua coluna de viagens é ótima. Inclusive acabei de voltar de uma viagem pela América Latina. Eu morei muitos anos naquela região, mais especificamente no Peru. Passei alguns meses tentando achar alguém, mas todas as pistas que eu tinha se mostraram ser um beco sem saída. Até que eu encontrei uma fonte confiável. Levou algum tempo para encontrar o que eu procurava, mas encontrei um verdadeiro tesouro na Argentina.

Meu coração para de bater por um minuto. Não pode ser. Ninguém sabe disso. Nem mesmo Henry.

- Você teve um trabalho hercúleo para esconder isso de todos, mas eu sou o melhor Theodore. Você não pode esconder nada de mim.

De repente a raiva que eu sentia desaparece. Deixando espaço apenas para o desespero.

- Ela continua a mesma, os mesmos cabelos loiros cacheados, os mesmos olhos amendoados quase grandes demais para aquele rosto delicado. O mesmo cheiro refrescante de hortelã.

Elise. Ele a encontrou. Não consigo respirar.

- Como eu devo chamá-la Theodore? Carla Rodriguez? Esse nome fajuto que você arrumou para ela. Que tal Elise Valência? Se bem que ela deixou de ser uma Valência faz tempo. Acho que a melhor opção é chamá-la de Sra. Elise Murlok, não é mesmo?

Como ele sabe essas coisas? Depois de tantos anos e de tudo que eu fiz para protegê-la, esse desgraçado coloca tudo em risco novamente. Minha cabeça está girando sem parar e meu peito parece estar sendo esmagado. Eu tenho que salvar Elise.

- O que você quer? - pergunto num sussurro.

Ouço sua gargalhada no outro lado da linha. Esse filho da puta está se divertindo com minha situação.

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