Depois de alguns minutos, ficar nessa mesa sem fazer nada é incômodo demais. Estou aterrorizada por o que pode ter acontecido ao Bruno. Agora eu estou no meio disso tudo, posso acabar virando um alvo também. Não sei se eu estou disposta a enfrentar esse tipo de perigo por pessoas que eu nem conheço. São ótimas pessoas, em outras condições os ajudaria sem pensar duas vezes, mas eu tenho que pensar nos riscos que isso oferece para mim também. Sem contar é claro com o perigo que minha família pode correr por conta disso.
Preciso tomar um ar, Alice e Henry se levantaram e eu não consigo ver para onde foram. Talvez tenham ido atrás do Théo para saber o porquê de tanta demora. Faço meu caminho pela pista de dança, vou para a entrada da boate e logo estou sentindo a brisa fresca da noite atingindo minha pele fervente.
É uma sensação quase agradável, posso sentir meus pensamentos clareando um pouco e começo a encontrar meu equilíbrio outra vez. Pensar em Bruno depois de tanto tempo não foi da forma como eu esperava. Imaginar que ele possa estar correndo perigo me causa estranhas sensações e agora eu nao faço ideia de como lidar com elas.
O que eu sei com certeza é que preciso desviar meus pensamentos para outra coisa. Eu sei exatamente o que preciso fazer para me acalmar agora. Avisto um bar a um quarteirão daqui, parece ainda estar aberto. Resolvo seguir para lá, ao invés de voltar para o mar de corpos atrás de mim.
Atravesso a rua quase deserta e mal iluminada. Um arrepio percorre minha espinha de cima a baixo. Aquela estranha sensação de que alguém está te observando não deixa meu corpo e eu só quero um maço de cigarros.
Abro a porta e o clássico sininho acima dela toca, o bar está praticamente vazio, salvo por alguns homens perto da mesa de sinuca e um casal no balcão. Me sento em uma banqueta e o barman vem me atender. Peço um uísque duplo sem gelo e um maço de Dunhill, ele me serve e logo acendo um cigarro, dou um longo trago e sinto a fumaça enchendo meus pulmões. Droga. Lá se vão 8 meses sem fumar para o saco.
Bruno não deixa minha mente nem por um segundo e a sensação estranha em meu peito apenas aumenta. Peço outra dose e começo a me lembrar de nosso curto e tempestuoso relacionamento. As imagens de nós dois inundam minha mente e outra dose desce por minha garganta. Me lembro de seu toque em meu corpo, lembro das carícias e de sua voz em meu ouvido. Uma outra dose chega e com ela a lembrança de seus braços ao meu redor e seus beijos ardentes que me tiravam o fôlego. Uma última dose e eu me lembro como eu me sentia quando estava com ele.
O nó em meu peito se intensifica e saudade me inunda. Pela primeira vez durante muito tempo, me deixo chorar. Meu telefone vibra e no visor aparece a foto de Jane. Tento me recompor ao máximo antes de atender o telefone.
- Diz Jane.
- Credo Lara, que mau humor, parece até que estou atrapalhando sua foda. Não estou atrapalhando sua foda né amiga? - ela pergunta ficando séria de repente.
- Não Jane, estou sentada num bar, tomando um uísque barato e fumando enquanto penso no motivo de receber sua ligação a essa hora da madrugada. - pergunto enquanto brinco com meu copo.
- Fumando de novo? Eu sei o que você precisa amiga. Está precisando de um homem bem gostoso entre as suas pernas te fazendo gritar.
- Jane, pela primeira vez na vida você tem razão em alguma coisa. - digo sorrindo.
- Eu sei amiga, mas por falar em homem gostoso. Você sabe que meu irmão está passando um tempo comigo lá em casa né?
- Sim, você estava me deixando louca durante semanas antes de ele se mudar.
- Então, acontece que eu não posso levar um homem gostoso que está dirigindo meu carro agora lá pro meu ap, por motivos óbvios de irmão ciumento.
- Não vou te emprestar meu apartamento para foder, nem pensar. - digo cortando ela.
- Não é por isso que estou te ligando. Estamos indo para a casa dele. O problema é que eu disse ao meu irmão que ia estar na sua casa a noite toda.
- E?
- E ele vai ir bater na sua porta em 30 minutos para confirmar. Você tem que fazer ele acreditar que eu estou tomando banho ou alguma coisa assim.
- Jane, você não tem mais 16 anos. Não precisa ficar fazendo esse tipo de coisa amiga. Aliás, precisa parar de me envolver nas suas loucuras.
- Eu sei, eu sei, tenho que tomar o controle da minha vida e todas essas baboseiras que você fala. Mas hoje não dá tempo. Pode por favor fazer isso por mim?
- Tá bom Jane, mas sério, isso é uma puta criancice.
- Eu sei, você é a melhor, amanhã de manhã te levo um café para compensar.
Ela desliga antes que eu possa responder. Aproveito a deixa e me levanto. Deixo o dinheiro sobre o balcão e vou embora.
Assim que saio pelo porta, sinto uma mão em meu braço me segurando. Está escuro, não consigo enxergar muito bem, mas parece ser uma mulher. Ela se aproxima de mim e posso notar seus olhos cor de mel. E eu já sei quem é.
-Audrey. - digo firme.
- Olha só, a putinha sabe meu nome. Vou ser breve aqui, não quero que você fique perto do Theodore. Se afaste dele e do Henry, ou eu juro para você, seus pais vão pagar o preço da sua desobediência.
Ela solta meu braço e sai andando. Cansada demais para discutir, apenas pego meu telefone e chamo um táxi. Fumo mais um cigarro enquanto o motorista não chega e fico pensando nas últimas 24 horas.
Theodore desapareceu, deve ter enfrentado alguns problemas também. E eu, por mais que tente não consigo tirar Bruno da minha cabeça, quero saber o que aconteceu com ele.
O táxi chega e logo estou em minha casa, dessa vez vou no elevador assassino mesmo. Chego em meu andar, abro minha porta e nenhum sinal de Kristen por aqui. Vou para o meu quarto, tiro o vestido e coloco uma camisola. Alguém bate em minha porta, deve ser o irmão de Jane.
Abro a porta e o vejo, ele é moreno, seus olhos azuis profundos me encaram, um sorriso sacana brota em seu rosto.
- Por acaso minha irmã está aí? Eu estou sem a chave de casa.
- Aah, você só precisa da chave?
- Sim, eu liguei para ela e ela me disse que estaria aqui.
Olho bem para seu rosto, ele seria uma boa distração dos meus problemas. Como Jane disse, eu preciso de uma boa foda essa noite. Acho que ele vai ter que dar para o gasto já que Theodore me deixou na mão.
- Bom, na verdade, ela não está. Mas pode ficar a vontade. - digo abrindo a porta e oferecendo passagem a ele. - Você pode esperar por ela aqui.
Ele me olha de cima abaixo, demorando na transparência na região abdominal da minha camisola. Abre um sorriso de lado que me faz muitas promessas. Ele entra devagar e eu fecho a porta atrás de mim mantendo sempre contato visual.
-Obrigado vizinha, meu nome é Alex.
Eu me aproximo devagar dele e coloco minhas mãos em seu peitoral.
- Disponha vizinho, meu nome é Lara, mas essa noite, eu sou quem você quiser.
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Sedutora
عشوائيLara Muniz acabou de se formar em jornalismo e após várias tentativas frustradas ela finalmente consegue uma entrevista em um dos melhores jornais da cidade, o Planeta Diário. Sempre foi conhecida por ser muito decidida e forte. Pudor é uma palavra...